quinta-feira, 11 de setembro de 2025

A alta complexidade e a espera pelo programa "Zera Fila"

 Rodolfo Juarez

As administrações públicas e privadas dos diversos sistemas de saúde e nas diversas gestões, dividem, desde a triagem, os atendimentos médicos em baixa, média e alta complexidade, correspondendo aos diferentes níveis de organização e intensidade dos serviços de saúde a serem prestados em cada caso.

Essa classificação é utilizada na estruturar da rede de atendimento, garantindo que os pacientes recebam os cuidados adequados ao seu problema, desde a atenção primária (baixa complexidade) em postos de saúde, passando por serviços especializados (média complexidade) em ambulatórios e hospitais, até os procedimentos mais avançados e de alta tecnologia (alta complexidade) em centros de referência. Essa divisão, segundo os administradores do setor, permite otimizar recursos, direcionar os pacientes para o local mais adequado ao seu caso, e assegurar um atendimento integral e contínuo.

A baixa complexidade ou atenção primária é o primeiro ponto de contato do paciente com o sistema de saúde, focada na prevenção e promoção da saúde. Engloba serviços como consultas básicas, exames de rotina e orientações de saúde em Unidades Básicas de Saúde (UBS). Geralmente, os procedimentos são mais simples e não exigem equipamentos de alta tecnologia.

A médica complexidade ou atenção secundária envolve atendimento especializado com profissionais como cardiologistas e ortopedistas, abrange o diagnóstico, tratamento e procedimentos como pequenas cirurgias e exames mais elaborados em ambulatórios e hospitais, bem como a demanda por profissionais especializados e o uso de alguns recursos tecnológicos. 

A alta complexidade ou atenção terciária refere-se a procedimentos que exigem alta tecnologia, custo maiores e equipes especializadas, muitas vezes de diferentes especialidades, incluindo cirurgias cardíacas, tratamentos oncológicos, transplantes e internação em UTI, por exemplo. Esses serviços são realizados em hospitais especializados, com o paciente necessitando de acompanhamento após a intervenção.

Essa classificação é importante porque permite a criação de uma rede de saúde hierarquizada, com fluxos de referência e contrarreferência, para que o paciente seja direcionado ao nível de atenção adequado à sua condição, além de ajudar no gerenciamento que precisa ser de forma eficiente, direcionando os serviços e equipamentos mais sofisticados para onde são realmente necessários.

Além disso, o atendimento integral garante que todos os níveis de cuidado estejam integrados, do contato inicial com a atenção primária aos tratamentos mais avançados da alta complexidade de tal forma que assegure que os pacientes tenham acesso a cuidados qualificados e eficientes, promovendo o direito à saúde para toda a população. 

Programas como o “Zera Fila” não pode ser um programa de governo. O “Zera Fila”, do Governo do Amapá, foi anunciado com o objetivo  reduzir a longa espera por cirurgias eletivas, especialmente as que estavam represadas há anos.

Ora, só o fato de ser anunciado como um programa para acelerar o agendamento e a realização de cirurgias já contraria a necessidade e a urgência dos pacientes que estão sofrendo e, na espera do que passou a ser chamado de “mutirão”.

A alta complexidade, onde está a maioria dos pacientes em espera pelo “Zera Fila”, é tão urgente como os demais níveis, entretanto, os pacientes que estão prometidos pelo “Zera Fila” ainda enfrentam um problema adicional – remarcação de procedimentos e a insegurança no cumprimento dos prazos anunciados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário