Rodolfo Juarez
As
manifestações de solidariedade que foram protagonizadas pela população
amapaense, principalmente a mais pobre, foram destacadas por algumas pessoas,
admiradas com a forma como respondiam ao chamado para atender àqueles que
haviam sido vítimas do incêndio no bairro Igarapé das Mulheres na semana que
passou.
O povo
do Amapá é assim: solidário, companheiro, responsável e justo. Todas as vezes
que um fato ou uma ocorrência é registrado, esses sentimentos afloram de forma
espontânea e na dimensão que precisa atuar.
São
manifestações que contagiam a todos.
O que
não pode é utilizarem desses atributos da população para esconder as falhas que
são cometidas seguidamente e que se essas falhas gerenciais não houvesse
provavelmente fatos como o incêndio da quarta-feira não teria acontecido.
É
difícil fazer entender aqueles que acostumados a não valorizar os riscos, a não
antecipar-se aos fatos, a não reconhecer o valor da prevenção, da importância
das gestões terem metas claras e afinadas com a possibilidade da administração
e às necessidades do povo.
Seguir
os conselhos daqueles que não têm a responsabilidade com a vida local é péssimo
para quem precisa resolver os problemas locais com foco na valorização na vida
e no patrimônio das pessoas. Patrimônio das pessoas humildes, resumidas em uma
habitação e em poucos utensílios e aparelhos.
Não dá
para compreender a avaliação que alguns técnicos fazem para se chegar às
responsabilidades sobre o resultado conhecidos de todos. Muito embora os
gestores tenham necessidade de dar uma resposta à população.
O que
se observou, durante aqueles momentos de desespero, foi falta completa de uma
ação de emergência. Não aquela tomada pelo Corpo de Bombeiros Militar, mas
aquelas onde os principais atores já deveriam ter a informação sobre o papel
que desempenharia em uma ocasião como aquela.
Chega
de continuara “torcendo” para que o pior não aconteça, para que alguma força
sobrenatural segure as ocorrências que, embora esperada, não são sequer
avaliadas e muito menos dimensionadas.
Os
momentos de desespero da população, como aquele de quarta-feira, ainda são o
foco de disse-me-disse, querendo botar a culpa neste e naquela pessoa sobre o
fato ocorrido, ou querendo tirar a culpa deste ou daquele como se isso
interessasse a quem quer que seja.
A
escolha de um administrador público pelo eleitor, principalmente, é para que
trabalhe em planos que, nestas horas, sejam acionados com eficiência e que,
mesmo não evitando os prejuízos, a população perceba que o seu representante se
preparou para um momento indesejado como aquele, mas possível naquele local e
na forma que aconteceu.
A
situação chegou a ser politizada, confirmando que não há preparo das equipes
para se comportar adequadamente nesses momentos.
Ninguém
imagina que alguém possa se valer de situações de tragédia para pretender tirar
dividendos políticos; não pode ser permitido que alguém possa querer entender
que agindo assim ou assado vai conquistar a confiança deste ou daquele eleitor.
Mesmo assim isso foi posto à mostra durante os dias de maior tensão.
Mas o
tempo seguiu e todos acreditam que tudo não passou de uma vontade de agir e não
saber como. Mesmo aqueles preocupados em montar barreiras de defesa deste ou
daquele, contra ataque de outros, acabaram cansando, pois, perceberam que
estavam utilizando uma estratégia errada.
Para os
que insistem em continuar errando já está na hora de compreender que não
adianta fazer nada nesse rumo. O rumo é outro podendo ser até diametralmente oposto
àquele que estão seguindo, e onde podem gastar todas as energias que ainda lhe
restarem.