sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Eleições 2020: a super segunda-feira

Rodolfo Juarez

O Calendário Eleitoral, elaborado pelo TSE para as eleições municipais de 2020, tem, no dia 31 de agosto, uma super segunda-feira, com nada menos do que 14 informações importantes para os partidos políticos, para os pré-candidatos e para o eleitor. Os comandos constantes do calendário têm a sustentação da Emenda Constitucional n.º 107, da Lei n.º 9.504/97, do Código Eleitoral e das Resoluções TSE n.º 23.609/2019 e 23.623/2020.

A super segunda-feira abre o período que vai até o dia 16 de setembro para que os partidos políticos realizem as suas respectivas convenções destinadas a deliberar sobre coligações e a escolher candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador, inclusive por meio virtual, independentemente de qualquer disposição estatutária e observadas as instruções do Tribunal Superior Eleitoral.

Uma vez realizada a convenção o partido deve enviar no dia seguinte a ata e a lista de presentes, via internet, ou na impossibilidade, entregue na Justiça Eleitoral, para publicação no sítio eletrônico do tribunal regional eleitoral. Também, a partir da segunda-feira a Secretaria da Receita Federal do Brasil, o pedido de inscrição no CNPJ das candidaturas cujo registro tenha sido pedido pelo partido político ou coligação. O prazo para a Receita atender ao pedido é de 3 dias.

A partir da supersegunda todos os feitos eleitorais, até 4 de dezembro de 2020, terão prioridade para a participação do Ministério Público e dos juízes de todas as Justiças e instâncias,ressalvados os processos de ​habeas corpus​ e mandado de segurança. Também neste prazo as polícias judiciárias, os órgãos das Receitas Federal, Estadual e Municipal, os tribunais e os órgãos de contas auxiliarão a Justiça Eleitoral na apuração dos delitos eleitorais, com prioridade sobre suas atribuições.

Uma vez o pré-candidato se torne, na convenção, candidato, lhe é assegurado o exercício do direito de resposta ao candidato, ao partido político ou à coligação atingidos, ainda que de forma indireta, por conceito, imagem ou afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica, difundidos por qualquer veículo de comunicação social.

A divisão do tempo destinado à propaganda no rádio e na televisão no horário eleitoral gratuito terá o cálculo da representatividade do partido na Câmara dos Deputados. Vale também o cálculo para a participação em debates transmitidos por emissoras de rádio e de televisão. A partir da convenção partidária é permitida a formalização de contratos que gerem despesas e gastos com instalação física e virtual de comitês de candidatos e partidos políticos, desde que só haja o efetivo desembolso financeiro.

A super segunda também é o último dia para a Justiça Eleitoral dar publicidade aos limites de gastos estabelecidos em lei para cada cargo eletivo em disputa. Os partidos políticos e os candidatos, após a obtenção do número de registro de CNPJ do candidato podem abrir a conta bancária.

Cônjuges e/ou companheiro não podem servir como juízes, nos tribunais eleitorais, como juízes auxiliares, como juízes eleitorais ou como chefe de cartório eleitoral, o cônjuge ou companheiro, parente consanguíneo ou afim, até o segundo grau, de candidato a cargo eletivo registrado na circunscrição. Nas pesquisas eleitorais todos os candidatos devem constar da lista. Já a partir de segunda-feira os responsáveis por emissora de rádio, de TV, de provedores deverão apresentar aos tribunais eleitorais a indicação do seu representante legal e os seus endereços físicos e eletrônicos.

A super segunda, assim, marca o inicio efetivo do pleito.

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Na pré-campanha eleitoral só não vale o 'pedido expresso do voto"

Rodolfo Juarez

Daqui a cinco dias começa o período reservado para as convenções partidárias que vão indicar os candidatos a prefeito, a vice-prefeito e a vereador da câmara do município. Na disputa dos cargos de prefeito e vice-prefeito são permitidas as coligações, já na disputa para o cargo de vereador os partidos não podem coligar.

Desde 2016 que a legislação adotou um período para a chamada pré-campanha que vai até o dia da convenção do partido, pois, a partir da convenção começa a propaganda eleitoral propriamente dita.

Assim, entre 31 de agosto e 16 de setembro os partidos realizarão as convenções. A prática tem indicado que a maioria dos partidos marca a data da convenção para os últimos dias do prazo estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral, então, é provável que essa maioria marque a convenção para os dias 13, 14, 15 e 16 de setembro.

