domingo, 31 de janeiro de 2021

Será que estão de antolhos?

Rodolfo Juarez

Não parece razoável o comportamento de parte da população macapaense que teima em arriscar a vida facilitando a transmissão do coronavírus, desconsiderando a necessidade de evitar as aglomerações e o afastamento recomendado de metro e meio, além do uso de máscara.

Parece também que as autoridades sanitárias seguem um padrão, ou como eles preferem chamar, um “protocolo” que não tem a credibilidade da população, pois não obedecem ou conhecem as recomendações que deveriam ser seguidas para que houvesse a contenção do vírus, do qual não se conhece muita coisa.

Já faz um ano que isso acontece e os responsáveis continuam baixando portaria que ninguém obedece, ou obedece como faz de conta, publicando boletins diariamente, anunciando as mortes de pessoas ocorridas dias antes e, dizem, “com a confirmação só agora”.

Essas medidas – portarias, boletins, número de mortos -, só servem para assustar a população que anda apavorada com tudo o que é dito sobre a Covid-19.

Não adianta minimizar, ignorar ou justificar: as pessoas são parte importante nesse cenário. Sem o convencimento delas, vão continuar caminhando no rumo errado.

É preciso modificar o tipo de comunicação com povo. Manter um modelo que não está dando certo é agir com falta de inteligência, imprudência, e incapacidade de gerenciar uma questão sanitária, entre tantas que temos nos municípios amapaenses.

Que tal experimentar mudanças na forma e intensidade de se comunicar com a população?

É preciso deixar de seguir o modelo nacional, que também não está dando certo. Eles têm problemas outros para resolver.

A prática de seguir os modelos adotados em outras regiões, outros estados e outras cidades está colocando uma viseira na cabeça dos administradores e os replicadores do processo, fazem o mesmo.

Não há reação desses dirigentes que vêm perdendo cada uma de suas lutas para a doença e aceitando o resultado como normal, colocando a culpa nas pessoas daqui como se elas não tivessem medo de nada. Esquecem que as pessoas precisam de orientação, precisam de informação, aquelas mesmas orientações que as autoridades e parte da imprensa local faz questão de negar.

Será que é preciso ter um horário obrigatório, como o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão, pago com o dinheiro do orçamento público, para que o contribuinte receba orientações diárias e frequentes para entender o que deve fazer?

Se isso for preciso que se faça!

O horário político na TV e no rádio é um dos principais motivos de definição de votos na eleição, porque não se pode explorar esse modo de divulgação também para o caso da Covid-19?

Se for caso de vida ou morte, como as vacinas, que levam para autoridades daqui do Amapá a viajar para tirar fotos ao lado de caixas fechadas ou de caminhões saindo, porque não comprar esses horários no rádio e na televisão para fazer debate, divulgar pesquisas de satisfação ou organizar debates com a finalidade de esclarecer a população?

O povo precisa disto e de competência dos seus dirigentes. Como está não pode ficar.

Até agora a culpa da transmissão da doença segue o mesmo “protocolo”, mesmo que não esteja dando certo, mesmo que não esteja sendo aceito pela população que, inocentemente se arvora em participar de aglomerações, permanecer nelas sem máscara e não mantendo o distanciamento.

Vamos acordar gente. Chega de esperar apenas pela vacina! A vacina, seja qual for, tem custo agregado muito maior do que um eventual programa de convencimento social.

 

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

A cadeira vazia

Rodolfo Juarez

Desde o dia 18 de maio de 2020 que faço hemodiálise na Uninefro, clinica especializada contratada pelo Governo do Estado para atender a demanda de pacientes com nefropatia, aqueles com lesão ou doença no rim.

Antes, atendido na unidade de nefrologia do Hospital das Clínicas Alberto Lima, localizada no complexo do Hcal que, para atender os novos pacientes diagnosticados com a nefropatia, havia instituído o quarto turno, sobrecarregando os profissionais médicos e paramédicos da unidade e deixando os pacientes em longas espera na sala de recepção.

