Julho: o mês em que a Rodovia BR-156 completa 88 anos em
construção.
Rodolfo Juarez
Mais um
verão que chega abrindo as comportas das oportunidades para que se complete a
construção da BR-156, tramo norte, esta que é a rodovia federal com mais tempo
de construção em todo o Brasil.
Imaginada
para ser o principal meio de indução do desenvolvimento do Estado do Amapá,
acabou se transformando no principal empecilho para esse mesmo desenvolvimento,
desenhado nos primeiros planos de interiorização do progresso na área
geográfica, primeiro do Território Federal do Amapá e, depois, do Estado do
Amapá.
A
proposta dos primeiros idealizadores da construção daquela rodovia indicava que
mais da metade do território dentro dos limites do agora Estado do Amapá, teria
na rodovia o seu principal vetor para implantação do progresso nas áreas que
estão sob o domínio dos municípios de Macapá, Porto Grande, Ferreira Gomes,
Tartarugalzinho, Pracuúba, Amapá, Calçoene e Oiapoque.
Um
seminário realizado pela Associação Comercial e Industrial do Amapá, em
fevereiro de 1999, que contou com a participação do empresário Walter do Carmo,
do agrimensor Amaury Farias e do jornalista Hélio Penafort, que palestraram e
deram um verdadeiro testemunho, quando da apresentação do painel “Histórico do
BR-156”, possibilitando aos técnicos do Governo do Estado e do Governo Federal,
presentes no evento, uma visão bem próxima do que consideraram uma verdadeira
epopeia vivida durante os mais de 45 anos de trabalho na rodovia.
Walter
do Carmo narrou que os trabalho de construção da Rodovia BR-156, tiveram início
no mês de julho de 1932, sob o comando do Marechal Cândido Rondon, ficando
paralisada no km 9 até o ano de 1945, quando foi retomada a sua construção pelo
primeiro governador do Território Federal do Amapá, Capitão Janary Nunes. Em 17
de setembro de 1952 os primeiros tratores chegaram a Calçoene e, em dezembro de
1956, na localidade de Lourenço. Em julho de 1964, foram retomados os trabalhos
de construção da rodovia e, em 28 de dezembro de 1970, quando governava o
Território do Amapá, o general Ivanhoé Gonçalves Martins, foi consolida a
ligação pioneira do Rio Amazonas com o Rio Oiapoque por estrada de terra.
Depois
de 1970 abriu-se uma discussão técnica sobre a proposta socioeconômica da
rodovia BR-156. Antes tida como uma rodovia de penetração, que buscava
interiorizar o desenvolvimento, agora passaria a ter uma proposta de rodovia de
integração, se transformando em um grande eixo econômico capaz de integrar o
Brasil ao Platô das Guianas e de promover a integração dos municípios
amapaenses no Projeto Arco Norte que previa a BR-156 chegando ao Oiapoque,
possibilitando a ligação com Caiena, de lá até Paramaribo, no Suriname e, daí até
Georgetown, na Guina, de onde sairia para Boa Vista (RR), no Brasil, daí até
Manaus, por um tronco e por outro, até a Transpacífico, a rodovia que abriu
janela para o Oceano Pacífico.
Por
enquanto, o tramo norte da Rodovia BR-156, projetado para libar a cidade de
Macapá à cidade de Oiapoque e à ponte sobre o Rio Oiapoque, é o mais esperado.
Exatamente
o trecho entre Calçoene e Oiapoque, de aproximadamente 110 km de extensão, que
foi licitado em dois lotes de, aproximadamente 55 km cada um, ainda é de terra
batida, perdendo pavimento a cada inverno e deixando os usuários ou no
prejuízo, ou muito aborrecidos pelos problemas que têm que enfrentar a cada
viagem.
O Dnit
é o órgão do Ministério dos Transportes responsável pela obra passa, no
momento, por reestruturação administrativa e técnica, buscando a reinvenção
depois das ações da Polícia Federal naquele órgão federal, em operações que
levaram ao cárcere os seus dois últimos superintendentes, acusados por
corrupção entre outros crimes, e ao encerramento das atividades do órgão em
Macapá, retornando o controle do departamento equivalente no Estado do Pará.
Assim,
neste mês de julho de 2020, quando a construção da BR-156 completa 88 anos
desde seu início, mais uma vez as esperanças se renovam e a expectativa aumenta.
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