quinta-feira, 3 de março de 2022

Futebol do Estado padece de um profissionalismo de fachada

Rodolfo Juarez

Apesar dos frequentes episódios de violência em decorrência de rivalidade entre torcidas, o futebol continua sendo uma das principais preferência dos brasileiros, que o fazem em nome do lazer e da paixão pelos times representativos dos clubes pelos quais torcem.

Nem todos os pontos são comuns para as diversas regiões brasileiras, mas na maioria delas foi despertado em tempo próprio a paixão do torcedor pelo seu clube que passa a chamar clube do coração.

A imprensa esportiva, um dos principais sustentáculo de todos os eventos, ganhou importância, estabeleceu-se, profissionalizou-se e tornou-se um dos principais elementos de construção do que passou a ser chamado espetáculo esportivo, um jogo de futebol.

As competições locais, chamadas de campeonatos estaduais, foram esvaziadas pelos campeonatos nacionais, seja o nacional propriamente dito, dividido em série (A, B, C e D), seja a Copa Brasil, uma competição que permite o entrelaçamento de todas as séries, basta que para isso seja campeão de alguma coisa regional e oficial, ou que seja ranqueado no ranking da Confederação Brasileiro de Futebol.

A Confederação é uma entidade formada pelas federações estaduais, estas diretamente formada pelos clubes filiados e diretamente responsáveis pela realização dos campeonatos estaduais, dispondo de toda a estrutura necessária para essa “primeira instância do futebol”, com tribunal próprio, colégio de árbitros e administração esportiva.

Faz tempo já que as federações estaduais se profissionalizaram. No Amapá, que passou muito tempo como Território Federal, não havia essa profissionalização, o futebol era amador, uma realidade muito diferente daquelas que já experimentava o profissionalismo.

Com a transformação de Território Federal para Estado, o Amapá passou a enfrentar realidades, também no esporte, que parece não teve facilidade para lidar.

A transformação açodada, apressada e inoportuna, do amadorismo para o profissionalismo, atendeu a vontade de uma minoria que sentiu a falta da maioria que, aos poucos, sem qualquer preparo, foi ficando pelo caminho, perdendo espaço para oportunistas que viam o futebol como escada e não como objetivo final.

Desde 1991 quando foi jogado o primeiro campeonato de futebol entre clubes ditos profissionais (uma vez que profissionais não eram), começaram as dificuldades dos clubes e, consequentemente, dos dirigentes, que passaram a assinar como profissionais e trabalhar como amadores.

Os direitos dos clubes e das federações passaram a ter uma lei. Uma lei elaborada, debatida e aprovada pelos legisladores, a maioria deles sem cuidar das federações estaduais de futebol, que passaram, “na marra” as administrações amadoras para profissionais.

O Amapá padece desse profissionalismo de fachada que não é compreendido ou praticado pelos dirigentes de clubes que, com as novas relações trabalhistas do dia a dia, se afundaram em dívidas com os membros da comissão técnica do clube e os jogadores.

Passamos então a viver, com as raras e honrosas exceções, com um sistema profissional onde o clube, como entidade, faz de conta que paga e os jogadores, que fazem de conta que recebem.

Para atrapalhar mais a situação do futebol no Amapá, foi juntado o interesse político, com o interesse esportivo. Como o interesse esportivo pesa muito menos, sempre fica em desvantagem, tanto que o estatuto da entidade é manipulado conforme favorece os dirigentes atuais de clubes e da própria federação.

O resultado esportivo é estampado no resultado dos jogos em casa, por competições nacionais, como o de quarta-feira, dia 02/03, quando o time local, além de fazer um seu primeiro jogo oficial do ano, fez um só jogo e foi eliminado pelo clube paraense.

A desvantagem é tremenda e, a continuar assim, nada a esperar.

 

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