Rodolfo Juarez
Desde o
dia 19 de março deste ano que comecei a me relacionar pessoalmente com as
coisas do novo coronavírus e da covid-19. Naquele dia, como pertencente ao
grupo prioritário formado por aqueles que têm 74 anos de idade, tomei a
primeira dose da vacina Coronavac.
Reações
mínimas (leve febre e pouco tempo de dor de cabeça) em decorrência da aplicação
e entusiasmo máximo pela satisfação de ter tomado a primeira dose imunizante.
Voltei,
22 dias depois, para tomar a segunda dose, isto no dia 10 de abril deste ano.
Completada a imunização na forma prevista pelos cientistas, pelos médicos e os
paramédicos, imaginei que, finalmente, estava pronto para continuar a vida sem
a ameaça que vinha me cercando desde o começo do ano passado.
Qual
nada!
No dia
16 de abril, sexta-feira, dia de hemodiálise na Uninefro, em Macapá, fui o
centro de uma ocorrência inusitada. Desde a primeira hora da sessão de diálise
(faço diálise 3 vezes por semana: segunda, quarta e sexta-feira, das 13h às
17h) tive apurada pressão alta (19 x 7) com tendência de subida. Ás 16 horas
marcou 22 x 8. Recorrido ao médico de plantão naquela hora, o nefrologista JEF,
achou por bem enfrentar a pressão alta com medicamentos.
O
médico selecionou dois medicamentos e mandou ministrar: Captopril de 50mg e
Atenolol de 50mg simultaneamente. São duas doses consideradas muito altas. Uns
100 mg de água foi o suficiente para ingerir os dois medicamentos de uma só
vez.
A
reação foi imediata. A pressão caiu a 13 x 6 em 5 minutos, mas deixou, na parte
frontal do meu tórax uma dor intensa que se concentrava nos músculos que cobrem
o estômago. A dor veio acompanhada de falta de ar, provocando sintomas
parecidos àqueles da covid-19 naquela região do corpo.
A
primeira providência foi a realização imediata de uma tomografia
computadorizada do tórax.
Com a
tomografia veio a confirmação de que eu tenho um pulmão comprometido em 20% dos
campos pulmonares, derrame pleural bilateral com espessura líquida posterior à
direita de 3.0 cm e à esquerda de 2,4 cm, aorta ectasiada e ateromatosa, um
padrão radiológico compatível com CO-RADS 5 – achados típicos de covid-19.
O
circuito para testagem confirmatória é longo, não tem em um só lugar e a
peregrinação é incerta por causa da falta de elementos analíticos para quem já
tomou a segunda dose da vacina imunizante para o coronavírus.
O grave
é que o tempo que passa entre a descoberta e o atendimento é suficiente para
uma pessoa piorar, ser entubado em uma unidade de saúde e, morrer...
Exames
específicos e que não podem esperar são feitos em clínicas particulares (o
sistema local de saúde não dispõe dos kits de teste, a não ser aquele que menos
dá garantia).
Recorrido
ao sistema particular para realizar os exames, especialmente aquele das
narinas, me foi exigido um prazo de 10 dias para ter-se o resultado se “sim” ou
se “não”.
Vacinado
(duas doses da Coronavac), com 74 anos, um pulmão com 20% comprometido, 97% de
saturação, estou tomando Amoxacilina + Clavulanato 875/125; Acetilcisteína
600mg (20 saches); e Colchicina 0,5 mg.
Tomara
que dê certo!