Rodolfo Juarez
O sistema de saúde, da forma como se
apresenta para a população do Estado do Amapá, não é mesmo para amadores. Por
mais esforço daqueles que, no sistema e pelo sistema trabalham, e por mais que
a população se revista de toda a paciência do mundo não atinge a proposta menos ambiciosa
daqueles que pensam como a saúde deve estar disponível para a população.
A ideia de gestão
da saúde por Organizações Sociais, as chamadas OSs, surgiu no Brasil, em São
Paulo, no contexto da Reforma do Estado, no início dos anos 1990.
Essa proposta propunha
introduzir no serviço de saúde do estado, um modelo de parceria público-privada
na gestão do serviço, com a entrega para que as entidades sem fins lucrativos,
prestassem o serviço oferecendo a qualidade e a pontualidade para os serviços
até então prestados diretamente pela administração pública. Não conseguia.
A legislação que
regulamentou as OSs na saúde, como a Lei Federal nº 9.637/98, publicada em 18
de maio de 1998, abriu caminho para a expansão desse modelo, sendo pioneira na
implantação dessas organizações, tendo em sua ementa disposições sobre a qualificação de entidades como
organizações sociais, bem como a criação do Programa Nacional de Publicização.
O artigo 20 da lei 9.637/98 cuida da criação, mediante
decreto do Executivo, do Programa Nacional de Publicização – PNP, com o
objetivo de estabelecer diretrizes e critérios para a qualificação de
organizações sociais, a fim de assegurar a absorção de atividades desenvolvidas
por entidade ou órgãos públicos, com ênfase no atendimento do cidadão-cliente;
nos resultados qualitativos e quantitativos nos prazos pactuados; e controle
social das ações de forma transparente.
As OSs passaram a
receber recursos financeiros e a gerenciar bens, equipamentos e pessoal do
poder público, sob a justificativa e o compromisso de entregar maior eficiência
na gestão e na oferta de serviços de saúde.
O surgimento das
OSs na saúde também foi acompanhado de debates e críticas, especialmente em
relação à transparência, controle e qualidade dos serviços prestados por essas
entidades. O debate sobre a gestão da saúde por OSs envolve a
discussão sobre a privatização da saúde, a ampliação do acesso e a busca por um
modelo de gestão mais eficiente e eficaz.
Os primeiros dias
da gestão de Clécio Luis como governador do Estado do Amapá, isso em janeiro de
2023, foram, prioritariamente, voltados para, como dizia o governador,
“resolver o problema da saúde”.
A luta e a
divulgação das ações foram de choque. O governador queria ver os corredores do
Hcal e do HE desocupados, livres para serem apenas corredores dos hospitais.
Durante a
empreitada o governador percebeu que o problema era ainda maior do que
imaginava. Não conseguiu, apenas com a suas forças, suas vontades e a
capacidade do Governo, resolver os problemas dos quais se valiam os seus
críticos e deixavam a população com dúvidas..
O desafio estava
posto e o Governo, e não só o governador, precisavam vence-lo. Fez sucessivas
mudanças no comando da Secretaria de Estado da Saúde e, nada.
Resolveu, então,
partir para a divisão das tarefas do Governo com as Organizações Sociais,
sempre guiado pela vontade de vencer o desafio que lhe se havia imposto.
As organizações
sociais não tem fins lucrativos e já vinham dando certo em alguns lugares e
noutros nem tanto. Mas assim mesmo saiu para a experiência. Aliás essa
experiência já havia sido feita em governos anteriores (não havia dado certo!)
O fato é que hoje,
duas organizações sociais estão no comando da gestão de parte do sistema de
saúde do estado: a FUNDAÇÃO DE SAÚDE AMAPAENSE – FUNDESA (CNPJ
50.956.623/0001-00), uma fundação pública de direito privado estadual ou do
Distrito Federal, que tem como atividade econômica principal, APOIO E GESTÃO À
SAÚDE; a outra OS é a SAÚDE LINK LTDA (CNPJ 25.136.396/0002-00), uma sociedade
empresária Ltda.
O prédio onde
funciona uma ampliação do Hcal está sendo identificado como Anexo do Hcal. Os serviços
de saúde executados no Anexo do Hcal e a gestão do pessoal está sob o comando
da FUNDESA e parte dos serviços prestado no Hcal está entregue à gestão da
SAÚDE LINK.
Uma das duas
organizações sociais está com pagamento atrasado e os servidores CLT estão
reclamando.