domingo, 30 de março de 2014

Tropeçando nos prazos

Rodolfo Juarez
 Tenho a impressão que a “maldição” dos atrasos contratuais tomou conta de todos os governos e de todos os responsáveis pela fiscalização pública de compras, obras e serviços pelo setor público.
A regra deixou de ser o cumprimento dos prazos contatuais para o exercício sistemático da prática dos aditivos, pouco importando a urgência ou o programa daquela obra, material ou serviço objeto do contrato.
Mesmo com o esforço muito grande para que isso pareça normal, é categórico quem afirma que isso é absolutamente anormal. Afinal de contas os prazos foram estabelecidos para serem cumpridos.
Acontece que os prejuízos decorrentes dos alongamentos desses prazos são debitados, exclusivamente, na conta do contribuinte, desde os aumentos havidos por conta do equilíbrio contratual, até aqueles decorrentes dos resultados subjetivos e que estão diretamente vinculados ao resultado do serviço, ao uso do material ou mesmo ao fim a que se destina a obra.
São rodovias que nunca acabam, são pontes que ficam pela metade, prédio de escolas que passam três ou quadro ou mais anos para serem reabertas, obras que são iniciadas e abandonadas, muito embora haja contabilização de gastos do dinheiro público, são contratos de serviços alongados com termos aditivos irregulares ou que fogem à normalidade administrativa, são materiais que chegam e não servem e outros que servem e não chegam, tudo isso causando prejuízos incalculáveis ao erário e, querendo ou não, desgastes presentes e futuros para os seus responsáveis.
Em qualquer posição que alguém se encontre e olhe em sua volta, não vai ter dificuldades para deparar-se com obras inacabadas, serviços mal feitos e conhecimento de que materiais adquiridos, ou não serviram ou estão fora dos padrões, em decorrência do prazo de validade ou do padrão industrial.
Os governantes passaram a ser lentos, desatentos e descuidados!
Não se trata de agora, isso já vem ao longo dos anos, pelo menos 20.
Agora está apenas mais grave o problema e as autoridades já nem se importam com as promessas que fazer e com os planos públicos que dizem ter. Sem qualquer constrangimento fingem ou se fazem de desentendidos.
Chega-se a qualquer ponto da cidade, em qualquer município do Estado, em qualquer estado do País, ao lugar comum de que “os prazos foram acertados para não serem cumpridos”.
Não está tão distante o tempo em que uma empresa fornecedora era punida por não cumprir os prazos e, mais, era responsabilizada, perante a Administração Pública pelos eventuais prejuízos decorrentes de causas que não pudesse ser enquadrada em “caso fortuito” ou “força maior”.
O que se vê agora é um festival de abandono de contrato com a administração e, lamentavelmente, a maioria deles por causa da inadimplência dos governos ou pela dificuldade em identificar quem é o responsável.
O fato é que as consequências são imediatas e tem a ver, inclusive com o atraso no pagamento de salários de trabalhadores das empresas contratadas, tanto para fornecimento de material, serviço ou mão-de-obra, como para a execução de obra de engenharia.
Tropeçar nos prazos deixou de ser uma preocupação. Pode tropeçar que o máximo que vai acontecer é uma pergunta boba para uma resposta equivalente.

A regra não mudou. O que mudou foi o comportamento do contratante e do contratado. 

sábado, 29 de março de 2014

O povo da Amazônia

Rodolfo Juarez
As notícias nacionais sobre o que está acontecendo com parte da população de algumas cidades de estados da Região Amazônia, mostra o que é ser pioneiro e estar disposto a criar condições para que o desenvolvimento alcance a todas as partes do Brasil.
As cheias dos rios, afluentes do maior rio do mundo em sua maioria, não poupam ninguém e muito menos os erros de engenharia cometidos pela indisfarçável falta de cuidado que os gestores públicos insistem em demonstrar todos os dias, há todos os tempos.
São pontes quebradas, ruas e avenidas submersas, rodovias perdidas e grande parte da população desassistida, a não ser por eles mesmos, já acostumados à não compreensão por tudo o que seus antepassados fizeram, e eles mesmos fazem, para garantir que a região é habitada por brasileiros e a riqueza existente no bioma é do Brasil.
O máximo que as autoridades do Governo Central faz é mandar gente de segundo escalão, para olhar os estragos das coisas e o sofrimento das pessoas, e debitar as causas à própria natureza, esquecendo que muito do que se registra agora, se deve à ambição do capitalista e o pouco caso de políticos, que estão morando noutro lugar, vivendo das riquezas que extrai ou acumula daqui.
Para os megainvestidores que estão represando os rios é fácil afirmar que as suas “obras” nada têm a ver com os acontecimentos. Muito embora, na maioria das vezes, tenham apresentados documentos de impacto ambiental inconclusos, mas que foram resultantes de uma audiência pública, ocorrida, de preferência, sem a avaliação de técnicos comprometidos com o “depois”, mas apenas com o “agora”.
As gigantescas hidrelétricas que estão sendo encravadas no coração da Amazônia influenciam, necessariamente, nos regimes dos rios e quando os próprios rios precisam receber as chuvas localizadas ou distantes, já não são mais os mesmos e as respostas são diferentes e, na maioria das vezes, sem chance de serem domadas, trazendo os problemas para as populações que sempre estiveram no local.
No Amapá, no principal rio genuinamente amapaense, está sendo feito o que chamam de “aproveitamento” da força do rio, transformando-a em energia que abastecerá as nossas necessidades e de outros tantos brasileiros, bem distantes daqui, enriquecendo, inexoravelmente, figurões que pouco se interessam pelo que aqui ficar.
Agora mesmo, quando de um repiquete, as famílias que moram às margens do rio Araguari, aquelas mesmas que, para as quais foi dito, que não seriam afetadas pelas obras que se realização na calha do rio, acabam de sentir, literalmente na pele, o tamanho do prejuízo que a comunidade vai ter que assumir, de agora em diante, a todo período chuvoso.
São coisas que TAC nenhum paga. São heranças que serão repassadas aos filhos, netos e todos os demais descendentes.
Os ambientalistas - já faz algum tempo -, se calaram. Dão a impressão de que estão sem argumentos ou esqueceram os conhecimentos que diziam ter, quando defendiam o bioma usado pelo nativo, garantidor da região no desenho verde-e-amarelo do Brasil.
Estes mesmos que tiveram subtraídas as armas que lhes possibilitavam a sobrevivência e que, de vez em quando, ainda são presos como bandidos, porque o “fiscal sabe tudo”, entende o que pode e o que não pode fazer o homem do interior, pioneiro da defesa nacional, em defesa da região que imagina estar protegendo para seus descendentes, mas que agora, miseravelmente, descobre que estava garantindo para que os figurões que moram longe daqui.

