Rodolfo Juarez
Não
costumo interagir com os leitores dos artigos que escrevo e posto nas redes
sociais que utilizo para divulgação.
Entendo
as intervenções dos leitores como tese sobre o assunto discorrido e, como tal
precisa ser respeitada, que esse procedimento ajuda na interpretação e valida
as hipóteses levantadas.
Interpretar
o cotidiano é uma das tarefas mais difíceis, pois, cada qual experimenta um
estado de espírito e, por isso, já tem tendência a ver a questão proposta de
outro ângulo, noutra forma. Entretanto é preciso partir de alguns parâmetros
ou, então, observar o que foi narrado na primeira proposta para não sermos
traídos pela indução a que todos nós somos submetidos quando a informação que
temos decorre da massificação da informação, principalmente aquelas vindas
pelos meios de comunicação.
A
televisão é o veículo mais influente na comunicação de massa, tanto pela
repetição da informação que dá ao telespectador, como por impor “sua verdade”,
mesmo sem ter o cuidado de tratar a informação conforme a região ou a
localidade.
Assim,
o que pode ser ruim para o sul e sudeste, pode não ser ruim para o norte e o
nordeste, ou o centro-oeste, muito embora a realidade em referência seja aquela
da base onde está situada emissora ou onde reside ou para o analista, na
maioria das vezes, personalidades amplamente conhecidas no quintal da emissora,
mas desconhecida das regiões menos próximas.
O fato
é que essas interpretações vão minando as informações criando hábitos
interpretativos exógenos, e que pouco ou nada tem a ver com o outro local para
onde está se desenvolvendo a tese do benefício ou do malefício.
Nós
aqui do Norte, e especialmente, nós aqui do Amapá, somos vítimas de nós mesmos
por enfrentar barreiras construídas ao longo dos anos, que nos dá o desafio de
resolver os problemas daqui obedecendo a regras e hipóteses dos “especialistas”
do sudeste e sul maravilhas.
Nunca
vai dar certo. As hipóteses levantadas serão todas confirmadas como falsas
depois de restabelecida a realidade. Agora isso só acontece quando há um debate
capaz de retirar as barreiras construídas ao longo do tempo, pelos meios de
comunicação que, por razões de localidade, interpretam e concluem sobre uma
realidade estranha a que experimentamos por aqui.
No
artigo anterior, publicado na segunda-feira, dia 28, tratei de uma realidade
que é o Projeto de Lei Complementar n.º 137/15, que trata dos procedimentos
para a criação, a incorporação, a fusão, e o desmembramento de Municípios.
Sugeri três hipóteses de regiões que poderiam ser transformadas em municípios
no Amapá, e nesse ponto se concentraram as análises dos nossos queridos
leitores.
As
análises foram amplas, completas e com muitas teses: umas a favor da criação,
outras contra; algumas questionando e outras afirmando; algumas apresentando os
resultados ruins outras os resultados onde as medidas deram certo.
Alguns
posicionamentos me chamaram a atenção. Aqueles que foram sustentados por gente
daqui como se estivesse no sul ou no sudeste, pois, assim, estaríamos dentro
das barreiras criadas pelos meios de comunicação e os “especialistas” de outras
plagas.
Falar
em perda de receita me parece um descuido. Afinal, perderiam a receita aqueles
que já as têm. E quem tem? Os estados do Sul e do Sudeste.
Falar
em cabide de emprego é desconsiderar os problemas locais. Afinal, onde está o
maior percentual de desempregados de todo o Brasil? Respondo: no Amapá, mais de
21% de sua força de trabalho economicamente ativa.
E o
projeto não trata somente de criação de municípios, o projeto trata também de
incorporação, fusão e desmembramento, portanto oferece as condições para
arrependimento.
Insisto,
devemos nos desvencilhar das barreiras e entender que estamos na parte pobre do
Brasil e temos os mesmos direitos de todos os brasileiros de lutar para sermos
todos iguais.