domingo, 29 de maio de 2022

Um comentário qualificado, coerente e realista

Rodolfo Juarez

Na última edição do Jornal Aqui Amapá (JAA) publicamos um artigo tratando da emigração dos jovens talentos amapaenses para estados do Sul do Brasil, especialmente para Santa Catarina em busca de melhor qualidade de vida, de escolas qualificadas e emprego.

O assunto chamou a atenção do especialista em análise estatísticas, o Dr. Adrimauro Gemaque, que assim se manifestou sobre o artigo que escrive para o jornal e que, também, publiquei nas redes sociais que uso com mais frequência. O especialista assim se manifestou:

“Boa noite, meu amigo e Prof. Dr. Rodolfo Juarez!

Como sempre, você traz temas em seus artigos que merecem reflexões, principalmente pelos gestores públicos e por que não dizer também pelos nossos parlamentares, sejam em âmbito federal como estadual.  

Realmente, a emigração que vem ocorrendo com a população jovem do Amapá, é de conhecimento da sociedade. Como você destaca em seu artigo (...) uma emigração em busca de oportunidade de trabalho e, em consequência, de emprego e de estudo. 

Muito embora, como você disse, não exista um estudo fundamentado e nem estatísticas oficiais que retratem os números dessa emigração. Os palpiteiros de plantão já lançam números por aí. Agora é aguardar o Censo de 2022 do IBGE para que possamos constatar o tamanho desta realidade. 

É fato que a população se movimenta, e esses deslocamentos estão sempre associados a questões econômicas. O crescimento da população na década de 2000 a 2010 foi de 36%, segundo o IBGE. Não foi exclusivamente crescimento vegetativo. Foi a migração que elevou este percentual.

Em 2010, o Censo do IBGE apontou que dos 156 mil paraenses que moravam no Amapá, 26,14% vieram para as terras tucujus na década de 2000 a 2010. O outro estado que mandou gente para cá foi o Maranhão. Porém, em percentuais bem inferiores. Foi nessa década que muitos concursos foram realizados e, também, a instalação de vários órgãos, inclusive federais.

Então, estamos perdendo jovens para a emigração e perdendo para a violência. Muito embora, a população do Amapá seja a segunda mais jovem do país. Só perdemos para Roraima, isso irá futuramente impactar na economia. Afinal, estamos perdendo força de trabalho. 

Nas ocorrências policiais que são mostradas pela imprensa, lá está sempre um jovem ou ele é autor, vítima ou comparsa. 

Faz-se necessário e urgentemente que sejam implementadas políticas públicas voltadas para a juventude do Amapá. O estado é o segundo no ranking com 34% de jovens que nem estuda e nem trabalha na faixa etária de 15 a 29 anos. A chamada “geração nem nem”. Perdemos, para o Maranhão, que é de 36%.

Afinal, nossos governantes não podem deixar de enxergar esta realidade. Faz-se necessário a implementação de políticas públicas para que essa população não siga para criminalidade, o que de fato vem ocorrendo. 

Este é um tema relevante, e que precisa amplamente ser debatido em instâncias de governo buscando alternativas para mudar esta realidade. Caso contrário, ficamos nós dois com nossas indignações e eu em especial nesta noite de sábado querendo contribuir...” 

quinta-feira, 26 de maio de 2022

Como o Amapá está perdendo os seus jovens talentos

Rodolfo Juarez

Ainda não tem um estudo fundamentado, ou se tem não conheço, sobre o movimento de emigração dos jovens amapaenses na direção das cidades da região sul do país, principalmente para os municípios do interior do estado de Santa Catarina.

Não se trata de uma emigração em busca de qualidade de vida, mas sim de uma emigração em busca de oportunidade de trabalho e, em consequência, de emprego e de estudo.

A questão central: qual é o perfil desses amapaenses que estão buscando oportunidades de emprego e estudo nos estados do Sul e principalmente em Santa Catarina?

Aparentemente trata-se, basicamente, de jovens que entendem que têm talento suficientes para que sua capacidade seja aproveitada no desenvolvimento daqueles estados sulistas.

