Rodolfo Juarez
Na última edição do
Jornal Aqui Amapá (JAA) publicamos um artigo tratando da emigração dos jovens
talentos amapaenses para estados do Sul do Brasil, especialmente para Santa
Catarina em busca de melhor qualidade de vida, de escolas qualificadas e
emprego.
O assunto chamou a
atenção do especialista em análise estatísticas, o Dr. Adrimauro Gemaque, que
assim se manifestou sobre o artigo que escrive para o jornal e que, também,
publiquei nas redes sociais que uso com mais frequência. O especialista assim
se manifestou:
“Boa noite, meu
amigo e Prof. Dr. Rodolfo Juarez!
Como sempre, você
traz temas em seus artigos que merecem reflexões, principalmente pelos gestores
públicos e por que não dizer também pelos nossos parlamentares, sejam em âmbito
federal como estadual.
Realmente,
a emigração que vem ocorrendo com a população jovem do Amapá, é de
conhecimento da sociedade. Como você destaca em seu artigo (...) uma emigração
em busca de oportunidade de trabalho e, em consequência, de emprego e de
estudo.
Muito embora, como
você disse, não exista um estudo fundamentado e nem estatísticas oficiais que
retratem os números dessa emigração. Os palpiteiros de plantão já lançam
números por aí. Agora é aguardar o Censo de 2022 do IBGE para que possamos
constatar o tamanho desta realidade.
É fato que a
população se movimenta, e esses deslocamentos estão sempre associados a
questões econômicas. O crescimento da população na década de 2000 a 2010 foi de
36%, segundo o IBGE. Não foi exclusivamente crescimento vegetativo. Foi a
migração que elevou este percentual.
Em 2010, o Censo
do IBGE apontou que dos 156 mil paraenses que moravam no Amapá, 26,14% vieram
para as terras tucujus na década de 2000 a 2010. O outro estado que mandou
gente para cá foi o Maranhão. Porém, em percentuais bem inferiores. Foi nessa
década que muitos concursos foram realizados e, também, a instalação de vários
órgãos, inclusive federais.
Então, estamos
perdendo jovens para a emigração e perdendo para a violência. Muito embora, a
população do Amapá seja a segunda mais jovem do país. Só perdemos para Roraima,
isso irá futuramente impactar na economia. Afinal, estamos perdendo força de
trabalho.
Nas ocorrências
policiais que são mostradas pela imprensa, lá está sempre um jovem ou ele é
autor, vítima ou comparsa.
Faz-se necessário
e urgentemente que sejam implementadas políticas públicas voltadas para a
juventude do Amapá. O estado é o segundo no ranking com 34% de jovens que nem
estuda e nem trabalha na faixa etária de 15 a 29 anos. A chamada “geração nem
nem”. Perdemos, para o Maranhão, que é de 36%.
Afinal, nossos
governantes não podem deixar de enxergar esta realidade. Faz-se necessário a
implementação de políticas públicas para que essa população não siga para
criminalidade, o que de fato vem ocorrendo.
Este é um tema relevante, e que precisa amplamente ser debatido em instâncias de governo buscando alternativas para mudar esta realidade. Caso contrário, ficamos nós dois com nossas indignações e eu em especial nesta noite de sábado querendo contribuir...”