sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O PROBLEMA DA ENERGIA NO AMAPÁ

O episódio do racionamento no fornecimento de energia elétrica para os consumidores do Estado do Amapá escancarou uma questão que estava sendo, insistentemente, “jogado para debaixo do tapete” – o problema da energia elétrica no Amapá.

Historicamente é um assunto que vem sendo “resolvido” na emoção ou na pressão.
Na emoção, quando um gestou influente convence à uma autoridade da República a atender casos pontuais e que são motivados por clamor, pedido, rogo ou apelo. Foi assim com as primeiras usinas térmicas instaladas em Macapá e em algumas localidades do interior. Também foi assim com os motores russos que chegaram como solução e, depois se constituíram em um grande problema.
Na pressão, quando a população avança sobre as lideranças gerenciais do Amapá, desde os tempos de território e mesmo depois da transformação em Estado. Foi assim com as unidades termoelétricas que vieram de Camaçari, com a construção da terceira turbina da Usina Hidrelétrica Coaracy Nunes, no Paredão.
Os números que se referem à capacidade instalada no Estado do Amapá são utilizados conforme a conveniência da geradora responsável, a Eletronorte: quando convém afirmar o número “A”, lá está ele nas informações; quando é conveniente informar o número “B”, também aparece justificado “tecnicamente” nas planilhas.
A distância entre os números “A” e “B” é do tamanho da conveniência política da informação, principalmente quando se está no período das campanhas eleitorais e que há como tirar, da forma que melhor aprouver, vantagem da informação.
Essa manipulação acaba dando duas informações diferentes para os planejadores e os formadores de opinião que, conforme àquela conveniência, mostram um cenário favorável ou não, deixando para os técnicos a dificuldade para encontrar qual a proposta que deva representar os interesses reais do Estado e não apenas a vontade daquele disputante de cargo eletivo durante as campanhas eleitorais.
Não faz tempo que os eleitores amapaenses elegeram um senador, que veio do Paraná juntamente com uma empresa de construção que ainda trabalha no Amapá, com o codinome de “senador energético”. Naquela época, Henrique Almeida dizia que tinha resolvido “para sempre” o problema de energia no Amapá. Era, certamente, uma mentira descarada, mas que foi propagada aos quatro cantos, por importantes figuras locais, que quase vira verdade e ele ganha mais um mandato.
Depois vários “montaram” na decisão da construção da terceira turbina do Paredão, na aquisição de máquinas para o Parque Gerador de energia em Santana, na proposta de alimentação do Linhão da UH de Tucurui, do aproveitamento do potencial hidráulico da Cachoeira de Santo Antônio, nos projetos das Pequenas Usinas, aproveitando o potencial de pequenos rios pelo interior do Estado, projetos importantes e alguns muito mal conduzidos e servindo, apenas, como catalisador de votos nas urnas durante as eleições.
Voltamos à “estaca zero” depois de dez anos, com os prejuízos reproduzidos em escala exponencial, insuportável para a economia local e para os projetos de desenvolvimento do Amapá, declarando que o modelo precisa ser modificado, sob pena de o Estado continuar patinando e vivendo, periodicamente, os mesmos problemas, as mesmas dificuldades.
Definir uma nova estratégia é absolutamente necessário sob pena de contribuir para a continuação das incertezas com a certeza de que o avanço é impossível.