As histórias sempre são canalizadas para um mesmo roteiro: vai um membro da família, sonda o ambiente, arranja o sonhado emprego e, em menos de seis meses, já volta aqui apenas para buscar os familiares, anunciando que tem emprego onde está, vendendo tudo o que a família construiu aqui e mudando, todos, para onde aquele membro foi como desbravador e que agora volta vitorioso por ter conseguido o emprego, a vaga na escola e com a perspectiva de que o mesmo vai acontecer com os seus familiares, tanto para aqueles que estão em busca de trabalho, como para aqueles que estão precisando de uma boa escola.

O exercício de comparar as avaliações das escolas daqui e do sul do Brasil nos deixa em grande desvantagem. O Amapá, infelizmente, já faz algum tempo que não consegue subir na escala de classificação de resultados nas comparações nacionais na educação.

Mas, e depois, quando precisarmos dos nossos talentos que estão, por iniciativa própria, deixando o Estado?

Certamente que vão fazer falta!

Estamos perdendo esses talentos para os estados do Sul. É preciso que haja uma ação no sentido de estabelecer atrativos para que se evite essa emigração.

Temos históricos, como de 50 anos ou mais, do aproveitamento dos talentos nativos, sem qualquer distorção profissional, mas com a capacidade criativa dos gestores públicos e empresários privados, possibilitando que o fluxo fosse ao contrário, com o Amapá sendo ponto de atração de profissionais talentosos, de diversas áreas, que participaram do desenvolvimento naquele momento.

Todos precisamos despertar para evitar que o Amapá continue sendo ponto de saída de talentos e, ao contrário, possa trazer de volta os que já se foram e ainda contar com o trabalho de outros nacionais ou não nacionais, mas talentosos, capazes de contribuir para o desenvolvimento e o crescimento estrutural do Amapá.

domingo, 22 de maio de 2022

As ideologias dos partidos políticos e as coligações

Rodolfo Juarez

O TSE guarda nas suas prateleiras a documentação de 32 partidos políticos, devidamente regularizados, na forma das regras postas pela Lei dos Partidos e prontos para as disputas da preferência do eleitor na forma da Lei das Eleições.

Cada partido tem definido o seu Estatuto, o seu programa e a proposta de uma ideologia. Uma vez que se pode definir partido como um grupo organizado, legalmente formado, com base em formas voluntárias de participação numa associação orienta para ocupar o poder político.

No Brasil, a política funciona para atender o modelo de república federativa presidencialista, formada pela União, os estados, o Distrito Federal e os municípios. O exercício do poder é atribuído a órgãos distintos e independentes, submetidos a um sistema de controle para garantir o cumprimento das leis e da Constituição.

Atualmente os partidos estão buscando fazer-se compreender quando apresenta propostas ao eleitorado brasileiro que, muito acostumado ao paternalismo, com boa parte dele não hesitando em não fazer do seu voto uma importante opinião, trabalhando no sentido de definir uma condição social melhor para todos.

Depois de tantas mudanças de nomes de partidos, fusões e incorporações partidárias, vários partidos retiraram a palavra “partido” do nome que vinha apresentando por muito tempo, gerando novos partidos e modificando os registros nos Tribunais Eleitorais, tanto no superior como nos regionais.

O MDB, que foi PMDB, depois voltou para MDB, é agora o partido mais antigo com registro no TSE (30/06/1981), vai completar 31 anos; outros dois partidos também são de 1981, o PTB (03/11/81) e o PDT (10/11/85).

O União Brasil, por exemplo, que nasceu da fusão do DEM com o PSL, foi registrado no TSE no dia 8 de fevereiro de 2022, passando a ser o partido mais novo nos registros nos tribunais.

Cada partido diz ter uma ideologia. Assim, as opiniões variam de partido e posições no aspecto político, por isso, partidos ditos de esquerda costumam ter uma visão mais progressistas; enquanto os partidos de direita, tendem a ter uma visão mais conservadora.