Os projetos não passaram na prova e a população dos locais submersos está atônita, sem saber o que fazer e, pior, descobrindo que tudo o que fez até agora, serviu apenas para melhorar a conta bancária de capitalistas que nem sabem o que está acontecendo com o povo da Amazônia. 

quinta-feira, 27 de março de 2014

Macapá: problemas maiores x soluções menores

Rodolfo Juarez
Os macapaenses, com raras e localizadas exceções, estão preocupados com a situação geral da Capital do Estado.
Faz algum tempo que os moradores da cidade de Macapá veem os problemas aumentarem durante o período de chuva e isso sem qualquer ocorrência climática extraordinária que justifique alegações de surpresa para a administração municipal.
O que se percebe é que não cessa a expansão da área urbana e que os administradores têm gigantescos problemas para resolvê-los e nenhuma proposta objetiva para colocar em prática.
Os problemas mais urgentes são reclamados todos os dias. Entretanto, os problemas de estrutura, que precisam de zelo permanente ou concepção, para evitar o mal maior, não estão sendo providenciados, em nenhuma de suas necessárias etapas.
A permanente alegação da fala de dinheiro e a completa ausência de um plano urbano que identifique os problemas e apresenta as soluções, faz tempo que não é desenvolvido pelos administradores municipais.
O modelo de gestão adotado para Macapá é ineficiente e precisa ser modificado.
Prender-se, em demasia, às questões políticas, a uma administração completamente politizada, não tem dado certo para alcançar às necessidades da população ou da cidade.
Ninguém lembra mais o tempo em que um prefeito do município de Macapá teve condições de discutir com a sociedade civil, de forma produtiva, a melhor maneira de gerir determinado problema urbano.
A gestão sempre está em xeque, os problemas são infinitamente maiores do que as condições que estão disponíveis para serem resolvidas e, enquanto essas condições diminuem ao longo dos anos, os problemas aumentam e tornam dimensões que surpreendem até os administradores que estão na prefeitura.
O episódio vivido, recentemente, com a questão da coleta do lixo urbano, demonstra bem o cenário. Uma parte do problema completo acabou tomando conta de todas as discussões e não sendo considerada como parte de uma cadeia de questões que vão desde a coleta seletiva domiciliar, por exemplo, até ao destino final seguro do lixo coletado e transportado.
Tendo necessidade de dar uma resposta para a população, devido à administração municipal completamente dependente da politização, teve que usar o braço da mídia, com uma propaganda cara, mas com o nítido objetivo de desviar a atenção da população para o problema principal – o tratamento do lixo.
As vias urbanas, em torno de 700 km, têm estimado um custo de, aproximadamente 800 milhões de reais, para que as vias sejam construídas como vias de uma cidade, com calçada, meio fio, linha d’água, pista de rolamento asfaltada e sinalizada, além de iluminação pública.
Ainda falta a drenagem de águas pluviais, a rede coletora de esgoto, metade da rede de distribuição de água tratada, as necessidades do transporte coletivo – que nem estudo tem- e tantos outros serviços urbanos, naturalmente inerentes a uma cidade, que nem se fala e que a administração municipal encontra imensas dificuldades para manter aqueles equipamentos que foram construídos, como praças, jardins e parques, isso há 20 anos.
Há necessidade de tomar cuidado com o que se está deixando acontecer com a cidade de Macapá. Os métodos adotados não estão dando certo, os modelos experimentados não estão correspondendo.

Os que falaram, ou falam em mudança, estavam ou estão certos, mas ninguém consegue fazer a mudança gerencial que precisa ser feita para otimizar os verdadeiros interesses da população.

terça-feira, 25 de março de 2014

A solução está no problema

Rodolfo Juarez
As autoridades do Estado precisam compreender que não foi só o orçamento estadual que cresceu, mudando de importância, mas que, junto com o orçamento modificaram-se os significados do que é governar, dirigir, orientar e, principalmente, coordenar.
Parece que ai está o nó que teima em não desatar e liberar os administradores para o exercício do poder, cada um exercendo um papel, todos igualmente importantes e que da exatidão técnica não é um canal para conquista de votos na “próxima eleição” seja a eleição que for.
A administração pública precisa ser tratada de forma profissional. Não dá mais para transformar as conquistas eleitorais, principalmente para os cargos executivos, em oportunidades para ocupar e pagar bem, pessoa sem preparo e estavam fora do mercado de trabalho por sua inapetência ou por desinteresse.
Proteger aqueles que não rendem ou que não se mostram dispostos a assumir responsabilidade e apresentar resultados compatíveis com as funções que exercem, está completamente fora de moda, entre eles estão os “peritos” nas ações improdutivas e aqueles que se tornam, de forma conveniente, “puxa saco de governantes” se valendo das redes sociais para dar publicidade.
A principal consequência dessa forma de orientar a gestão pública acaba proporcionando, no exercício da gestão o sistemático desrespeito a tudo aquilo que é escrito, assinado e tornado público.
É dai que vem as falhas no cumprimento dos cronogramas, quando os agentes, ativos e passivos, aceitam ao que chamam de “regra”, sabendo que o não cumprimento dos prazos já está perfeitamente compreendido e aceito por todos.
Assim tanto os executores como os que têm a responsabilidade de acompanhar os resultados, já sabem que assinaram um documento que, mais tarde, terá valores alterados e datas modificadas, tanto com relação à situação intrínseca do documento, como em relação aos efeitos sociais que são anunciados na ocasião da assinatura.
Por que se tornou tão difícil para os executivos do setor público fazerem cumprir os prazos que são ajustados, de forma voluntária com o contratado?
Porque são repetidos os erros nas licitações públicas realizadas para atender aos órgãos das unidades executivas?
Os fornecedores, entretanto, sempre são os mesmos, não são trocados e, também, não são responsabilizados pelos erros.
O desencontro de informações se transforma em um emaranhado de culpas e desculpas que, ao final, ninguém fica sabendo quem foi o responsável pelo erro.
Afinal, se ninguém é punido, provavelmente há um novo acordo ou contrato firmado, para que a situação perdure e as dificuldades continuem.
Apesar de alguns setores ganharem evidência por causa dos gritos daqueles que precisam do serviço, o problema é geral e está entranhado em todo o sistema público e o que sobra para os gestores como elemento de justificativa, por incrível que pareça, é o cumprimento da regra, a mesma que valeu para o que se pode chamar de “primeira parte”.
O fato é que as emergências se tornaram uma constante para aqueles que querem driblar as regras e, ao contrário senso, ao invés de partirem para resolver o problema, trazendo as ações para a normalidade, buscam soluções extraordinárias ou provocam obrigações vindas do Judiciário.
A solução está no próprio problema. Não tem escolha.

