Rodolfo Juarez
Na
terça-feira, dia 28 de abril de 2015, minha mãe completa 87 anos. Ela o natural
centro de atenção de toda a família com toda a sua força e com a grande
capacidade de atrair os descendentes, estará, mais uma vez, animada ao seu
jeito, para receber os parabéns dos filhos, netos, bisnetos, noras, genros e
todos os que estão na teia desta grande família.
Dona
Raimunda Pureza Juarez além de conter todas as referências de uma guerreira,
ela faz de cada dia um momento para viver, orientar, dar exemplo, juntar.
Gosta
de ver todos alegres, o que convenhamos, com tanta gente ao redor, ainda com 11
dos 12 filhos, precisa de muita compreensão para entender cada um.
Sabe
que avida tem seus limites a cada etapa. Uns mais exigentes, outros nem tantos,
mas há todos eles a minha mãe sabe controlar e ainda apresentar a solução para
aqueles que precisam de uma luz no começo do túnel.
Os onze
filhos serão os que estarão na primeira fila, garantindo o quórum máximo e os
filhos dos filhos na segunda fila ou no segundo monte, fazendo parte da plateia
mais feliz do dia.
Os
amigos dela, os amigos dos descendentes dela e todos olharão para aquela
senhora e verão a força que ela carrega. O interesse que ela ainda tem em viver,
em querer estar disposta para ser alegre e surfar na felicidade.
Certamente
não terá como escapar das lembranças do esposo querido e do filho que mimou por
tanto tempo, mesmo nesse momento haverá esforço de cada um de nós para manter o
clima, garantir que ela mantenha a superação que garante que tem desde os
momentos da separação definitiva.
Não sei
o que ela vai dizer da cidade que tanto ama e da qual tanto lembra. Não sei que
avaliação fará. Mesmo assim todos nós ficaremos atentos às exclamações e aos
questionamentos que sempre faz e os faz com objetivo, responsabilidade e muita,
mas muita tranquilidade.
Minha
mãe é assim. Forte, alegre, vencedora de todas as corridas que a vida lhe
impôs. E, em todas as chegadas, se mostra disposta a continuar, a avançar,
completar o que falta e garantir que tudo o que faz, faz certo. Afinal de
contas, tudo o que faz tem que fazer certo porque precisa manter o nível,
garantir a atenção, comandar a todos e dizer o que é e o que não é para fazer.
Essa
mulher, nascida nas entranhas da floresta, tem a bravura de cada um daqueles
que tomou conta da fauna e da flora para todos nós que agora tomamos o açaí,
comemos o peixe, apreciamos o camarão e gostamos de farinha grossa.
Ela é
uma dessas pessoas que preferia catar a ucuúba da água, o pracaxi de debaixo da
árvore, a andiroba, o muru-muru e o xuru. Com o seu paneirinho selecionava o
taperebá, o maracujá e o bom buriti. Cuidava bem das galinhas de quintal,
principalmente das 40 para o período do resguardo de cada um dos filhos. As poedeiras
não podiam ser abatidas e as defendia das cutias, pacas e araras que habitavam
conosco.
Mamãe
era assim, mas não gostava do japiim e nem dos ninhos desse pássaro. Dizia que
eles não têm qualquer higiene e não gostam de água. Ah! Falando nisso,
lembrei-me dos patos e paturis que criava.
Minha mãe é esse mundo, incapaz de ser
completamente descrita, tanto é o amor que demonstra por todos nós.
Estamos
alegres demais e emocionados por estar com a Dona Raimunda, minha mãe, a mesma
que me ensinou que a vida é cheia de desafios e que nós temos que vencer a cada
um e, de preferência, um de cada vez. Parabéns minha mãe!