Os partidos políticos ainda têm as proximidades devido às lideranças. Nos estados e nos municípios são formadas, ao longo das campanhas, alianças que ideologicamente seriam impossíveis, mas que, pela oportunidade, se tornam quase que obrigatórias para a sobrevivência dos partidos e dos seus líderes.

Analisando os dois pré-candidatos ao governo do estado, Clécio Luiz (Solidariedade) e Jaime Nunes (PSD), a aliança com do PDT com o Solidariedade tem tudo a ver, ambos partidos progressistas. Agora a aliança do PSD com o Cidadania é contraditória, O PSD conservador e o Cidadania (representado pelo prefeito Antônio Furlan) é progressista de raiz.

Tem importância isso?

O eleitor é quem vai dizer. Ocorre que o SOLIDARIEDADE, foi fundado por dissidentes do PDT, tendo, assim afinidades ideológicas com o partido do governador (PDT), enquanto o PSD, foi o partido nasceu com promessa de atender anseios da nova classe média, a velha classe C, enquanto o partido CIDADANIA foi fundado e registrado em 1992 com o nome Partido Popular Socialista (PPS), sendo uma iniciativa de parte dos membros do antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB). 

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Cultivando mururé no deserto

Rodolfo Juarez

Venho observando pessoas alardeando anúncios, por diversos meios de comunicação, incentivando investidores a desenvolver projetos econômicos em áreas do Amapá sem qualquer substância legal ou segurança jurídica.

São proposta que não encontram apoio nos raros programas que foram estruturados no estado no sentido de servir de suporte para matriz econômica proposta pelos governos, alguns preservacionistas, que tem como matriz original o Programa de Desenvolvimento Sustentável, estrutura no governo do PSB e que não foi dado seguimento no governo do PDT, sob a alegação explicita de retrocesso.

As tentativas de estabelecimento de programas de desenvolvimento para o estado por parte dos pensadores do PDT acabaram por esbarrar na fragilidade das propostas, entendidas como impossíveis de serem implantadas em terras que pertenciam à União.

Recentemente os mesmos pensadores pedetistas, mesmo de outras matrizes ou sob outras orientações, voltaram à carga às vésperas das eleições e propuseram programas e projetos como alguns títulos fora do comum, expondo na mídia local como “a última bolacha do pacote”.

Claro que não chamou a atenção de ninguém e os poucos que receberam os detalhes dos projetos de desenvolvimento sem futuro, acabaram esquecendo logo e não avançando para a estruturação legal por razões imaginadas com facilidades, mas que desacreditam como projetos que podem gerar emprego e renda.

Neste aspecto, enquanto os técnicos do Governo do Estado continuarem imaginando projetos que não servem para o desenvolvimento local, exatamente porque não geram o esperado emprego e muito menos a renda que pode sustentar os empregos e a boca aberta, sempre insaciável, do lado daqueles que conduzem a política tributária local.

Assim vamos terminar mais um governo que, depois de quatro anos de mandato, tendo como governador substituto um conhecido empreendedor local, onde tantas expectativas foram colocadas e que o seu período de mando não durou mais de o dia seguinte da posse.

Não fica difícil observar que os projetos propostos com a promessa de gerar empregos, fortalecendo a renda, não passam de tentativas equivalentes a cultivar mururé no deserto.

 

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Dois anos de hemodiálise na Uninefro

Rodolfo Juarez

Neste dia 18 de maio de 2022, véspera do meu aniversário de nascimento (76 anos), completo 2 (dois) anos que estou sendo assistido em sessões de hemodiálise na Clínica Uninefro, em Macapá/AP, na Avenida Procópio Rola, n.º 1315.

Na qualidade de paciente, faço a sessão de hemodiálise às segundas, quartas e sextas-feiras. Chego na clínica entre 12:00 e 12:15 horas. O acesso ao interior da clínica ocorre obedecendo à ordem de chegada. A primeira ação é na balança onde se afere o peso de chegada e, na prática, define quanto de “peso” será retirado do paciente.