Na unidade de nefrologia do Hcal três salões abertos abrigam os pacientes em hemodiálise, além das unidades de pronto atendimento e o “aquário” dos médicos, autorizado a funcionar em três turnos. A demanda, entretanto vinha obrigando os dirigentes da unidade a inaugurar um quarto turno para atender o excesso de pacientes.

Outros 14 pacientes (ou mais) estavam sendo atendidos no quarto turno, alguns em 3 horas de máquina, outros em 4 horas (a portaria do Ministério da Saúde recomenda, conforme o caso, que o tempo de duração de uma hemodiálise seja de 3 a 4 horas).

Na Uninefro são quatro ambientes, cada um com oito leitos e oito máquinas, que atendem aqueles que são transferidos da unidade de nefrologia do Hcal. Os pacientes são distribuídos em dois turnos, manhã e tarde, em grupos: o primeiro grupo é atendido às segundas, quartas e sextas-feiras; o segundo às terças, quintas e sábado.

Essa patologia exige a presença de um médico especialista.

Na Uninefro são três médicos que se revezam, sistematicamente, por turno. Dois enfermeiros permanentes e mais 2 técnicos de enfermagem que operacionalizam o processo de hemodiálise. Ainda conta a equipe com nutricionista, assistente social e psicólogo.

Os exames são mensais com exigências diferentes quando fecha um trimestre, um semestre e o ano.

Essa situação, a cada sessão de hemodiálise, coloca pelo menos o grupo de pacientes de cada sala, durante um pouco mais de quatro horas, em convivência, lutando com as forças que ainda tem, para que tudo aconteça como esperado durante a sessão de hemodiálise.

Este ambiente acaba criando uma aproximação emocional com as dificuldades de cada qual. Assim cada um passa a perceber as dificuldades do outro e isso cria uma empatia involuntária entre todos os que ali estão procurando uma melhor qualidade de vida.

São muitos os sacrifícios e problemas de cada um: pacientes em cadeira de rodas, pacientes com dificuldade para se locomover-se, pacientes querendo viver.

Desde o dia 18 de maio, na sala em que faço a hemodiálise (lembrem-se são oito pacientes por sala) 3 pacientes já morreram. O mais recente foi o “seu” Vitor Hugo, na segunda-feira, dia 25/01, que durante a sessão de hemodiálise passou mal e faleceu.

Flamenguista com muito carinho era cuidado pelos que o deixavam e o levavam da Uninefro.

Senti bastante! E ainda tenho que ver a cadeira fazia à minha frente, esperando outro paciente certamente.

A imagem que me é oferecida, a cadeira vazia, me leva a sentir falta daquele que tantas lutas lutou, querendo continuar respirando o ar que Deus oferece a todos.

domingo, 24 de janeiro de 2021

Os fura-filas

Rodolfo Juarez

Não tem mesmo quem segure as pessoas despreparadas e oportunistas que recebem, por ordem do eleitor, um mandato de 4 anos para gerir os interesses de toda a população de um município.

Por todas as regiões brasileiras estão pipocando notícias de que, este ou aquele prefeito está usando do seu poder de mando sobre as equipes das secretarias de saúde municipal para usufruir ou autorizar usufruto a seus parentes mais próximos e garantir a imunização antecipada, caracterizando o que está sendo conhecido como fura-fila.

É uma vergonha o que está acontecendo. Uma vergonha e um desrespeito para com a população!

Ignorar as prioridades que foram estabelecidas pelo Ministério da Saúde, de onde vieram as vacinas, para, valendo-se da autoridade que adquiriu, mandar vacinar a si mesmo, ou a sua mulher, ou ao seu parente, ou ao seu amigo.

As desculpas, depois de flagrados e identificados, são as mais diversas e cada uma tentado, descaradamente, justificar o seu ato de desumanidade, além de ímprobo e criminoso.