Qualquer outra pretensão pode ser vista como invenção do gestor criando dificuldades com o objetivo de ganhar facilidade.

domingo, 23 de março de 2014

Eleições 2014: cenários

Rodolfo Juarez
Daqui a duas semanas o cenário político estará desenhado em com tintas mais fortes onde alguns dos que pretendiam ser protagonistas já começam a desaparecer, seja pela falta de densidade eleitoral, seja pela “descoberta” de que não adianta navegar em mares que não conhece.
A profusão de candidatos acabou criando algumas situações que colocaram em xeque os objetivos de alguns filiados partidários que imaginaram que ser candidato é uma questão de vontade ou de oportunismo. Não perceberam ainda que para ser candidato a governador do estado é preciso ter uma boa dose se preparo eleitoral e uma base política consistente, além de uma preparação técnica mínima, mesmo para aqueles que não usam essa consistência no exercício do mandato.
As eleições regionais de 2014, no Amapá, oferecem 35 mandatos, sendo: 24 para deputados estadual, 8 para deputado federal, 1 para senador, 1 para governador e 1 para vice-governador. Para disputar esses 35 mandatos são esperados 280 candidatos, a maioria para deputado estadual, em torno de 71%, seguido de candidatos a deputado federal (24%); governador, vice-governador e senador, os três juntos com 5% do número de candidatos.
Mera especulação? Isso mesmo, mas que vem se confirmando ao longo desse período do Amapá Estado da Federação.
No momento 10 nomes se apresentam como pré-candidatos, muito mais para tentar massificar o nome perante o eleitor e procurar convencer as lideranças do seu partido que é bom ter um candidato ao cargo de Governador do Estado para dar força ao partido perante a comunidade política estadual, do que com objetivos definidos para uma campanha eleitoral e disputa do cargo.
Ao final, por várias circunstâncias, o número de pré-candidatos se reduzirá e sairão das convenções partidárias de junho, três candidatos que vão disputar as eleições para governador e três que estrão fazendo número e história.
Eventos, como o desta semana, quando por aqui passou o senador Sarney, deixando a bola de alguns candidatos tão murchas que ela e sem condições de receber mais ar, seja pela falta do próprio ar, seja pela desistência melancólica do candidato, vão se repetir, diminuindo o número de candidatos.
O comportamento eleitoral dos candidatos só mudará, quando o eleitor resolver decidir que ele realmente quer mudar. De nada adianta os candidatos anunciarem mudanças, pois, todos já perceberam que isso é apenas força de expressão que é dita para satisfazer o eleitor que, depois, vê-se parte da mesma roda e sem condições de agir ou mesmo reagir.
O eleitor já descartou alguns nomes antes mesmo desses nomes serem oficialmente lançados, não dando oportunidade para, sequer, uma segunda chamada ou uma recuperação. E é apenas isso porque o eleitor não está muito atento às eleições, deixando isso para os cabos eleitorais, principalmente aqueles que falam mais na defesa dos seus “chefes”, nem que os chefes estejam cometendo, ou cometeram erros administrativos imperdoáveis e, até, injustificáveis.
A eleição de 2014 apresenta aos candidatos a disputa do sétimo mandato para ser exercido no período de 2015 a 2018, em um ambiente muito diferente daqueles verificados em 1990, 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010, quando foram eleitos Annibal Barcellos, João Capiberibe (dois mandatos), Waldez Góes (dois mandatos) e Camilo Capiberibe.
O ambiente de agora apresenta um eleitorado mais informado, mais exigente e com possibilidade de escolher, de verdade, quem está mais preparado e em melhores condições para governar o Estado e, mais, que tem uma equipe que possa ser apresentada ao eleitor e com ele assumir o compromisso de que está disposto ao trabalho e preparado para melhorar a atual realidade da população.

O eleitor deve prestar bem atenção na equipe que cada candidato apresentar, afinal de contas, já perceberam que o governador não governa só e que as alianças estritamente políticas não têm alcançado os resultados que interessam do eleitor e à população. 

sábado, 22 de março de 2014

A crise na segurança pública

Rodolfo Juarez
Quando a crise atinge um setor da sociedade é preciso compreender que há urgência na intervenção setorial para que o problema ou os problemas sejam debelados. Quando esse setor depende de ações públicas organizadas, muito mais urgente e muito mais necessária se torna essa intervenção.
Se não agir com observação à essas condicionantes, dificilmente a crise será debelada e o setor conseguirá prosseguir sem sentir os abalos a que foi submetidos e às dificuldades que serão adicionadas, realimentando a crise.
A crise geral é resultado de um conjunto de afetações que ocorrem na relação entre aqueles que compõem o setor. Isto implica em ações diversas, em subpartes, cuidadosamente planejadas, para não favorecer uma dessas partes em detrimento da outra, aumentado, ainda mais, o espaço para alimentar a crise, mesmo pretendendo encontrar soluções para a mesma crise.
O que aconteceu no final da semana passada, nas informações e contrainformações havidas entre duas unidades importantes da segurança pública que, diga-se, vem em ambiente de crise há bastante tempo, foi a publicidade material dos entreveros que só um comando prestigiado, poderia evitar.
De maneira nenhuma, e para não contribuir com a desconfiança da população, o debate público entre uma delegada de polícia civil e um perito da policia técnica e científica, sobre um fato que estava em apuração, poderia alcançar a dimensão que alcançou. Jamais discussões desse tipo podem contribuir para a solução de qualquer problema, mas trás a certeza de que o ambiente da ocorrência não está favorável para as ações conjuntas e muito menos, para as ações complementares.
Negar que o setor da segurança pública, no ambiente da sociedade amapaense, está em crise é o primeiro passo para não corrigir os defeitos instalados em um setor que precisa de modernidade, novos métodos e outras tecnologias.
E a segurança pública, reconhecidamente, dispõe de profissionais habilitados e treinados para exercer, com excelência, a função que está sob a sua atribuição. Além disso, é necessário reconhecer que muitos dos métodos que estão sendo utilizados pelos criminosos não estão na lista mais comum dos policiais.
O entrevero entre a delegada, policial experimentada e reconhecidamente competente na sua atividade, e o perito, também habilitado e em condições de elaborar lados confiáveis, pode ser debitado à crise do setor, que não é reconhecida pelos agentes públicos que estão com a responsabilidade de administrar a própria crise e, enfrentamento como esse, que não melhora nada.
A segurança pública, aqui no Amapá, em qualquer outra parte do Brasil ou do mundo, não pode fazer parte da pizza que os governantes eleitos usam para fatiar na busca da governabilidade.
Como educação e saúde, a segurança pública tem a ver com sensação de liberdade e de confiança, sendo um instrumento liberar as pessoas para agir em favor delas mesmas e em favor da sociedade, exercendo uma vida mais saudável e desenvolvendo o costume respeitoso pelo próximo e por si mesmo, melhorando a sua qualidade de vida.
A segurança pública precisa ser exemplar, inovadora e principalmente confiável, tendo esses elementos como objetivos gerais para medir a atividade temporal de cada unidade e não sentindo a necessidade de estar defendendo posições individuais e que, na maioria das vezes, não estão previstas nas regras, mas se trata de uma necessidade a ser satisfeita individualmente, como se, a toda hora, o agente da segurança pública, precisasse estar prestando conta pelos seus atos porque precisa do voto na próxima eleição.
O equívoco acaba comprometendo uma equipe toda, deixando a população insegura e sentindo a necessidade de garantir, por sua própria iniciativa, as condições de segurança que estão estabelecidas nas regras constitucionais.