Depois da pesagem o protocolo exige a higienização da fístula arteriovenosa, um acesso vascular definitivo para realizar hemodiálise. A fístula arteriovenosa é a junção de uma veia e uma artéria, feita pelo cirurgião vascular com anestesia local e, com isso, a veia torna-se mais calibrosa e resistente, possibilitando que as punções com as agulhas de hemodiálise possam ocorrer com um mínimo de complicação.

Depois desses procedimentos é que ingresso na estação de hemodiálise.

A Clínica Uninefro conta com um salão com 4 estações de hemodiálise, com 32 máquinas de hemodiálise, incluindo as máquinas que estão no isolamento e as que ficam como reserva para as eventualidades.

Eu faço 4 horas de hemodiálise em cada sessão, ou 12 horas por semana, na Estação n.º 3, e tenho como companhia, na estação, mais 7 (sete) pessoas que também em hemodiálise, sempre assistido por, no mínimo (2) dois técnicos de enfermagem, sob a supervisão de, no mínimo 3 enfermeiros e 1 médico ou uma médica. A supervisão do médico ou da médica ou da enfermeira ou do enfermeiro é permanente, com a equipe de enfermagem atenta às necessidades dos pacientes.

Estimo que em Macapá e em Santana, estão instaladas 84 máquinas de hemodiálise, atendendo em torno de 310 pacientes renais crônicos.

O paciente renal crônico é aquele diagnosticado com insuficiência renal, ou seja, na condição na qual os rins perdem a capacidade de efetuar suas funções básicas. A insuficiência renal pode ser aguda (IRA), quando ocorre súbita e rápida perda da função renal, ou crônica (IRC), quando esta perda é lenta, progressiva e irreversível.

A insuficiência renal crônica (IRC) atinge, segundo o último censo do IBGE publicado recentemente, 184.077 pessoas no Brasil e destes, atualmente, 173.400 (94,2%) são atendidos em hemodiálise, os outros 5,8% (10.677 pessoas) são atendidos com a diálise peritoneal que, para os especialistas na avaliação do tema, é um fator extremamente preocupante, uma vez que a dialise peritoneal, mais indicada para crianças, idosos e cardiopatas, vem perdendo força sem uma explicação plausível.

Este contingente de mais de 173 mil pacientes renais é atendido em 737 clínicas habilitadas, com 26.341 máquinas de hemodiálise instaladas. Eu sou um desses pacientes, atendido na Clínica Uninefro, que conta com 32 máquinas instaladas.

No último dia 11 de maio de 2022 (quarta-feira) foi realizada uma audiência pública na Comissão Permanente de Assistência Social do Senado, com o objetivo de declarar a preocupação dos profissionais de saúde do Brasil com a queda no uso da diálise peritoneal, indicada para pacientes que têm longas distância para se deslocar até às clínicas, no mínimo 3 vezes por semana e que, com a diálise peritoneal poderia vir apenas uma vez por mês ao centro dialítico para as avaliações necessárias.

Também foi evidenciado o abandono da prevenção. Os pacientes renais dos estágios 1, 2 e 3, que poderiam enfrentar a situação patológica antes de se tornar um renal crônico, adotando medidas preventivas que, no mínimo, retardariam a insuficiência. Atualmente o crescimento do contingente de pacientes chega a 6% do total dos em atendimento ao ano, e a mortalidade chega a 17% entre todos os pacientes em tratamento dialítico.

Dos 8 (oito) pacientes em hemodiálise que iniciaram comigo na Estação 3 da Clínica Uninefro, apenas dois estão vivos, o Paulo Nazareno e eu.

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Ypiranga Clube dá tiro no pé e a Federação Amapaense de Futebol ignora a Lei

Rodolfo Juarez

As condições de disputa do Campeonato Amapaense de Futebol Profissional são precárias e isso, ao que parece, tem afugentado o torcedor das arquibancadas do Estádio Zerão, único estádio autorizado a receber partida de futebol profissional local, que, neste ano de 2022, começou na segunda quinzena de abril.