Poderiam ser essas pessoas, eleitas para as prefeituras ou escolhidas para uma secretaria municipal de saúde, sumariamente afastadas, pois, esse comportamento indica os procedimentos que adotará quando pagar uma fatura, autorizar uma licitação ou mesmo, contratar um secretário, diretor ou presidente de autarquia ou fundação municipal.

A prevaricação - um crime funcional, praticado por funcionário público contra a Administração Pública -, quando cumula com nepotismo os gestores se mostram sempre dispostos a defender seu comportamento administrativo, apresentando uma série de justificativas. São crimes tipificados, com penas bem baixas e que, também por isso, são cometidos, com muita frequência por esses gestores oportunistas e sem entender o que é ser prefeito de um município brasileiro.

A prevaricação consiste em retardas, deixar de praticar ou praticar indevidamente ato de ofício, ou praticá-lo contra disposições expressas em Lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. O art. 319 do Código Penal Brasileiro tipifica o crime de prevaricação assim: “retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa em lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”. A pena é de detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

O outro crime dos fura-filas é a “infração de medida sanitária preventiva” previsto no art. 268 do Código Penal, com pena de detenção de 1 (um) mês a 1 (um) ano, e multa.

Mas para os fura-filas que também são adeptos do nepotismo as penas poderiam ser maiores, principalmente se elas forem oferecidas pelo eleitor, retirando-os da vida pública e dando o aviso para o próximo que se assim se comportar, também estará fora.

Não há possibilidade de esses comportamentos serem computados na lista da inocência ou falta de preparo do gestor. O que há, certamente, é a má-fé objetiva e a vontade de tirar proveito do bem publico do qual, eventualmente, foi colocado para ser responsável.

 

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Oiapoque: outra vez isolado

Rodolfo Juarez

Mias uma vez a BR-156 que liga Macapá à sede do município de Oiapoque no extremo norte do Estado está interdita.

A notícia divulgada afirma que um caminhão que transportava óleo diesel para abastecer os motogeradores de energia elétrica que estão instalados na cidade, ao passar por uma ponte de madeira, esta se rompeu com a carga e isolou a sede do município dos outros centros de negócio do Estado.

Não é a primeira vez que isso acontece e, ao que parece não vai ser a última, considerando que essa ocorrência se repete em intervalos cada vez menores, por falta de manutenção das pontes de madeira, já bastante castigadas pelo tempo e pelo fluxo de veículos pesados e que, agora, vai ter que ser recuperada por um contrato emergencial, muito embora os projetos preliminares estejam prontos e aguardando uma decisão do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT.

A BR-156 é rodovia nacional com mais tempo de construção. Iniciada em julho de 1932, sob a orientação do Marechal Cândido Rondon – agora em 2021, em julho, completará 89 anos que os serviços foram iniciados -, e com a proposta de ser uma das rodovias mais extensas do norte do Brasil, com aproximadamente 700 km.

Na primeira arrancada a rodovia chegou até o km9, às mediações de onde fica hoje a Polícia Rodoviária Federal.

Em 1945 foi retomada a construção da estrada pelo primeiro governador do Território Federal do Amapá, Capitão Janary Nunes e que, no dia 17 de setembro de 1952, a estrada de terra chegava à sede do município de Calçoene e em dezembro de 1956 chegou à localidade de Lourenço, atual Distrito de Calçoene.

No mês de julho de 1964 foi novamente determinado o seu prosseguimento com a implantação da rodovia chegando até a cidade de Oiapoque, via Lourenço, no dia 26 de novembro de 1970, ficava caracterizada a ligação precária, mas pioneira, entre o Rio Amazonas e o Rio Oiapoque.

Em 1973 os serviços de construção da rodovia foram paralisados para realização de novos estudos no traçado. Como resultado no novo traçado, aproximadamente 200 km de rodovia foram abandonados e a rodovia foi trazida mais para o litoral, encurtando um pouco mais a sua extensão, mas fugindo completamente de sua proposta inicial.

O novo estudo foi recomendado pelos técnicos do DNER.