Reconhecer o estado de crise, dimensionar sua importância e adotar uma estratégia para correção é a exata medida que precisa ser tomada nesse momento, mesmo que pessoas sejam trocadas e orientações novas sejam adotadas.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Quem paga é o povo

Rodolfo Juarez
Não dá para acreditar.
A Federação Amapaense de Futebol, que tinha marcado a abertura do campeonato de futebol profissional para o dia 15 de março, cumpriu essa parte da promessa.
Acontece que tinha também marcado outros jogos em seguida. Mas nada, mal terminou a partida e veio o anúncio de que uma nova partida pela competição, só depois, sem dada definida, como se isso também não fosse o descumprimento do Estatuto do Torcedor.
É a primeira vez que uma competição começa e para logo depois de haver começado. Uma disposição para brincar com os clubes que, afinal de contas, são os que fazem a competição.
Mas isso tem motivo?
Tem. E são motivos locais e nacionais.
O modelo desenhado pela Confederação e aprovado pela maioria das federações estaduais, está levando o futebol brasileiro para um buraco que ele está com dificuldades de sair e as únicas portas de acesso ao problema são as próprias federações estaduais.
Essas entidades, Confederação e federações estaduais, estão ficando com todo o dinheiro gerado pelo esporte, através de patrocínios milionários de autarquias, empresas públicas e governos estaduais e municipais, nem que para isso tenha que ferrar os clubes e passar a dar em conta-gotas aos dirigentes, alguns com vontade de ser os únicos profissionais da entidade esportiva.
No atual modelo, as federações estaduais recebem um avantajado recurso, sob o carimbo de “auxílio financeiro” que seria para manter a estrutura da federação e projetar o crescimento do futebol, com os dirigentes nacionais, recebendo em troca, o voto para as sucessivas reeleições, até que o dirigente, principalmente o presidente, seja apanhado com a boca na botija, fazendo o que não está no rol de suas atribuições.
Acontece que para garantir o poder, os dirigentes das federações – a do Amapá no meio – acabam também prestando “socorro” a alguns dirigentes que são levados a participar de campeonatos sem qualquer lucratividade e objetivo.
As rendas são ridículas, pois não há promoção e, até mesmo, confiança do torcedor na competição que, não raro, apresenta-se sem objetivos.
As categorias de base, que seria uma das motivações para uma federação como a do Amapá, ficam relegadas e sendo realizadas como se torneios fossem sem qualquer assistência aos atletas e com treinadores que têm apenas boa vontade de acertar e que dizem gostar do futebol.
É por isso que o campeonato amapaense começou, mas não começou.
O jogo, como classificou o próprio presidente de uma das agremiações, “foi um treino para os jogos das competições nacionais”.
Os clubes não têm condições de participar da competição e os dirigentes da Federação de Futebol estão desesperados, pois, na regra da Confederação Nacional, a federação estadual tem que realizar o campeonato para poder continuar contando com as benesses do “auxílio mensal” que é bem gordo.
Agora a pressão da vez está sob o dinheiro público, a tal da ajuda que os dirigentes da federação querem para fazer a competição, a mais curta possível, para depois mandar o relatório para a CBF em troca das entradas para os jogos da Copa do Mundo, reserva dos melhores lugares nos estádios, com tudo pago, inclusive o deslocamento, para os dirigentes da federação e seus convidados.
Quem paga?

Adivinhou que disse que é o povo. E não pode reclamar.

terça-feira, 18 de março de 2014

Interesses não coletivos

Rodolfo Juarez
Daqui a menos de 15 dias o governador do Estado vai nomear, pelo menos, três novos auxiliares de primeiro escalão: os secretários de transporte, agricultura e administração.
O retorno dos que estão assumindo aquelas três secretarias de governo se dá devido à necessidade de desincompatibilização. Os três devem reassumir o cargo de deputado estadual, para que eles possam candidatar-se a reeleição buscando a renovação do mandato.
Duas questões em uma.
A primeira refere-se ao que realmente querem os três: se cargo no Executivo ou no Legislativo. Buscam garantir um cargo no Poder Legislativo para conquistar uma função no Poder Executivo, iludindo o eleitor que os escolheu para representa-los na Assembleia Legislativa e os vê desempenando funções no Governo.
A segunda refere-se às motivações que influenciaram na decisão do próprio governador que optou por deixa-los fora da Assembleia, trazendo-os para ficarem sob as suas ordens, em uma das secretarias técnicas.
Uma delas pode ter sido por questões de necessidade, aqui o destaque é para a habilitação técnica de Bruno Mineiro que, com formação de engenheiro, estava habilitado a exercer o cargo de secretário de transporte, podendo atender as exigências das funções que o cargo encerra.
O mesmo, entretanto, por mais boa vontade que se coloque na mistura, não se pode dizer dos secretários Agnaldo Balieiro e Cristina Almeida, que apresentaram bom desempenho como políticos, mas sem carregar os conhecimentos que os colocassem prontos para discutir a política de administração e a de agricultura conforme as necessidades que o Estado nesses dois setores e que precisam de discussões e decisões técnicas importantes.
Por outro lado, a Assembleia Legislativa precisava do reforço desses três deputados para tornar densa a representação popular para ali mandada, não permitindo o enxovalhamento da Casa de Leis havido por outros órgãos, do próprio Estado, como se pode acompanhar durante boa parte de 2012 e todo o ano de 2013.
Agora os três voltam a ocupar a cadeira de deputado e ainda afirmam que têm em suas contas os ganhos eleitorais havidos quando do desempenho do cargo de secretário, esperando uma forma de resposta eleitoral devido ao serviço que prestaram e para os quais foram muito bem pago.
Para o governo os problemas podem ser até menores, mas para o Estado não.
Faltando nove meses para encerra o presente mandato e havendo a necessidade de fechar as contas públicas, o tempo é muito curto para que o substituto “arrume a casa” e a torne em condições de começar um novo período administrativo, independentemente de que fique no Palácio do Setentrião, fazendo as honras da casa e orientando as atividades do Governo.
Colocar as interesses pessoais acima dos interesses coletivos, ainda mais quando a conta é paga com dinheiro público, é um desafio às regras contidas na Constituição Federal e extremamente prejudicial ao Estado que vive um momento delicado, precisando definir o seu rumo e, principalmente, a regra que vai ter que utilizar.
É certo que a Administração permite essa manobra, mesmo assim não deixa de ser um desafio para o eleitor que vai está atento a tudo o que acontece e tem chance de rever as suas posições a cada quatro anos.
O fato é uma constatação. Reflete o pouco caso que os eleitos fazem para com os eleitores e o desrespeito pelos votos que receberam.