As condições de disputa do campeonato propiciam dúvidas nos participantes que varia a cada ano, sem ser preciso o estabelecimento de critérios de acesso e descenso por não ser atraente a competição.

Para o campeonato de 2022, que está em andamento em sua segunda rodada, houve um pedido inesperado de afastamento de um dos que constavam no regulamento e na tabela, como certo, depois que o clube pediu inscrição para participar e, às vésperas da abertura da competição, resolveu pedir afastamento.

O desistente foi o Ypiranga Clube, um dos que detém índice na avaliação da Confederação Brasileira de Futebol e que, nem estava percebendo que, com o afastamento poderia perder uma parcela, pequena, mas parcela, em torno de R$ 10 mil mensais, como participante da divisão da Timemania, um dos módulos de sorteio da Loteria Federal.

Percebeu que, saindo da competição, dava um “tiro no pé”.

O Ypiranga Clube vive ainda da lenda dos tempos da magia das partidas que jogava contra o São José e que, por aquelas magias que só o futebol tem, chamava, de verdade, o torcedor para o estádio.

Agora não tem São José, como não tem Amapá Clube, lendas do tempo do futebol amador e do futebol profissional que começou em 1991.

Mesmo tendo o glamour da marca, isso não foi suficiente para, naquele momento decisivo, sustentar a inscrição no campeonato de futebol de 2022.

Imediatamente ao pedido de saída da competição veio o arrependimento. O pedido seguinte foi a manutenção da inscrição da equipe profissional de futebol do Ypiranga Clube.

Nesse momento entrou em cena a burocracia.

Os dirigentes da entidade de administração do desporto, no caso a Federação Amapaense de Futebol, e a entidade de prática desportiva, no caso o Ypiranga Clube, ambas sem considerar os compromissos assumidos com os atletas, estenderam o “cabo de guerra”, e passaram a apostar quem tinha mais força.

Imediatamente as outras entidades de prática desportiva que haviam sustentado o início da competição, se uniram à entidade de administração do desporto e arrastaram o YC para longe de suas pretensões.

Não deu tempo nem para olhar para uma decisão simplória tomada pela presidência em exercício da Federação Amapaense de Futebol, homologando de forma direta um ACORDO ilegal e que coloca em risco todos os atletas que participam da competição.

Dos quatro considerandos da Resolução n.º 12/2022/GAB/FAF o segundo é ilegal, fora da lei, impossível de ser firmado e tem como cerne que “nas partidas do Campeonato Amapaense de Futebol Profissional de 2022 fosse utilizado somente um profissional Médico, para atender ambas as equipes.

Na decisão está estabelecida a aberração de que “o clube mandante ficará responsável, em cada partida da competição, apresentar o profissional médico que atenderá ambas as equipes”.

Um assunto também para o Conselho Regional de Medicina do Estado do Amapá e para os profissionais médicos.  

domingo, 8 de maio de 2022

o candidato precisa dosar suas energias durante a campanha

Rodolfo Juarez

Venho acompanhando, a bastante tempo, a campanhas políticas desenvolvidas no Brasil e, em especial, no Estado do Amapá, e observado que os candidatos não se preparam, também fisicamente, para o esforço máximo que terá que exercer durante a campanha.

Não raro, se observa que candidatos que não se preparam para a campanha, quando atingem a metade do período mais intenso, desistem ou querem dividir o esforço com um correligionário ou cooperador da campanha, situação que o eleitor não aceita e não perdoa, deixando o esforço inicial sem qualquer resultado.

O planejamento físico do candidato precisa ser construído juntamente com o planejamento financeiro, político, administrativo, contábil e jurídico.

A nomenclatura das eleições deste ano aponta duas eleições: uma chamada eleição regional, onde são eleitos, para cada estado e o Distrito Federal, um governador, um senador, deputados federais ou deputados distritais e deputados estaduais; e outra, eleição nacional, na qual é eleito o presidente da República.

No momento, vamos nos deter nas eleições regionais.

