O dia 2 de junho, por grande boa parte de minha vida, foi um dia muito especial: representava alegria, paixão, felicidade, cumplicidade e amor, muito amor. De uns tempos para cá, há uma mistura de tudo isso com tristeza, incompreensão, reflexão e um vazio impreenchível e desafiador.
A vida, quando se vive mais de cinqüenta anos, ela nos reserva muito disso. E temos que saber lidar com essas coisas. Com essas faltas. Com essas ausências.
Os filhos, os netos, principalmente estes, não os vejo sem procurar imaginar o que a avó já teria mudado e estaria mudando na rotina de cada um deles. Certamente que ela já teria elegido todos eles os seus preferidos e isso sem deixar qualquer diferença para o querer que já tinha dos filhos e da família.
Pois essa oportunidade nem eu, nem os filhos, tanto os biológicos como os adotados pelo imenso coração que tinha, poderão sentir e é isso que fico a imaginar, a projetar em uma tela que não registra qualquer imagem comum, apenas as imagens dos sonhos e da imaginação.
Tenho plena convicção que ela está atenta a tudo, vendo tudo e orientando tudo, sem interferir, mas, orientando, protegendo. Foi sempre assim quando tinha as ocupações daqui desse mundo, porque não vai ser assim agora?
A falta que ela faz não dá para dimensionar.
Sabe por que?
Porque se eu tentar explicar, não vou conseguir. Não vou convencer ninguém. É uma tarefa impossível. Incrivelmente impossível!
Também sei que a mesma falta faz para seu pai, para as suas irmãs, para suas tias, tios, sobrinhos e amigos. Ela conseguia ser o ponto de equilíbrio da família, uma família grande, da qual conseguia extrair tanta confiança que, quando tinha um motivo ou criava uma oportunidade, todos estavam juntos para, sob a sua coordenação, participarem e resolverem os pontos que representavam melhoria para todos.
A força espiritual era tão poderosa que, mesmo sabendo que tinha poucas chances de continuar com a sua presença, procurava motivar a todos e minimizar as suas dificuldades, dando a impressão que poderia controlar mesmo aquele momento.
A Josi estaria completando hoje 50 anos.
Seria uma festa e tanto, certamente!
Sem chances de estar conosco como nos acostumamos a ver, ela está, certamente, nos nossos corações, sendo a referência para a grande luta da vida, o grande esforço para viver que todos nós fazemos a cada dia.
Os seus exemplos invadirão nossas consciências e renovarão nossas forças para continuarmos agüentando o peso imenso da saudade, sustentado no contrapeso da felicidade que nos proporcionou.
Parabéns, se não pelos 50 anos que jamais completará, mas pelo amor que nos dedicou!