Técnicos da área, em Macapá, se perguntavam: porque novo projeto para a BR-156? Porque abandonar o plano original (integração do interior do Amapá)? Porque preferir uma estrada mais próxima do oceano?

As respostas não vieram. A decisão de cima para baixo, sim.

A BR-156 é assim, um poderoso e importante instrumento de desenvolvimento do Estado do Amapá, mas tem encontrado muitas dificuldades para ser concluída, mesmo agora quando está sob a gestão do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte, vinculada, diretamente ao Ministério dos Transportes, mas ainda vivendo episódios como o que está, neste momento, janeiro de 2021, com fluxo interrompido deixando a cidade de Oiapoque isolada. 

domingo, 17 de janeiro de 2021

Usina de absurdos

Rodolfo Juarez

Não sei o que está acontecendo com alguns dos detentores de mandato, dados pelo povo, que se esforçam para se agasalhar em grupos convenientes e se esquecem de voltar-se para aqueles que os escolheram para representa-los ou administrar os seus interesses e em nome de todos.

Dá a impressão que há uma necessidade de mostrar para todos, a qual grupo ideológico se alinha, mesmo agindo de forma diversa quando tem ou teve a oportunidade de gerenciar ou representar a população do estado.

São verdadeiros pregadores do caos.

E não estou falando do Brasil, de políticos de grandes centros, estou falando do Amapá, onde, mesmo muitos homens públicos, pagos com o dinheiro do povo, preferem aderir ao comodismo do “não fazer nada” do que construir um meio que possa ser importante para todos.

Neste momento de extrema tensão da sociedade todos precisam atuar no sentido de resolver os problemas, apresentando soluções que possam contribuir com a melhoria da situação a que todos estão submetidos.

Dá a impressão que ninguém confia nos comandos, exatamente no momento que é preciso fortalecer o comandante.

Procurar meios e formas de não criar mais problemas do que aqueles que já estão, há um ano, postos e que, por aqui, ninguém apresentou uma solução por mais simplória que seja, muito embora a usina de absurdos continue funcionando à carga máxima.

Criticar por criticar, não fazer nada e ainda registrar nas redes sociais o que diz pensar, desde que conveniente para a sua próxima campanha.

Se não tem como contribuir com a realidade, então que nada faça principalmente, tentar atrapalhar aqueles que estão buscando saídas para resolver os problemas graves e urgentes que se apresentam.

Afinal de contas são vidas que estão sendo perdidas para aquilo que precisa ser vencido – a Covid-19. Não justifica a estupidez de alguns que, em prejuízo de todos, nada fazem e demonstram nada querer fazer.

Tomara que o eleitor amapaense esteja atento e registrando o comportamento dessas pessoas que foram escolhidas para encontrar soluções e que se anulam por si mesmo, não construindo o que precisa ser construído.

Esses personagens, regiamente pagas pelo povo, precisam entender que estão em débito com a sociedade, mesmo que escondidos o tempo todo e a quase um ano sem fazer absolutamente nada.

A regra do “quanto pior melhor” não cabe nessa hora porque o pior são as vidas perdidas e que poderiam ser salvas.

Tem que aflorar, nesse momento, o sentimento de agradecimento pela escolha que mereceu do povo e assumir as responsabilidades e não esconder-se para ver a onda passar e depois, chegar contando lorotas e querendo continuar.

O tempo haverá de oportunizar o acerto de contas de quem falhou, ou preferiu o caos, à contribuir com a sociedade.

  

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Um município com mais de 500 mil habitantes

Rodolfo Juarez

Macapá é um município com mais de 500 mil habitantes.

A capital do Amapá é uma daquelas cidades brasileiras que tem um crescimento populacional considerado muito alto e que provoca um dos maiores acréscimos no total da população, quando comparado com outras cidades brasileiras, ficando bem perto de um incremento de 15 mil pessoas, por ano, no total da população.

Nenhuma administração avança se não levar em consideração esse fato. Afinal, são 60 mil pessoas a mais em um mandato.