Duas destas eleições são nomeadas como majoritárias (governador e senador) e duas são nomeadas como proporcionais (deputado federal e deputado estadual).

Nas eleições majoritárias continuam permitidas as coligações, nos padrões já conhecidos, onde um partido pode coligar com tantos que convencer, fazendo uma verdadeira frente de partidos, às vezes com dificuldade para o eleitor interpretar o ajuntamento das ideologias que se propõem a representar cada um dos partidos.

Nas eleições majoritárias ainda temos características diferentes. Para eleger o senador se diz que se trata de uma eleição de “um tiro só”, on seja, tudo se resolver no primeiro turno das eleições que, este ano, cai no dia 2 de outubro; no caso da eleição para governador, para ser eleito no primeiro turno (02/10), o candidato terá que obter a maioria dos votos válidos mais um, ou seja, ter maioria absoluta. Caso não tenha maioria absoluta haverá necessidade de uma eleição em segundo turno de votação que, este ano, tem data reservada para o dia 30 de outubro.

Nas eleições proporcionais os eleitores, no caso do Estado do Amapá, vão escolher 24 deputados estaduais e 8 deputados federais.

Nas eleições proporcionais estão as modificações mais fortes do processo de eleição. Os legisladores pretendem, com essas alterações, reduzir o número de partidos registrados no TSE que já chegou a 32. No TRE-AP estão registrados 26 partidos que estão aptos a disputar as eleições de 2022.

Pois bem, não há, entretanto, alterações quando à definição do Quociente Eleitoral (QE) e à definição do Quociente Partidário (QP).

A definição das vagas dos partidos depende dos números conquistados, por cada partido e por cada candidato, tanto no cálculo do QP, quando na distribuição do resto (vagas que sobram depois de apuradas as vagas pelo QP).

Para alcançar sucesso nas eleições o candidato deve estar disposto a andar por cada um dos municípios do estado, apresentando as suas propostas e convencendo o eleitor. O sucesso desta empreitada depende muito da resistência física do candidato para que não desacelere antes do tempo e esteja, no dia da eleição, disposto a conferir o máximo possível de suas adesões de campanha.

 

quinta-feira, 5 de maio de 2022

A Democfacia precisa ser entendida para ser praticada

Rodolfo Juarez

Afinal de contas, o que é Democracia?

No momento nacional, com forte influência do período de pré-campanha eleitoral, definir Democracia passou a ser uma tarefa difícil e com definições, todas elas, sempre sujeitas às considerações de quem está exercendo uma das fatias do Poder e daqueles que têm a incumbência de escolher os que estão nestas fatias do Poder.

O art. 3.º da Constituição de 1988 enumera os objetivos fundamentais do Estado Brasileiro, uma inovação, considerando que foi, pela primeira vez na história, que uma Constituição enumerou os seus objetivos fundamentais.

Os constituintes, tinham como objetivo estabelecer a concretização da democracia econômica, social e cultural, além de efetivar o princípio da dignidade da pessoa humana.

Para avaliar o cenário político-administrativo atual, se torna indispensável analisar o art. 3.º da Constituição Federal de 1988 para tirar suas conclusões. Vou facilitar trazendo in verbis esse artigo.

Art. 3.º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I – constituir uma sociedade livre e solidária;

II – garantir o desenvolvimento nacional;

III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV – Promover o bem-estar de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Depois de 33 anos e várias tentativas do povo, elegendo diversos brasileiros para dirigir os interesses na nação, buscando encontrar o comandante certo para alcançar a liberdade individual, a solidariedade, o desenvolvimento nacional, a erradicando da pobreza e da marginalização, com redução da desigualdade social, até agora não tem acertado, seja pela adesão ao sectarismo político, seja pela não compreensão da ideologia social cultivada pelos escolhidos.

Em um tempo em que está mais evidente, escancarado mesmo, a desobediência ao art. 2.º da constituição que define os Poderes da União (Legislativo, Executivo e Judiciário) como independentes e harmônicos, parece que há uma vontade explicita de um entrar na seara do outro, proporcionando um ambiente de desarmonia com ações que invadem aquilo que é ordenado pela Constituição Federal quando define os Poderes como independentes.