Esse momento, reservado para a pré-campanha foi, também o momento em que os pré-candidatos colocaram o seu nome na mídia para sentirem o acolhimento do eleitor e definir os pontos básicos da campanha propriamente dita, do programa de governo e, também, tirar as dúvidas sobre aqueles que não vão participar do pleito.

Desde maio, quando ainda se discutia o adiamento das eleições previstas para o dia 4 de outubro, que os pré-candidatos a prefeito já se consideravam em pré-campanha.

E o que é a pré-campanha?

Muitos grupos interessados no assunto debateram, em busca de uma visão comum que permitisse entender quais seriam os limites da pré-campanha. O Ministério Público Eleitoral do Piauí, através da Procuradoria Regional Eleitoral, publicou, em 4 de junho de 2020, a Orientação Técnica n.º 02/2020, que estabelece diretrizes para atuação dos Promotores Eleitorais do Estado do Piauí na fiscalização da Propaganda Eleitoral Extemporânea ou Antecipada, relativa às eleições de 2020, que se constitui um dos estudos mais esclarecedores dessa intricada separação entre pré-campanha e campanha antecipada.

O artigo 36-A da Lei das Eleições, Lei n.º 9.504/97 trouxe diversos atos que não caracterizam propaganda antecipada, quais sejam:

1) a participação de filiados a partidos políticos ou de pré-candidatos em entrevistas, programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos políticos, observado pelas emissoras de rádio e de televisão o dever de conferir tratamento isonômico;

2) a realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente fechado e a expensas dos partidos políticos, para tratar da organização dos processos eleitorais, discussão de políticas públicas, planos de governo ou alianças partidárias visando às eleições, podendo tais atividades ser divulgadas pelos instrumentos de comunicação intrapartidária;

3) a realização de prévias partidárias e a respectiva distribuição de material informativo, a divulgação dos nomes dos filiados que participarão da disputa e a realização de debates entre os pré-candidatos.

De tão exaustivas que são as hipóteses de exceção trazidas acima enfraquecem o rigor das disposições constantes da Lei das Eleições, autorizando até mesmo a divulgação das ações políticas desenvolvidas durante o mandato parlamentar antes do dia 16 de agosto sem que seus divulgadores e beneficiários sejam responsabilizados, desde que não haja “pedido explícito de voto”.

Este entendimento foi encampando pelo Tribunal Superior Eleitoral, que em sua recente jurisprudência confirma o que se compreende pré-campanha.

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

O Crea/AP precisa sair da caixa

Rodolfo Juarez

No próximo dia 1.º de outubro está marcada a eleição presencial para escolha do presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Amapá – Crea/AP, como também os dirigentes da Mútua/AP – Caixa de Assistência dos Profissionais dos Crea/AP. Os cargos que serão disputados pelos profissionais não remunera os eleitos e, mesmo assim, há uma incrível energia que alimenta a vontade de continuar no cargo de todos aqueles que até agora foram eleitos e reeleitos.

Enquanto isso o chamado Sistema Confea/Creas que, através das eleições tem o propósito de arejar a administração dos órgãos daquele sistema acaba criando grupos que lutam para permanecer nos cargos e, com isso perdendo o sentido fundamental da troca de administradores em busca de resultados que funcionem, através dos profissionais, na integração com a sociedade.

O desprestígio dos conselheiros federais deixa-os à mercê de avaliações errôneas, que são justificadas pela fraca presença das autoridades administrativas das engenharias locais no bloco que indica e pratica o processo de decisão.

O sistema como um todo anda abalado por erros sucessivos e que dá para perceber os rachas havidos entre aqueles que precisariam estar unidos, não só para terem tempo de pensar o sistema, mas para não cair no descrédito da sociedade que sabe ser importante a participação do engenheiro.

Aqui no Estado do Amapá, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia – Crea/AP anda manquitolando por razões das dificuldades financeiras que encontra para manter a presença social da entidade como um dos órgãos de confiança social.

As divisões, nesse momento de eleição estão extrapolando todas as medidas e empurrando para o desinteresse todos aqueles que percebem desvio de finalidade nas ações que interessam para o Estado. Aliás, que, com relação ao Estado, o Crea/AP não consegue inserir-se para dar qualquer opinião. As própria entidades que indicam os candidatos à dirigentes e conselheiros estão desanimadas, com  restrita participação de profissionais, muito embora isso até pareça o modo mais eficaz de manter o poder quando afasta os profissionais das entidades.