Também não dá para tentar gerenciar os interesses dos pagadores de tributo – a população -, se a proposta de gestão não for desenvolvida considerando um planejamento que oriente na expansão da cidade.

São nessas áreas de expansão que são definidas as ocupações, seja para moradores, seja para atividade econômica, desde o comércio tradicional, inclusive de alimentos, até aqueles que induzem o desenvolvimento do bairro, com escolas, unidades de saúde, unidades de segurança, entre outras atividades que são de iniciativa do poder público municipal.

O primeiro ano dos novos gestores é para conhecer a máquina administrativa atual. A partir desse primeiro ano é que esses gestores vão conseguir dar a sua “cara” para a administração, conhecendo os entraves que vão precisar resolver o quanto antes, liberando o fluxo para a gestão.

Para este ano, além de todas as obrigações e os focos na promessa, a atual administração vai utilizar o Orçamento Anual elaborado e feito aprovar pela gestão que saiu.

O gestor que inicia a sua administração, sem ter o seu próprio rumo, tem maior facilidade para encontrar erros eventualmente cometidos por aqueles que deixaram o mandato.

É um erro. Mas é assim que acontece!

Também no primeiro ano de gestão, a administração da Prefeitura lida com o último ano do PPA elaborado e aprovado no segundo ano do mandato anterior, ou seja, em 2018. Esse plano é, na maioria das vezes e em quase todas as prefeituras dos municípios do Estado do Amapá, uma lista de vontades, levantadas na audiência pública com a comunidade e que é transformada em programas e projetos da administração municipal e tem se mostrado pouco eficiente por falta de gerência.

Os prefeitos não dão prioridade para esse projeto, muito embora seja o projeto que está mais perto da expectativa da população.

As notícias no final de 2020 davam conta de que o valor orçamentário executado passou de um bilhão de reais em Macapá. O orçamento deste ano de 2021 tem o valor de um pouco maior do que R$ 1,2 bilhão. É com esse valor que o prefeito que tomou posse no dia 1.º de janeiro de 2021 vai dispor para transformar em realização o que consta no Orçamento do Município de Macapá para 2021.

Se não considerar essa base, terá dificuldade para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, pois o funcionário do município de Macapá está esperando uma oportunidade para alinhar o salário e melhorar os vencimentos. Essa equação, muito bem apresentada pelos servidores, é muito difícil de ser resolvida pela Administração Municipal.

 

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Os tons além de cinza inventados pelos governantes.

Rodolfo Juarez

A pandemia provocada pelo novo coronavírus acabou escancarando a realidade dos gestores públicos brasileiros. Todos eles!

Um país com mais de 209 milhões de habitantes distribuída nos 26 Estados e o Distrito Federal gera diferentes condições reais para os administradores e iguais condições quando à nomenclatura dos dirigentes de cada um desses estados.

No momento de um acontecimento mundial como a pandemia, que exige aplicação de máximo esforço de todos os dirigentes nacional e estaduais, mesmo sem ter como calcular corretamente a duração do fenômeno, apressaraam-se em deixar marcada a sua forma de enfrentamento e, imediatamente, converter esse empenho em ganho político pessoal sem se preocupar com o sacrifício a que estava sujeito a população.

No começo, o ministro da Saúde do governo brasileiro calculou que poderia sair com ganhos políticos gigantescos quando garantiu presença permanente no palanque das televisões, não pelo sucesso que poderia ter na condução do processo de enfrentamento à Covid-19, mas pelo ganho que poderia acumular pelo conhecimento que dele teria da população. Um decreto tirou do governo e das telas de televisão, deixando sem microfone e importância.

Os governadores dos Estados, ávidos por ganhos políticos no processo de enfrentamento a pandemia, deixaram de cuidar dos seus respectivos estados e passaram a constituir um grupo, claramente em busca de notoriedade, exercendo pressão não para contribuir com o enfrentamento da pandemia, mas para garantir espaço nos jornais e rádio, cliques das máquinas fotográficas, a maior parte deles pago pelo dinheiro público do estado que dirigia, e fazendo pose para as câmeras de televisão.