As recentes reuniões dos chefes dos poderes Legislativo, Executivo (ministros) e Judiciário, além de reconhecer, de forma tácita, a desobediência constitucional, ainda escancara o não comando da maioria daqueles que receberam, conforme a regra vigente, a incumbência de gerenciar as instituições “cabeça de sistema”: o Legislativo, o Executivo, e o Judiciário, todos exacerbando a falta de unicidade orgânica institucional.

Os brasileiros reagem da forma que podem. Uns conversando cara-a-cara e outros se valendo das redes sociais que, como tem sido visto, incomoda a todos e, ao invés de olharem para dentro das instituições, não olham, preferem sair para o confronto e mostrar quem pode mais, em cada caso.

Está difícil governar com tanta interferência de um poder no outro, pois, neste cenário, cada qual lança mão das “armas” que têm ou imaginam ter.

Pedir a compreensão da população nesta confusão institucional não adianta. Quando se desobedece a rega geral se instala o caos, muito interessante para aqueles que estão fora das gestões públicas e incerto para os gestores privados. 

domingo, 1 de maio de 2022

Partidos políticos no Amapá: os nomes que ainda não são comuns entre os eleitores

Rodolfo Juarez

São 26 os partidos políticos que estão registrados no Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Amapá. Pelo menos dois deles vão disputar uma eleição pela primeira vez: O União Brasil (44) e o AGIR (36).

O primeiro, o União Brasil (União), é o resultado da fusão entre o DEMOCRATAS e o PSL e o segundo, o AGIR, é uma sucessão do PTC. Mas ainda há outros que mudaram de nome e ainda não estão na memória do eleitor, muito embora já tenha disputado as eleições mais recentes.

Entre estes partidos estão o REPUBLICANOS (10), o PODEMOS (19), o CIDADANIA (23), o PATRIOTA (51), o AVANTE (70) e o SOLIDARIEDADE (77). São, assim 8 partidos que o eleitor precisa memorizar para não confundir na hora de votar, afinal parece tudo igual, e não é.

O REPUBLICANOS nasceu como Partido Municipalista Renovador (PMR) que depois mudou para Partido Republicano Brasileiro (PRB) que fez a façanha de eleger, em 2014, 4 deputados estaduais e em 2018 uma deputada federal. O Podemos tem como presidente atual a deputada federal Aline Gurgel.

PODEMOS é o novo nome do PTN (Partido Trabalhista Nacional), aquele mesmo que fez parte da coligação que elegeu Dilma Rousseff (PT). Tem como atual presidente Antônio Cirilo Fernandes Borges, um político da nova geração entre os políticos amapaenses.

CIDADANIA vem do PPS (Partido Popular Socialista) que por sua vez foi uma dissidência de membros do PCB (Partido Comunista Brasileiro). O presidente atual do partido é o prefeito da Capital, Antônio Furlan.

PATRIOTA teve como primeiro nome Partido Ecológico Nacional (PEN), de onde derivou por decisão dos dirigentes. No Amapá o seu presidente é Gilberto Laurindo.

O AVANTE foi registrado anteriormente como Partido Trabalhista do Brasil (PT do B), uma iniciativa de dissidentes do PTB e tem como presidente no Amapá Adail Barriga Dias.

E o SOLIDARIEDADE que foi fundado em 2012, registrado em 2013 e tem como presidente no Amapá o vereador Marcelo de Matos Dias.

São nomes novos, com a nova tendência dos políticos em dar outro significado para a política brasileira através dos nomes dos partidos. É muito provável que, já depois das eleições proporcionais de 2022 se forme uma corrente que assuma a responsabilidade de diminuir o número de partidos para que se identifique a ideologia que o partido representa.

A federação que foi protocolada no TSE, formada pelo PT, PC do B e PV pode diminuir, para as eleições de 2022, o número de unidades partidárias para as eleições deste ano, ao invés de 26, apenas 24, considerando os compromissos da federação.