Muito embora seja uma solução política circunstancial, não é uma solução administrativa que interesses à população. 

domingo, 16 de março de 2014

Órfãos de líderes

Rodolfo Juarez
Qualquer grupo social se impõe pelas ideias e realizações de seus líderes. Ninguém foge dessa regra e o ser humano tem a necessidade de contar com atitudes de pessoas, às quais pode entregar o comando das suas vontades ou do grupo social ao qual pertence. E tem aqueles que são ativos, importantes agentes de participação, mas precisam ser liderados, orientados e coordenados para serem eficientes nos seus propósitos e eficazes nas suas atitudes.
Isso vale para qualquer grupo social e para qualquer pessoa desse grupo, até mesmo para o líder que, mesmo sem qualquer pré-ordem, “descobre” que precisa assumir as rédeas de um grupo, de uma coletividade ou de uma nação.
Foi assim desde os povos primitivos e continua até hoje em todos os grupos, desde os menos instruídos até os mais qualificados grupos de especialistas, os quais, mesmo preparados, demonstram que necessitam de um líder para dar a última palavra, para sinalizar, na “bifurcação”, qual o caminho que deve seguir.
A liderança no processo político é mais exigente, tanto com relação às questões naturais do líder, como com relação às necessidades comportamentais dos liderados. Há uma espécie de dependência da maioria para seguir um caminho, tomar uma posição ou definir uma estratégia de luta ou de administração de casos.
Isso quer dizer que a gestão política depende dos líderes natos. Os resultados são adequados ou não para uma sociedade, conforme o caráter do líder.
Os líderes sem caráter prejudicam os resultados, iludem as comunidades e escondem as suas intenções. Essas comunidades, as coletividades e os povos precisam de líderes que tenham vocação para a defesa dos interesses coletivos e dos grupos sociais, com permanente atenção ao bem estar de todos. Já os líderes de mau caráter são egocêntricos, narcisistas e perigosamente prejudiciais às coletividades.
Cada um do grupo social pode identificar um líder, basta prestar atenção no comportamento e nas atitudes daqueles, do próprio grupo ou fora dele, que tomam as iniciativas e que, de certa forma, têm coragem para enfrentar os desafios.
O momento da seleção é que precisa ser cuidadoso, não pode ter a influência emocional e muito menos episódica, levando ao cometimento de erros, na maioria das vezes, com a vontade de proteger, dar uma segunda chance e de demonstrar proteção com a vontade de ser identificado e recompensado posteriormente.
O líder verdadeiro não admite troca de favores. Admite isso sim, conquistas coletivas, objetivas e progressivas.
Todos aqueles que identificam um líder objetivando curto prazo ou poder, estão irremediavelmente errados, desde a sua proposta de ação coletiva até à expectativa dos resultados que serão obtidos por aquele que elegeu como líder.
Toda vez que se percebe em um grupo social, pequeno ou grande, confrontos verborrágicos sem sentido, é bom pelo menos desconfiar que ali não esteja um líder e, pior, podem ser contados vários grupos, alguns de aproveitadores, para confundir a comunidade e confundindo-se entre si.
Pode ser isso que esteja acontecendo no Amapá!
Não é possível entender o propósito e atender a chamada para que todos se encontrem no pântano do desrespeito, do confronto e da esperteza.
Não há justificativa para que todos se enlameiem e deixem todo um povo na dependência das decisões que precisam de propaganda para enfrentar as fortes, e nem sempre justas ou necessárias, críticas.

A impressão que dá e de que estamos todos, órfãos de líderes.

sábado, 15 de março de 2014

Os sobreviventes

Rodolfo Juarez
Qualquer projeto, qualquer programa, qualquer plano que se alinhave nos dias de hoje precisa ter bem definidos os seus objetivos e estabelecidas as suas metas.
Nem mesmo um evento ou um registro não tem sentido se não tiver um objetivo. Não qualquer objetivo, mas pelo menos um que seja de interesse geral e que atenda a todos os que ali estarão prestando a sua cooperação voluntária ou profissional.
O futebol é um dos ativos sociais dos mais importantes quando bem usado e quando usado em favor da sociedade, da coletividade, sem querer dele tirar proveito ou utilizá-lo como meio para outros fins, mostrando-se de forma disfarçada, para a sociedade como se fosse um ato voluntário e desprendido de qualquer outra intensão que não aquela que interessa à comunidade.
Os campeonatos nacionais de futebol têm claros os seus objetivos e as suas propostas, assim como os campeonatos em outros esportes, tanto coletivos como individuais, não dispensam a estratégia, as regras e os objetivos, principalmente aqueles que tenham repercussão ampla no próprio setor e na comunidade, valorizando o esporte e mostrando a sua importância para o desenvolvimento das relações sociais e a compreensão das lutas que todos desenvolvem no dia a dia.
Não se usa o esporte para justificar nada. Nem mesmo a existência dele, pois, sozinho ele já tem suficiente densidade para se mostrar para todos.
Daqui a menos de três meses estaremos vivendo momentos que vão prender a atenção de significativa parte da sociedade – a Copa do Mundo. Todos os brasileiros, inclusive os que moram no Amapá, terão oportunidade de observar a dimensão em que é tratado esse esporte e suas organizações.
Tudo foi planejado com a antecedência que assegura ao torcedor e aos participantes, a confiança de que estará enfrentando uma competição difícil, mas que acarreta bons resultados para todos: organizações esportivas, atletas, dirigentes, imprensa, patrocinadores e mais uma série de outros bons resultados derivados da competição.
Assim é o campeonato brasileiro, os campeonatos de botão, basquetebol, voleibol, handebol, afinal, de qualquer competição que seja organizada e garanta uma conclusão onde, além de um campeão, todos os participantes ficarão satisfeitos, nem que seja simplesmente, pelo sentimento de dever cumprido.
A principal competição esportiva daqui, o campeonato amapaense de futebol, não segue essa regra.
Programado para começar hoje, os seis clubes sobreviventes vão para campo torcendo para que as coisas deem certo. Com poucas exceções, os próprios dirigentes não têm confiança na competição. E não é confiança se vai ou não ser rentável, pois essa situação já está descartada, é se terão ou não condições de chegar ao final do campeonato sem comprometer o clube.
Uma pena que seja assim!
Os seis clubes que estarão na disputa do campeonato de futebol de 2014 são sim, sobreviventes de uma desastrada proposta que os “organizadores” vêm mantendo sem qualquer compromisso com o resultado e, principalmente, com a qualidade do espetáculo.
O torcedor sabe disso e se arvora a imaginar os motivos pelos quais os organizadores da competição insistem nessa fórmula suicida, que retirou o futebol do Amapá dos bons lugares que ocupou no ranking da Amazônia e os jogadores revelados no Amapá, dos grandes clubes de futebol profissional do Brasil.

Este ano pode ser que mais dois ou três clubes desistam, não de praticar o futebol, mas de praticar desse modelo suicida que o esporte amapaense tem adotado. 

quinta-feira, 13 de março de 2014

Plano de Poder

Rodolfo Juarez
Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, que consolidou os avanços sociais e entregou o controle dos interesses nacionais para ser exercício por um presidente, ou por uma presidente – como no caso atual -, que os brasileiros vêm experimentando humores diferentes, de diferentes dirigentes.
Fernando Color, o primeiro presidente dessa etapa da vida nacional, teve o exercício do mandato cessado antes do final, por decisão das casas legislativas que forma o Congresso Nacional. Itamar Franco foi quem terminou aquele mandato.
Eleito presidente e desde quando tomou posse, Fernando Henrique Cardoso se acautelou para não se repetir o episódio vivido pelo seu antecessor e, par isso, criou proteções dentro da própria Constituição Federal mesmo deixando que o Congresso criasse um sistema de defesa para proteger os seus membros, deputados e senadores.
Ficou por dois mandatos, pois entre aquelas mudanças, negociou a reeleição.
Naquele momento já era forte a vontade dos políticos que estavam no comando do país, em permanecer nesse comando e, sem reservas, propalavam o que chamavam Plano de Poder, com duração mínima de 20 anos, e que tinha como principal objetivo a continuação do mesmo grupo político no comando do Brasil.
Fernando Henrique, o seu grupo ficaram por oito anos, correspondente a dois mandatos, mas não ficaram satisfeitos, queriam mais. Queriam os 20 anos que tinham do “tal” plano. Vale lembrar que, originalmente, a Constituição não permitia a reeleição, instituto inserido em uma das inúmeras emendas que foram feitas pelo Congresso Nacional à Carta Magna do Brasil.
E todos só pensavam no Plano de Poder para 20 anos, inclusive os dirigentes do Partido dos Trabalhadores, que vinham tentando, desde a primeira eleição para presidente pós Nova República, chegar ao comando máximo do país, com mensagens populares de fácil compreensão e aceitação.
Lula venceu a eleição e, junto com ele trouxe o Plano de Poder para 20 anos.
O presidente Lula, os dirigentes do Partido dos Trabalhadores e os dirigentes dos partidos aliados já conheciam as “dificuldades” que tinham pela frente para emplacar o plano que virara obsessão – o Plano de Poder para 20 anos.
Na medida em que o tempo passava os governantes brasileiros de então procuravam fortalecer as suas propostas tanto dentro como fora do Brasil. Havia clara convergência com o modo de governar daqueles que haviam ajustado as regras nacionais para a continuidade, sem limites, como, por exemplo, os governantes de Cuba e da Venezuela.
Internamente era preciso agir diferente. A proposta ideológica tinha duas vertentes: enfraquecer os adversários, eliminando se possível, e fortalecer o grupo, fazendo tudo o que fosse possível, mesmo sendo ilegal ou imoral.
Ai veio o mensalão!
As notícias de crimes foram parar no Judiciário. Foi retardado o máximo e suficiente para que o Plano de Poder de 20 anos continuasse.
Apesar do esforço e das sugestões para um terceiro mandato de Lula como presidente, a proposta – que chegou a ser feita à nação -, “bateu na trave” e não conseguiu prevalecer. Mesmo assim o PT continuou no comando do país, agora com a presidente Dilma.
Como os adversários foram enfraquecidos?
Para isso o Governo usou o próprio Estado, desmoralizando através das operações policiais midiáticas e com abrangente eficácia.
O Plano de Poder para 20 anos continua, não obstante os mensaleiros punidos e algumas dúvidas já esclarecidas.
Essa proposta foi difundida, bastante defendida e permeada por todas as unidades da Federação Brasileira.

O enfraquecimento do sistema cubano e do sistema venezuelano de governar se constitui, atualmente, no principal problema para ser resolvido pelo Partido dos Trabalhadores e seus aliados, no sentido de convencer o eleitor nacional que é bom reeleger a presidente do Brasil, mesmo sem explicar do que consta nos quatro últimos anos do plano. 

terça-feira, 11 de março de 2014

Não existe Federação sem clubes

Rodolfo Juarez
Está prometido para o próximo sábado, dia 15, a abertura do Campeonato Amapaense de Futebol Profissional de 2014.
Faz tempo que tudo relativo ao futebol do Amapá é promessa, jamais um programa e muito menos um plano. Ninguém ignora a obrigação de cumprir o Estatuto do Torcedor, entretanto, cumprir essa regra, para alguns dirigentes locais, é considerado como um entrave para o desenvolvimento do futebol, inclusive, entre esses “alguns” estão dirigentes da própria Federação Amapaense de Futebol.
Apesar de todos os campeonatos, profissionais e amadores que constam do calendário da Federação estarem comprometidos, o maior reflexo é no campeonato de futebol profissional, pois, desde o nascedouro, tem objetivos claros e entre eles, o de selecionar o representante, ou os representantes, do Estado para as competições nacionais.
O campeonato de futebol profissional vem, a cada ano, perdendo o seu principal fundamento esportivo que é a disputa.
É inadmissível que, a menos de uma semana para abertura da competição, que conta com apenas 6 clubes para fazer o campeonato este ano, quatro deles não tenham confirmando se estão em condições de assumir os custos da disputa. O certo é que a fase de preparação já foi sacrificada e nem realizada foi.
Como os organizadores do campeonato podem pretender que o torcedor vá ao estádio para ver um jogo entre times que, sequer, fizeram um único treino?
Os torcedores já têm a certeza de que irão assistir jogos sem qualquer padrão técnico, entre times completamente desentrosados e sabendo das desculpas, razoáveis, que serão dadas pelos técnicos ou pelos próprios dirigentes dos respectivos clubes, de que não houve tempo para contratar os jogadores que pretendiam.
E porque não tiveram esse tempo?
A resposta, apesar de ser obvia, é o resultado dos procedimentos inapropriados que tomaram conta da administração do futebol local, faz tempo.
Os clubes vivem em dois mundos diferentes: um do profissionalismo, que define as relações de emprego entre o clube e os seus atletas, entre os clubes e os seus demais profissionais; e um amadorismo, exercido pelos dirigentes que não encontram saída no círculo vicioso, a não ser o de “deixar como está para ver como é que fica”.
As leis trabalhistas não isentam de cumprimento a instituição que estabelece relação de emprego com seus trabalhadores (jogadores, técnicos, cuidadores, médicos, etc.) e o clube é obrigado a estabelecer essa relação de emprego que tem a recompensa, pelo trabalho, pago em dinheiro. Exatamente o dinheiro que falta.
Como programar uma competição, que vai exige que o clube gaste dinheiro, sem que esse clube disponha de dinheiro?
Não há milagre!
Mas há o espaço para as promessas, para a inverdade, para a enganação e, principalmente, para a ilusão e, até, ações que possam comprometer o pouco que cada clube ou dirigente de clube tenha.
Depender, exclusivamente, de apoio de patrocinadores e do dinheiro público, aquele que é repassado pelos agentes públicos, significa comprometer o sucesso da competição, a finalidade dos recursos públicos e viciar os dirigentes que, angustiados, quando não sonham, imaginam que se trata de uma “obrigação”.
Não adianta eleger culpados.
O que precisa ser feito é uma mudança racional nos procedimentos que se adotou até agora. Doutra forma as competições continuarão definhando até serem completamente exauridas.