Mesmo com a pandemia provocada pelo novo coronavírus o Crea/AP manteve-se “na caixa”. A impressão que se tem é que não houve tempo os dirigentes do Confea e dos Creas refletirem sobre esse momento especial.

Aqui no Amapá o Crea foi ignorado ou fez-se ignorar na busca de solução para os problemas que poderiam ser resolvidos com aplicação do conhecimento dos engenheiros na participação do desenvolvimento de equipamentos de proteção individual, ou de equipamentos de respiração, competência que os engenheiros têm e poderiam aplicar na cooperação no processo de contribuição para o sistema de saúde.

Mais uma vez as eleições estão ai para serem realizadas. Os erros estruturais são os mesmos de outros pleitos, administrados por uma Comissão Provisória tanto para eleição do Confea, como para a eleição dos Creas. Os conselheiros federais, por exemplo, são em numero menor que o n.º de Estados, enquanto que, por exemplo, na Ordem dos Advogados do Brasil, são 3 por estado.

Outro número que preocupa no Amapá é a abstenção que supera 50% e, por isso, dos mais de 1.000 engenheiros e agrônomos com atuação no Estado do Amapá, em torno de 500 comparecem para votar.

Os próximos dirigentes, do Confea e do Crea, precisam ter novos rumos para apresentar à sociedade. Caso contrário, a exemplo do Amapá, a dívida do sistema vai aumentar para com a população amapaense. 

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Não saberei o que dizer para o meu bisneto ou minha bisneta!

Rodolfo Juarez

As famílias, em regra, ficam agitadas quando podem identificar, na lista de ascendentes e descendentes vivos, o nome de bisavô, de bisavó, ou de ambos, e o nome de bisneto, de bisneta, ou de ambos. E cada vez esses momentos são mais raros.

O modelo de família com muitos filhos e filhas está se tornando escasso pelo novo momento no qual vive a sociedade atual, com novos conceitos e com muitos problemas para resolver, inclusive da conciliação do trabalho da mãe e do pai para conseguir criar, nesse novo tempo, os filhos.

Quando eu nasci, as famílias, principalmente na nossa região, eram numerosas, com muitos filhos e netos, e ainda os bisnetos. Os pais casavam muito sedo, tinham filhos com baixa idade e podiam ver os netos e bisnetos com mais frequência. Agora não, há um controle incentivado da natalidade, especialmente antes da concepção.

Por outro lado o idoso encontra grades problemas para viver nessa nova sociedade, depois de ter experimentado uma juventude e até mesmo a maturidade, sem controles incentivados, sem camisinhas, anticoncepcionais e contando com uma nova consciência de que não tem sentido ter muitos filhos dados a necessidade de educá-los, cuidar da saúde e alimentá-los em um ambiente de grandes dificuldades para manter os filhos no rumo desejado pela família.

Muitos idosos têm pagado com a própria vida, com morte precoce, devido o comportamento da “nova família” que considera seus problemas, aqueles dos seus descentes de 1.º grau, isso quando considera, e os antecedentes que enfrentem os seus problemas de saúde, de falta de trabalho e alimentação, sozinhos.

O bisneto é o filho de um neto ou uma neta. O bisavô ou a bisavó são pais do avô ou da avó do bisneto. Os pais do bisneto ou bisneta são netos do bisavô ou bisavó.

Na família nova a relação parentesca tem um desenvolvimento circular na afetividade e linear no cuidar da saúde e da educação e, ainda, vertical no cuidar da alimentação.

Hoje se identifica os idosos muito bem relacionados com os netos e bisnetos, quando o assunto é afetividade; os pais mais relacionados com os filhos quando o assunto é educação e saúde; e já não é raro ver os avós responsáveis pela alimentação e outras necessidades dos netos.

Apesar de, no âmbito geral, haver significativa diferença de idade, atualmente é possível ver netos e avós juntos em atividades que exigem boa forma física e resistência, bem como artes marciais ou andar de bicicleta. Já não é incomum ver netos adolescentes e seus respectivos avós estudando juntos em universidades abertas ou cursos não acadêmicos, dividindo o interesse pelo mesmo tema.

Nessa nova composição familiar, apesar de distanciamento no grau de parentesco, já é grande o número de netos sob a guarda ou tutela dos seus avós.

A pergunta mais repetida que os membros da atual sociedade se fazem é: “que mundo vamos deixar para nossos netos e bisnetos”.

As pessoas estão construindo uma sociedade sem perspectivas. As metas estão completamente esquecidas e, a cada dia, os problemas se acumulam e homens e mulheres acreditam na sua verdade que é mentira para o outro, e vice-versa.