A formação desse grupo, com claro objetivo de assegurar ganhos políticos no processo de enfrentamento à pandemia, se desfez quando a população e algumas autoridades entenderam os propósitos de cada um.

Nessa mesma linha, juízes, desembargadores e ministros dos tribunais superiores assumiram lado, ou inventaram novos lados contribuindo para a confusão que se formou em torno das medidas que precisam ser tomadas considerando a forma como a população estava sendo atingida pelo mal a vencer.

Nessa confusão entraram os prefeitos querendo também “contribuir” com o projeto e ganharam a parte difícil do programa: baixar decretos de como a população teria que enfrentar o vírus e o mal dele decorrente.

O resultado dessa ordem estabelecida é conhecido de todos: perderam a luta com a primeira onda e permitiram que o vírus ganhasse força e nova forma no avanço da segunda onde, em muitos lugares, mais agressiva do que a primeira.

Enquanto isso novos desatinos foram e estão sendo praticados para definir a vacina, desde a compra de seringas e do imunizante que virou caso de governantes vaidosos e brincalhões com a paciência da população e do eleitor que tanto pretendiam conquistar.

O certo é que não está definido quem é o piloto. Enquanto isso mais pessoas são levadas aos hospitais que passaram a ter medido a sua capacidade de cuidar dos pacientes por percentuais, transformados em um colorido que vai dos primeiro tons claros ao vermelho.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Executivos públicos prejudicam os executivos privados

Rodolfo Juarez

Começou o ano de 2021 sem que o Governo do Estado apresente um plano emergencial para enfrentar o tempo de pandemia.

Não se trata apenas do plano de enfrentamento à Covid-19, mas sim de um plano que informe como vai ser enfrentado essa atualidade extraordinária de pandemia que influencia diretamente no desenvolvimento econômico, no aumento da inflação e na queda do valor do Dólar Americano, entre questões mais evidentes onde estão a saúde e a educação.

Até agora as propostas anunciadas são muito setorizadas. Propostas que terão dificuldades para evoluir, dar certo e alcançar os seus objetivos. O Estado precisa de uma estrada por onde possa seguir.

Ao contrário dessa realidade o comportamento da Administração Estadual é como se houvesse normalidade em todos os outros setores que não o da Saúde. Não. Não é assim! Todos os outros setores são influenciados fortemente pela Covid-19, desde as restrições de aglomeração, até à presença dos trabalhadores de outros poderes, como o Legislativo e o Judiciário, no seu ambiente de trabalho.

Quando não se sabia a dimensão do ataque do vírus chinês, até que dava para esperar os acontecimentos para ver que posição poderia ser tomada. Agora não. Já se sabe o poder letal e destrutivo do vírus e, por isso requer-se mais objetividade no processo de manutenção de emprego, no poder de compra das famílias, no funcionamento das atividades e na avaliação do atendimento simultâneo e relacionado para elaboração do plano de emergência socioeconômico.

Mas não se vê nada disso!

A administração estadual conta com mais de 50 unidades de custos, entre secretarias, companhias, fiscalizadoras e agências, cada uma voltada para um público específico e com projetos que são executados apenas para justificar a sua existência.

Repetir os projetos que dão certos na captação de apoiamento eleitoral, na assistência social, na infraestrutura, na economia local, entre outros não vai dar certo. O momento é extraordinário, excepcional, exigente de procedimentos diferenciados o que, seguramente, não vem acontecendo.

Em tempo de pandemia, tudo muda.

Não adianta ficar apenas baixando decretos que limitam atividades que produzem aglomeração no sentido de evitar a contaminação de mais gente no Amapá.

Todas as intromissões do poder público na atividade privadas deveriam vir acompanhadas de medidas compensatórias, seja no incentivo tributário, seja compensação financeira e em prêmios por manutenção de emprego.