Também não adianta imaginar que haverá federação sem clubes ou campeonatos sem times.

domingo, 9 de março de 2014

A população foi enganada

A POPULAÇÃO FOI ENGANADA
Rodolfo Juarez
O evento da vez é a Copa do Mundo de Futebol.
O que era para ser uma grande festa para todos está se transformando em um pesadelo para alguns, inclusive aqueles que têm a atribuição de regrar o comportamento da sociedade e todos os momentos, inclusive aqueles referentes ao esporte e ao lazer.
Depois das manifestações de junho do ano passado, um pouco antes e durante a Copa das Confederações, tida como um teste sócio-esportivo para verificação do interesse do povo pela competição, as autoridades brasileiras foram apanhadas de surpresa pela forma como a população reagiu quando tratou da questão.
Em tempos de completa abertura global e se tendo disponível uma grade de mecanismo de apuração de satisfação popular, inegavelmente foi uma falha imperdoável cometida pelos responsáveis em conduzir os interesses da FIFA sem ferir os interesses nacionais.
As autoridades nacionais foram surpreendidas pela reação e começaram, só a partir desse momento, buscar elementos capazes de acalmar as manifestações e, em alguns pontos, buscar mecanismos que pudessem impedir essas próprias manifestações, o que demonstrou que as autoridades, estaduais e federais, não conheciam a vontade do povo brasileiro.
A menos de três meses do evento, as autoridades buscam convencer a si mesmas e aos outros, que o país pode realizar, de forma ordeira, a competição que vai escancarar para o mundo, as condições não apenas esportivas, mas sociais, que o povo enfrenta ou desfruta no Brasil.
Para dificultar as ações dos governos ainda vieram as constatações dos atrasos nas obras, a maioria financiada com dinheiro do contribuinte, algumas com evidências de superfaturamento ou gastos exagerados para cobrir as propostas megalômanas de agentes públicos.
O tempo está passando e, em vários locais onde haverá jogos, já planejam apenas em concluir os projetos diretamente ligados à competição, sem considerar os prometidos legados, principalmente aqueles referentes ao transporte de massa nas grandes cidades e à acessibilidade urbana, de reconhecida necessidade e objeto de repetidas promessas das autoridades.
A população já percebeu que o que foi prometido não será cumprido e, pior, que a parte que vai ser cortada é aquela referente ao legado. Então, quem esperava melhoria no transporte público, já sabe que em nada vai melhorar.
O trem bala prometido, não vai sair do papel, nem mesmo se considerado for a bala referida, uma bala de gude. A única bala que está saindo é aquela dos revolveres dos bandidos e da polícia e que sempre está achando uma pessoa, homem ou mulher, adulto ou criança, para enlutar a família brasileira.
Até mesmo as leis prometidas e consideradas necessárias, estão saindo de forma distorcida, adaptada às situações, definidas pela maioria, e nunca representando a unanimidade, tão divididas estão as próprias autoridades.
Tomara que não seja, a Copa do Mundo do Brasil, um “um salve-se que puder” e que tenha resultado contrário àquele prometido, deixando mais dívidas sociais e muito mais restrições econômicas.
Até agora está sendo um teste para a decantada paciência do brasileiro, um povo que está sendo enganado e tendo como pano de fundo os acontecimentos de uma copa do mundo.

Isso, antes de qualquer coisa, é uma exploração do sentimento da população que, por demonstrar que gosta do futebol, foi enganada por aqueles que deveriam dá-la um sono tranquilo e protege-la durante esse sono.

sábado, 8 de março de 2014

Depois do carnaval ...

Rodolfo Juarez
Fim da festa para o Carnaval e chega a hora de limpar o salão porque, afinal de contas a vida continua e daqui a menos de três meses todos estaremos sendo convidados para outra grande programação – a Copa do Mundo da FIFA.
Isso mesmo, até parece que, este ano, o trabalho não terá prioridade.
Depois dos embates do começo do ano, prestando conta das festas do Natal e do Réveillon, veio o Carnaval, em seguida teremos a Copa do Mundo e, colado com o futebol, as eleições nacional e regionais.
Será que o país tem reservas para aguentar essas exigências?
Será que a população não será a penalizada depois de todos esses acontecimentos?
Dizer não para essas perguntas, ninguém arrisca, pois mesmo ainda sem estarmos no período da Copa ou das Eleições, a população já sente a preocupação dos dirigentes e as dificuldades em casa e na rua.
Em casa, pela falta de condições para manter a qualidade de vida que já vinha experimentando; nas ruas, para fugir das dificuldades que o cotidiano “oferece” a todas as pessoas que precisam ir para o trabalho e voltar para casa, em uma rotina que deixou de ser cidadã para ser um desafio à capacidade de enfrentar a sensação de insegurança que tomou conta das pessoas.
Até mesmos os legisladores, protegidos em seus gabinetes, não tem conseguido pensar uma solução para esse momento do país e se aventuram por caminhos que, quando percebem, estão dentro de um círculo vicioso que não lhes deixa chance para o reconhecimento da sua própria capacidade criativa ou mesmo de cumprimento de atribuições que disse que tinha como assumir.
As medidas equivocadas dos agentes públicos se multiplicam e as desconfianças da população, principalmente daquela parte que tem a responsabilidade de selecionar os dirigentes e representantes, aumentam.
As promessas feitas, tanto para a população brasileira como para os “aliados nos gastos”, agentes de outros países, não são cumpridas. Muito embora com estes, os “aliados”, existam contratos com específicas cláusulas punitivas, já com aquela, a população, apesar de existir os compromissos, estão entendendo que podem não cumprir e, para esses dirigentes, não cumprir seria, apenas, mais uma promessa não cumprida.
Ninguém garante os legados prometidos e, por isso, todos se sentem traídos pelos dirigentes que planejam segurar-se nos resultados efêmeros para ganhar nova oportunidade - e tempo -, para justificar o que não fez e nunca fará.
A copa do mundo e as eleições de outubro são dois eventos intimamente ligados e, em caso de vitória brasileira, muitos dos problemas serão suportados por essa vitória e muitos dos dirigentes e representantes nacionais ou regionais serão selecionados por causa do resultado.
Ora, se é assim, o outro lado da moeda deve apontoar em outra direção, com o eleitor tendo motivos para identificar aqueles que deram o passo maior do que a perna podia e que estariam deixando um legado negativo para ser assumido por um povo que precisa se estabilizar nas condições sociais básicas, para depois, então, se apresentar como um povo que pode desperdiçar suas reservas em arriscadas manobras, mesmo no esporte com o qual o povo mais se identifica.