Construí esse raciocínio para dizer que não tenho nenhuma informação para dar para o meu bisneto que vai chegar ao começar do ano que vem. Confesso que não sei como será o modelo de educação, ou se haverá uma educação modelada; não sei nada da saúde daquele tempo que virá e do que estaremos nos alimentado.

Sei que meu bisneto vai precisar de muito amor. E não sei se saberei a forma! 

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Advogado: um soldado na trincheira da Justiça

Rodolfo Juarez

Hoje é Dia do Advogado. Um dos motivos de celebração que dispõe a sociedade brasileira, pelo que representa o advogado na administração da justiça e no equilíbrio entre os que podem mais, os que podem menos e os que nada podem.

Os constituintes que elaboraram a Constituição de 1988 foram diretos quando deixaram registrado na Carta Magna, no art. 133, que “O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”.

A Lei é a de n.º 8.906, de 4 de julho de 1994, que dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), define no art. 1.º as atividades privativas do advogado; e, logo no art. 2.º confirma o postulado constitucional quando afirma que “o advogado é indispensável à administração da justiça”.

Essa regra é geral e, como tal, de aplicação também geral.

A Ordem dos Advogados do Brasil – OAB é legalmente classificada (art. 44) como um serviço público, dotado de personalidade jurídica de forma federativa e tem por finalidade: I - defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas; e II - promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil.

A Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, seção do Amapá, foi fundada em sessão realizada no dia 9 de dezembro de 1953, caminhando para 67 anos, mas apenas em 27 de abril de 1963, dez anos depois, é que a OAB/AP foi definitivamente desmembrada da Seccional da OAB do Pará, por ter atingido o número mínimo de advogados militantes inscritos na OAB/AP.

A primeira eleição para escolha do presidente e dos conselheiros seccionais aconteceu em 1.º de fevereiro de 1987, depois do presidente da administração provisória, Pedro Petcov, tomar toda as providências necessária para que pudesse assumir presidente e demais membros dos poderes eleito na forma prevista no Estatuto da OAB.

O advogado José Newton Campbell Moutinho foi o primeiro advogado presidente da OAB, Seção do Amapá, que presidiu a diretoria da Ordem em 1977 e 1978.

Desde 1978 para cá foram mais 14 presidente diferentes a comandar a Instituição. O atual presidente Auriney Brito, é o 16.º advogado presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seção do Amapá.

No dia 27 de março de 2009 foi criada a Caixa de Assistência dos Advogados do Amapá, estando com 11 anos de funcionamento e com sede própria, tem como finalidade assistencial promover a seguridade complementar em benefício dos advogados inscritos na Seccional do Amapá.

É uma entidade beneficente sem fins lucrativos, com personalidade jurídica e patrimônio próprios, dotada de autonomia administrativa e financeira, constitui serviço público federal, nos termos do Estatuto da Advocacia (Lei nº 8.906/94).

Hoje a Caixa de Assistências dos Advogados do Amapá é presidida pelo advogado Jorge José Anaice da Silva, com mandato até 2021.

O Advogado, que já chegou a notabilizar-se na exploração do “dia do pendura”, hoje busca ser um soldados na tricheira da justiça, distribuindo-a para todos no memento onde a desigualdade se manifesta por várias frentes e, em cada uma delas está um valente soldado para impor o império da Constituição e das Leis.

sábado, 8 de agosto de 2020

Pais felizes todos os dias

Rodolfo Juarez

O Dia dos Pais é no domingo dia 9 de agosto. Há razões que justificam a escolha do segundo domingo de agosto para a realização da celebração do Dia dos Pais.

Aqui no Brasil, a data é festejada desde 1953, quando um publicitário importou a ideia e, naquele ano, a comemoração aconteceu no dia 14 de agosto, data coincidente com o aniversário de São Joaquim, considerado o patriarca da família.

Muito antes, entretanto, o filho de Nabucodonosor, Elmesu, teria moldado o primeiro “Cartão do Dia dos Pais” na antiga Babilônia, fazendo uma placa em argila em que desejava sorte, saúde e vida longa para o seu pai.

A data de 14 de agosto antes sugerida para as comemorações do Dia dos Pais foi trazida para o segundo domingo de agosto para que pudesse ser comemorada sempre nos finais de semana, quando a maioria dos pais esta de folga do trabalho e podem aproveitar o momento com a sua família.

