Rodolfo Juarez
A
missão dos integrantes do Comitê de Controle e Qualificação de Gastos do Poder
Executivo Estadual, um dos oito comitês que dispõe o Executivo Estadual para
orientar a gestão e melhorar a forma de gastar o escasso dinheiro da Receita
Pública ou orientar para os resultados, está encontrando muitas dificuldades
dentro do próprio Governo.
Criado
por decreto estadual o Comitê está com a coordenadoria entregue ao próprio
vice-governador Jaime Nunes que assumiu tendo como objetivo apresentar em 30
dias um plano de redução de gastos que teria como referências percentuais
correspondentes a cortes em limites definidos no mesmo decreto estadual que
criou o oitavo comitê.
A
proposta foi clara e suficiente para ser entendida por todos, decretando
percentuais de corte de forma clara, mas sem tratar das implicações que
poderiam exigir outras providências, algumas mais onerosas do que as
existentes. Não enfrentou o tamanho exagerado do Estado e pretendeu, tão somente,
diminuir gastos com pessoal, nas suas diversas facetas que são próprias de um
governo com estrutura desarrumada.
A ordem
decretada pelo governador do Estado era claríssima e com os cortes definidos a
priori, como sejam: a) 10% das despesas com cargos em comissão e de confiança;
b) 20% das despesas com servidores temporários; c) 25% das despesas com
passagem aérea, locação de veículo, combustíveis, consumo de água, telefone e
energia elétrica; e d) 25% das despesas decorrentes de contratos de prestação de
serviços, especialmente os de natureza continuada, considerado aqueles que cuja
interrupção podem comprometer as atividades da administração.
Na
divulgação do decreto estadual o próprio governador comentou: “estabelecemos um
prazo de 30 dias para que os órgãos do Poder Executivo, da administração direta
e indireta, apresentem ao comitê propostas de redução de custos da despesa do
estado e de reestruturação administrativa e de redução de contratos
continuados”.
Esse
comentário deu um nó na cabeça dos titulares de cada órgão do Governo, uma vez
que teriam 30 dias para fazer as propostas e nesses mesmos 30 dias o Comitê
teria que alcançar os objetivos propostos no decreto estadual.
No
final do ano a folha de pagamento do Governo do Estado registrava 2.354 cargos
comissionados e função de confiança com gastos mensal de R$ 6.075.692,55, uma
média salarial de R$ 2.581,01; e 2.863 servidores temporários (contratos
administrativos) com gasto mensal de R$ 13.635.446,57 uma média salarial, por
funcionários temporários, de R$ 4.762,64.
A
proposta de cortar 10% do primeiro grupo e 20% do segundo grupo, levaria a uma
economia na folha de salários brutos de R$ 3.334.658,56 o que representa 1,74%
do total da folha bruta, um sacrifício político imenso para um resultado pífio,
levando em consideração a tranquilidade da governança.
O corte
de 25% previsto nas despesas com passagem aérea, locação de veículo,
combustíveis, consumo de água, telefone e energia, deixando água e energia
fora, representa apenas a quarta-parte da mordomia, uma vez que ficam foram
desta conta as secretarias de segurança, saúde e educação.
A falta
de dados não permite a análise dos contratos de natureza continuada, mesmo
assim, estando fora as três secretarias (saúde, educação e segurança) o assunto
é administrativamente irrelevante.
Assim,
se pode concluir que o conteúdo do decreto estadual é irrelevante e
insuficiente para ser considerada uma medida de austeridade. Trata-se de uma
proposta perfumada.