Mais uma vez
estão o sindicato dos professores e o governo do Estado esticando um cabo de
guerra sem fim. E entre eles, ou ao redor deles, estão os pais de alunos e os
alunos, os prejudicados dessa falta de capacidade para o entendimento que
demonstram as duas partes.
Há mais de dois
anos os dois grupos se engalfinham e durante todo esse tempo, dão a impressão
que pouco se importam com o que estão pensando os pais de alunos e os próprios
alunos.
Até mesmo o
professor, quando se coloca na condição de pai, descobre que estão sendo
severamente castigados por uma lide sem contorno, que desperta alguns
apoiadores que, ou não compreendem o que está acontecendo ou são defensores do
caos e, em regra, se alinham com a tese do quanto pior melhor.
Como se não
bastasse a repercussão dos baixos índices de desempenho que são apurados para o
Amapá nas provas de avaliação nacional, ordenadas pelo Ministério da Educação,
quando se reconhece a medida das dificuldades por quais passa o ensino público
local, ainda se convive com a possibilidade de ver essa situação piorar.
Não pode ser
apenas teimosia dos dois lados.
Não pode ser
desconhecimento do mal que, governo e sindicato, estão fazendo com as crianças
e os jovens que confiam na rede pública de ensino. Não dá para entender a falta
de consideração, dos dois lados, com os pais dos alunos, que estão vendo os
seus planos de férias sucumbirem sob a arrogância de um e a impertinência de
outro.
Percebe-se que
as faces dos litigantes estão se enrugando devido o cansaço a que estão
chegando, tratando de um assunto de extrema relevância, mas que foi
transformado em régua de avaliação de força e de prepotência.
Se a equipe que
comanda a educação no Amapá aposta no cansaço dos professores certamente não
está respeitando os principais prejudicados e que, certamente, não são os
professores; se aposta na possibilidade de pulverizar os sindicalizados e
retirar a força do sindicato, pode ser um estratégia que não leve a qualquer bom
resultado, mas que carrega a garantia de problemas permanentes com a categoria.
Os conflitos não
são resolvidos com decisões mal tomadas.
A história está
cheia de erros, é certo, mas não tem uma conquista sequer registrada na
história que não tenha sido pelos acertos e pelos entendimentos.
A entrada dos
deputados estaduais no cenário da disputa, da forma com aconteceu na
sexta-feira passada, foi desastrosa.
Poderia ter sido
obtido o mesmo resultado com a simples mudança de rumo para as negociações.
Naquele dia os
deputados estaduais perderam a oportunidade de exercitar o seu principal
fundamento – o debate. Por mais que seja possível uma votação instantânea,
jamais essa possibilidade poderia ter sido exercitada no ambiente de uma
disputa que precisa acabar.
Foi mesmo que
tentar apagar fogo com gasolina.
Agora os ânimos
estão exaltados, o raciocínio de um lado e do outro, está diminuído pela falta
de espaço onde se precisa de uma grande área de manobra.
Um erro que pode
valer mais que os acertos até agora alcançados.
Mesmo assim,
basta querer consertar o que foi feito errado, começando tudo de novo,
remendando o que foi rasgado e encontrado uma forma de levar para lugar público
a mesa de negociação para que as crianças e os adolescentes não fiquem com o
resultado ruim de uma ação impensada e desastrosa feita pelos adultos em quem
tanto a sociedade daqui confiou.
Os professores
ainda são os agentes que podem iniciar a recuperação de tudo o que já foi
perdido até agora. O começo dessa recuperação está fora do alcance da equipe de
governo e dos deputados estaduais.