A comunidade amapaense comemora o Dia dos Pais, imagino desde que foi criado o Território do Amapá. Estão na memória as histórias dos idos de1944 quando Janary Nunes fazia realizar naquele dia uma grande festa comemorativa onde os convites, alem dos agentes do Governo, eram estendidos à população em geral, com distribuição de brinquedos para os filhos dos funcionários do Território e daqueles que participavam da festa.

Isso perdurou por bom tempo e chegou a contar com a participação de artistas de outras partes do Brasil com o objetivo de atrair mais gente para o grande momento.

Tornei-me adulto acostumado a essas comemorações que, com o passar do tempo foram definhando ao ponto de ter sido deixada de lado sob a alegação de falta de recursos, mas o que pareceu mesmo foi negação da importância do evento e a vontade de não dar continuidade para um projeto que não tinha sido idealizado pelo grupo que assumia o governo do Amapá.

Assim a festa pública acabou, mas ficaram os resultados na intimidade das residências locais, com as festas particulares, sem conseguir enxergar aqueles que davam o tom de importância – a população pobre, pais e filhos, que esperavam o Dia dos Pais para receber o presente que dariam aos pais.

Essa mudança foi aprovada pela parte mais abastada da sociedade, sem perceber que cada filho, inclusive os mais carentes, tem um pai e que o segundo domingo de agosto é instigado e provocado a oferecer o carinho para o pai, seja com presentes, seja com abraços ou sorrisos.

Assim a sociedade passou a identificar três tipos de pai: o herói, o kit básico e o progenitor. Felizmente a maioria atual é do tipo 1. Querem ser o herói da família, exercendo vários papéis: o herói financeiro, o que quebra todos os ganhos, troca todas as lâmpadas e que mata todas as baratas.

Também tem o pai bonachão, aquele que adora fazer surpresas, mas também tem aquele pai que faz tudo para os filhos irem à luta, para ficarem sabendo que, quando casarem, constituírem família, o pai é o porto seguro.

O segundo tipo é aquele que cuida dele em primeiro lugar e, em segundo lugar, cuida dele de novo. Aos filhos proporciona o kit básico: saúde, alimentação, transporte e educação, com menos gasto possível. Alguns se fazem de herói fazendo o filho acreditar que o kit é pesado e que está no limite.

O terceiro são aqueles que não reconhecem a paternidade. Humilham e prejudicam os filhos. Não são pais, talvez progenitores.

Meu desejo é que todos nós pais, sejamos pais felizes todos os dias.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

A arte de fazer política

Rodolfo Juarez

Aos poucos as eleições municipais do dia 15 de novembro começam a tomar corpo e a ocupar espaços na imprensa que vinha dando cobertura para a covid-19 e suas consequências. Os eleitores estão, até o momento, avaliando que 2020 não parece ano de eleição “com mais notícias da pandemia, de assassinatos, feminicídios e apreensões de drogas do que de eleições”.

Depois da promulgação da Emenda Constitucional 107, que adiou o primeiro turno das eleições municipais para o dia 15 de novembro, retardando em 42 dias o pleito, houve assim uma espécie de freio nas discussões que já ganhavam corpo um pouco antes da modificação da data.

Desta vez o eleitor, os partidos políticos e os políticos, que não congressistas, esperaram pela ação do Congresso Nacional em dar um jeito no problema que todos reconheciam urgente, mas poucos partiam para resolver a questão.

A legislação, com sua inflexibilidade, não permitia alternativa. Com ou sem pandemia a eleição estava marcada. Chegaram até cogitar unificar os pleitos no Brasil com a prorrogação dos mandatos dos atuais prefeitos por dois anos. A situação legal, entretanto, tornava-se ainda mais intransponível.

Resolvida a questão com o adiamento do pleito, mais induvidosa tornou-se a eleição para escolha de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, agora com data marcada e sem mais a possibilidade de prorrogação de mandatos.

Passados os primeiros dias, uma espécie de férias das questões políticas, agora os agentes do processo estão voltando entusiasmados, aliás, como deve se o processo eleitoral brasileiro que teve tempo reduzido para a campanha, mas ganhou tempo na pré-campanha.

A minirreforma eleitoral acabou com a coligação para as eleições proporcionais. Esse novo modelo vem complicando a cabeça dos profissionais da política, uma vez que os arranjos da campanha, tanto para vereador como para prefeito e vice-prefeito, ganham contornos que vão precisar ser explorados de forma diferente daquela conhecida e experimentada, que trouxe resultados inesperados quando na disputa estava o paparicado “puxador de votos”.