Os dirigentes brasileiros precisam entender que, enquanto o Brasil não equilibrar as necessidades da população com as possibilidades de atendimento dessa mesma população, o país não terá reservas para arriscá-las com está fazendo agora.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Feião com arroz

Rodolfo Juarez
Depois de passar a lua nova, que marcou um alto volume de chuvas na área urbana e suburbana de Macapá, é importante as autoridades municipais agirem de forma preventiva, para evitar prejuízos maiores para a cidade, que não vem recebendo a atenção adequada e, muito menos, as medidas de precaução que necessitam ser tomadas para enfrentar esse período de chuvas intensas.
São várias as áreas que precisam de cuidados emergenciais, além daquelas relativas aos pontos de alagamento, fartamente anunciados pela equipe da Defesa Civil, mas que não têm recebido o tratamento adequado ao ponto de evitar novos problemas ou, mesmo, cuidado para que a repetição não apresente as mesmas dificuldades, aquelas já conhecidas pela população e pela administração.
Alguns pontos precisam receber atenção para que os prejuízos não aumentem ou para que o equipamento volte a funcionar ou melhore o funcionamento, conforme foi prometido ou alardeado no dia da inauguração.
A Praça Floriano Peixoto é um desses exemplos.
Carecendo apenas de serviço de limpeza geral e manutenção de alguns pontos específicos, pode voltar a ser um ponto de referência da cidade. No momento apresenta um aspecto de completo abandono.
Outro ponto fácil de recuperar é o da área onde está o Complexo do Araxá. Além da recuperação das quadras de areia e a eliminação das poças que ficam depois das chuvas, é preciso que seja recuperada a rede de iluminação pública. Como está o local serve muito mais para a permanência ou refúgio de bandidos, do que para o lazer das pessoas que se acostumaram a ter o local como referência para encontros e bons momentos para degustar a culinária local.
A área que fica em frente à residência oficial do governador do Estado é outra que está completamente desfigurada. Apesar da vocação que aquele local tem para o lazer e caminhadas daqueles que precisam  em um local saudável para fazê-la. Nesse momento o local está impróprio e antes de ser saudável, apresenta dificuldades de toda ordem, desde às condições estruturais até aos riscos pessoais em ser assaltado no local.
Agora, o que é também urgentíssimo é a questão do muro de arrimo, calçada e vias da área da orla que fica entre o Igarapé das Mulheres e o Canal do Jandiá. Todo o investimento feito nas praças de contemplação, que têm inclusive torre de observação, pode ser completamente perdido se urgentemente, não for determinado uma ação de recuperação para o local. O preço provável dos serviços parece ser alto e estarem além da capacidade do Tesouro Municipal e, por isso, precisa de ajuda do Governo do Estado e do Governo Federal. Um assunto que está demorando demais e, assim, pode levar a prejuízos incalculáveis, tanto com relação ao funcionamento, como com relação ao dispêndio pecuniário, mas, principalmente para a cidade.
A responsabilidade daqueles que assumem a administração do município de Macapá não é apenas com as vias, as moradias, os alagamentos, com a limpeza pública, com o transporte coletivo, entre outros, mas, também, com a manutenção do que está feito na cidade sob pena de vir a ser responsabilizado pelos resultados.
Macapá precisa de atenção muito maior do que aquela que vem tendo atualmente, deixando a cidade visivelmente defasada, com relação à atual qualidade de vida da população, inclusive, daquela que já ofereceu aos seus habitantes.
Empenho, dedicação e compromisso dos atuais gestores, mesmo que canse pode servir de exemplo para aqueles que virão noutros mandatos e, certamente, com outras teorias e diferentes daquela que experimenta a atual gestão.

Não há tempo para experiências ou para testes. O tempo é do “feijão com arroz”.

terça-feira, 4 de março de 2014

Carnaval: pontos preciosos

Rodolfo Juarez
Depois da apresentação das 10 escolas de samba filiadas à Liga Independente das Escolas de Samba do Estado do Amapá, no Sambódromo, começam as especulações sobre o resultado ou, mesmo, sobre a qualidade do resultado.
Acontece que os episódios recentes têm desacreditado a apuração dos resultados e a desconfiança ou alegação de alguns dirigentes, sobre a lisura do resultado, acaba prejudicando a credibilidade, tão necessária para todos: liga, escolas de samba, patrocinadores, brincantes e o público em geral.
As agremiações sempre entendem ter motivo para contestar os resultados e os próprios organizadores, devido a cortina de proteção que criam, sem perceber, acirram mais os ânimos para os resultados que, em regra, começam desde o núcleo que analisa o aspecto legal, sempre considerado em primeiro lugar, deixando o carnaval propriamente dito, para ser tratado em segundo plano.
Isso tem sido sensível, prejudicado o resultado do carnaval e afastado os patrocinadores que estão, na prática, restritos aqueles do setor público.
É claro que as discussões que colocam em dúvida o resultado criam obstáculos para a confiabilidade do evento e os patrocinadores que não da área pública, acabam tendo restrições, ou alegando restrições, preocupado com a vinculação de sua marca ou produto, com resultados contestáveis.
O financiamento feito com o dinheiro público, aquele vindo do Governo do Estado e da Prefeitura do Município de Macapá, não recebe o apoio da população por causa dessa falta de confiança.
No dia em que desaparecerem essas contestações certamente empresas privadas também entrarão como patrocinadores, vinculando suas marcas com o carnaval e dando melhores oportunidades aos organizadores e realizadores do evento.
É preciso buscar um meio para profissionalizar as escolas e a liga. Não dá mais para arriscar, principalmente com relação às pessoas que recebem pagamentos pela atividade laboral, aqueles que se usam a sua habilidade para ver o resultado na avenida.
Os dirigentes das escolas de samba, qualquer uma delas, em regra, enfrentam muitos problemas com relação aos contratos feitos com pessoas físicas, não só para justificar o vínculo de emprego, mas também, para elaborar o quadro de pagamentos de salários e direitos que cada um tem e que, em regra, vai parar nas varas do trabalho de Macapá.
Compreender que isso é um direito de cada trabalhador é uma obrigação das organizações carnavalescas. Apesar de a essência ser a brincadeira, o vínculo trabalhista não faz esta distinção. O que fica valendo mesmo é a obrigação do contratante.
Então é preciso ter solidez na elaboração do evento que anda tendo problemas com a credibilidade e afastando o público do Sambódromo. Este ano o público foi menor que do ano passado e o do ano passado, menor do que o do ano anterior. Isso é grave e precisa ser enfrentado.
Algumas escolas já apresentam um nível de organização superior ao da liga, o que é incoerente com a realidade das responsabilidades de um e de outro. Enquanto os dirigentes das escolas avançam na profissionalização, os dirigentes da liga tem comportamento amador e, pior, deixando longe dela o seu principal aliado – o espectador.
Para quarta-feira algumas, dia da apuração e proclamação dos resultados, defesas e alguns ataques já estão sendo elaborados e, com expectativa de razão. Pois ser penalizado administrativamente, por não cumprir tempo de exibição, antes de ser uma incoerência, é um perigo para a confiabilidade.
O desconto de décimos das escolas que não cumpriram horários ou itens de alas, apesar de ser muito interessante para o Rio de Janeiro, não quer dizer que seja interessante aqui para Macapá. E, este ano, pelo menos 6 das dez escolas têm desconto em suas pontuações o que, certamente, vai criar um ambiente desfavorável para a liga.

Não é que não puna, mas tem outras formas, igualmente eficientes, que não estendem a punição para toda a comunidade, mas penas para aqueles que são responsáveis pelo erro.