INFERNO ASTRAL
Rodolfo Juarez
As dificuldades que o amapaense está
passando no momento é um reflexo de tudo o que aconteceu na política
desenvolvida pelo Governo Central.
O dinheiro público distribuído para as
camadas mais pobres da sociedade, certamente é uma das formas para distribuir a
renda, até a mesmo a maneira de acompanhar prevista, apresentava perfeitas
condições a partir da viabilidade teórica. O que faltou foi fazer esse
acompanhamento.
As instituições públicas responsáveis
pelo cadastro das pessoas selecionadas para ter garantido um parte do bolo,
acabaram sendo ineficientes para acompanhar a execução do projeto que, aqui e
acolá, apresentou água e os fiscais não tinham como evitar que o barco
adernasse perigosamente.
Para evitar que o barco virasse de vez o
acompanhamento passou a ser feito com prejuízos às partes mais frágeis,
exatamente aquelas que estavam mais precisando de reforço e muitas foram as
injustiças cometidas.
Enquanto isso as obrigações assumidas pelos
selecionados acabaram não sendo respeitadas e, para evitar um mal maior, com a
desculpa de serem tomadas medidas “exemplares” funcionou a máxima de que “por
um pagam todos”.
E lá se foi uma das vertentes principais
do programa: o resgate dos alunos que estão fora da sala de aula, muito embora
em idade escolar.
A proposta do programa exigia que o
beneficiado adotasse todas as medidas necessárias para que os membros da
família, em idade escolar, pelo menos, que não estivesse matriculado
regularmente para cursa o ensino infantil, médio ou fundamental seria de quem
aderisse ao programa. A missão de fazer isso caberia aos beneficiados
financeiramente do programa Bolsa Família.
Mas que nada! Para boa parte dos que
passaram a receber a “bolsa” houve o imediato ingresso na parcela para compra
dos produtos de sobrevivência, inclusive daqueles que estavam fora da escola e
que, por isso, acabaram permanecendo do lado de fora.
Mudar a estratégia de acompanhamento no
meio do caminho foi a fórmula encontrada.
A cada mês e a cada ano aumentava a
procura pelo programa, o que atraia mais força política para sustentar o
programa, além e ser transformar em um motivo para confiar nos ganhos
eleitorais, depois dos testes feitos nas eleições realizadas em 2010 e 2012.
As críticas passaram a ser absorvidas
pela possibilidade que o Governo apresentava a cada pesquisa de avaliação
governamental. Foram tantas e com números tão favoráveis que emudeceu até a
oposição que, sem saber o que fazer, não fazia nem o que podia.
O tempo passou, as vantagens foram sendo
ampliadas, primeiro para os empréstimos bancários, depois para os negócios com
veículos e, mais tarde, com os produtos da linha branca e, de resto, até o
tomate, quando quis apresentar as suas “armas” também foi enfrentando com a
mídia.
Como não havia um plano para medir os
impactos, nem dos esfregões na parede por parte do plano e muito menos, nas
condições de conter os incentivos dados, os resultados acabaram implicando em
aumento da inflação, queda no PIB, desvalorização do Dólar Americano, entre
outras ocorrências desfavoráveis.
O Governo Federal passou a ser mal
avaliado. A presidenta da República viu os problemas com sua popularidade serem
aumentados e isso se estendeu por vários Estados da Federação, principalmente
aqueles que não perceberam que estavam experimentando um mundo irreal, virtual
e muito perigoso.
E ainda vieram das ruas, as
manifestações que passaram a desafiar a competência dos gestores públicos e,
alguns deles, estão enfrentando, até agora, o que chamam de “inferno astral”.