Muita gente está informada de que o Estado do Amapá é, proporcionalmente, o estado que tem mais desempregados de todo o País. Mesmo assim os procedimentos adotados pelo governo não se voltam para esse enfrentamento importante que está deixando muitas famílias desestruturadas e famintas.

Por exemplo, quando proíbe o estacionamento de veículos é absolutamente necessário que se, pelo menos, pense na compensação que deverá ser dado para o setor prejudicado. Mas isso passa longe e, ao invés de resolver um problema, cria problemas para cada família afetada pela interrupção da atividade.

Não precisa ser surpreendente. Precisa ser inteligente.

Um grupo de trabalho poderia estar fornecendo informações para os gestores que reservaram tempo para limitar, em função do coronavírus, as atividades de setores econômicos.

Além do estacionamento, temos outros setores que são afetados por esta e por outras medidas como fechamento do comércio, definição de atividade essencial, entre tantas que são afetadas pelas medidas autoritárias dos dirigentes que nem sequer se explicam.

Esperar, sem uma ação específica, o tempo passar não é a melhor decisão dos executivos públicos.

 

domingo, 3 de janeiro de 2021

As promessas que jamais poderiam ser esquecidas

Rodolfo Juarez

O prefeito Antônio Furlan (Cidadania), que assumiu o cargo de prefeito do município de Macapá no primeiro dia de janeiro de 2021, apresentou como plano de governo em uma lista de 45 projetos, em 10 programas que, mesmo considerando o baixo alcance social e econômico, terá muitas dificuldades para executá-lo.

O novo prefeito entra para a gestão municipal dentro dos limites de um orçamento anual composto por três partes bem definidas e suficientemente dimensionadas - fiscal, da seguridade social e das empresas públicas -, que é insuficiente para atender às peculiaridades municipais, especialmente o pagamento dos servidores do município.

Deste orçamento precisa contar com a quota-parte para ser repassada à Câmara Municipal de Macapá, bem como sempre estar disposto à convencer os vereadores de que precisa de apoio do parlamento municipal para desenvolver qualquer proposta que possa impactar na receita.

Além do que entender que nem tudo o que está orçado se confirmará na execução fiscal o que precisa de mãos fortes na condução da gestão econômico-administrativa do município.

Alem disso ainda tem a busca permanente por recursos que, no cenário atual, só poderá ser considerado quando a Covid-19 estiver domada, pois, de outra forma, não terá argumento para avançar noutros sentidos.

Das suas promessas constam 45 projetos, a maioria deles dependendo da boa vontade e comprometimento daqueles que detêm, organicamente, a capacidade de tomar as iniciativas, inclusive no executivo estadual, como a proposta de criar 500 vagas de emprego, em várias áreas da administração municipal para serem ocupadas por jovens universitários; ou definir 10 dias para abertura de empresas, entre os outros 43 projetos.

Na área de Direitos Humanos e sociais promete construir (e imagino colocar para funcionar) restaurante popular na zona sul de Macapá; criar o programa “bolsa comida na mesa” e implantar o projeto Armazém do Povo.

Na área de habitação apenas um projeto esta previsto: entregar moradias populares, apartamento ou casas, para a população que mora em área de risco. Se for apenas ‘entregar’ como está na proposta, precisa achar que vá fazer as casas ou apartamentos. Nessa área não vala na expansão da cidade ou no planejamento de definir essas áreas para ser entregue aos munícipes que chegam para morar em Macapá.

E assim vão outras promessas que chegam ao todo 45 projetos que não representam continuidade ou manutenção daqueles existentes na cidade ou no interior.

Mais isso é próprio daqueles que não tem a experiência na gestão pública, querem fazer diferente daqueles que estão saindo e, quando têm a responsabilidade na sua principal mesa de trabalho acabam procurando confundir a população ou esquecendo o que, durante a campanha, prometeram.

O importante, para o novo prefeito, é entender que Macapá é um município onde está a Capital do Estado e que precisa dar atenção para a população do interior, sempre relegada às migalhas da gestão.