Há pré-candidato, veterano nas disputas, que ainda não achou a estratégia que usará na pré-campanha, que vai até a convenção, e na campanha que vai até a véspera da eleição do dia 15 de novembro.

O drama vem quando o pré-candidato começa a fazer as contas. Percebe que as parcelas são pequenas para alcançar a soma dos votos que entende precisar para compensar o trabalho e o dinheiro que terá que realizar e gastar, para manter a esperança em garantir a vaga que vai disputar.

Há poucos dias tive oportunidade de acompanhar uma avaliação feita pelo pré-candidato da Rede Sustentabilidade, Rubem Bemerguy, quando chegou a aconselhar que o prefeito Clécio Luis deixasse o partido pelo qual se elegeu prefeito em 2016, para evitar desgastes.

Claro que nesse momento o pré-candidato não estava pensando nos eventuais prejuízos políticos que via nas atitudes administrativas que o prefeito tomava, mas na possibilidade futura do prestígio administrativo, ser transformado em reconhecimento político que poderá somar noutra conta e não na conta da Rede Sustentabilidade.

Isso é ruim para o pré-candidato? É. Os dois, o pré-candidato e o prefeito, são do mesmo partido, mas, pelo menos no momento, estão caminhando caminhos diferentes e, se continuar assim, não soma e, pior, divide e em parcelas desiguais.

domingo, 2 de agosto de 2020

Sem perder a linha e a fé


Rodolfo Juarez
O tradicional mês das férias está encerrando nesta sexta-feira, dia 31 de julho. Este ano está se caracterizando pelo cancelamento dos grandes eventos que são “propriedades” do povo.
O Macapá Verão, que é um desses eventos, foi escolhido pela gestão do atual prefeito de Macapá para ser uma das marcas da sua administração, ficou no silencia. Sempre uma época agitada, com muita gente falando alto, correndo de um lado para o outro ou simplesmente se protegendo do sol escaldante, próprio do Equador Macapaense.
Neste verão das férias tudo foi muito diferente. Uma diferença que deixa as suas sequelas, principalmente para os negócios dos pequenos empreendedores que esperam esse período para garantir melhoria na sua qualidade de vida, morando em Macapá ou Distrito da Fazendinha.
Os negócios foram fracos pela ausência dos frequentadores, obedientes que foram às autoridades que recomendaram, para o período, que ficasse em casa, e evitassem aglomerações, mantendo o isolamento social.
Seria o último trabalho no Macapá Verão do atual prefeito de Macapá, que sempre apoiou o evento dando condições, dentro dos limites do Tesouro do município, para que os locais fossem minimamente atraentes e que pudessem dar um mínimo de conforto, especialmente para as famílias mais pobres que sempre estão dispostas a viver aquele que é o maior evento do verão, ou período sem chuva, em todo o município de Macapá.
Nesse tempo também é muito movimentado o Curiau, com suas comidas típicas e banho perto. Este ano também não tem, como não acontecem para os veraneios do Lontra, de São Joaquim, do Curicaca e de outras terras de particulares aproveitadas para atrair os visitantes, como nas regiões de lagos acessadas a partir da BR-156.
É o grande desafio para compreender o momento!
Não adianta rebelar-se, arriscar-se ou ignorar a realidade. Desta feita o vírus invisivel não permitiu também o divertimento da população. Está obrigando aos precavidos que fiquem em casa, experimentando um Macapá Verão diferente, que exige muito cuidado, no mínimo redobrado, para que não desafie o agressor que já levou tanta gente para a sepultura.
Podemos dizer que estamos no momento mais delicado de todo o processo. Sair do alcance do novo coronavírus é o principal objetivo de cada um. Portanto desafiá-lo e arriscar o poder de ataque que tem o vírus não é indicado para ninguém.
O sol está ai. Nasce, como sempre, para todos. Não deixe que um exagero ou descuido dê oportunidade para receber um ataque, na maioria das vezes sem perceber qualquer coisa diferente.
Não resta qualquer dúvida que o preço que a população está pagando é muito alto. Não é exagero de ninguém quando algum de nós fica sem saber o que fazer e entediado, querendo “sabe-se lá o que”.
Mas é preciso ter paciência, compreender o que está acontecendo, entender a lógica desse tempo e proteger-se sempre das armadilhas que estão espalhadas pelo nosso caminho, pronto para prender-nos e, não adianta duvidar, pode nos reter definitivamente.
Assim é esse tempo. Claro que não o escolhemos para viver, mas temos que vivê-lo sem perder a linha e a fé.