O BRASILEIRO ESTÁ DESCONFIADO
Rodolfo Juarez
A
seleção brasileira finalmente entrou em campo nessa fase final de preparação
pra a Copa do Munda da FIFA que começa no dia 12.
Foi um
jogo que serviu para mostrar que não são “favas contadas”, para ninguém,
inclusive a seleção brasileira, nem o título de campeã e nem mesmo a
classificação na primeira fase.
Enfrentando
um adversário muito fraco, atualmente e historicamente, a seleção brasileira
precisou desafiar a incompetência do sparing para ganhar confiança e sair para
vencer a partida.
Teve
necessidade do talento individual de alguns jogadores para, então, poder
acalmar o torcedor que não se empolgou com o que viu no Estádio Serra Dourada,
em Goiânia.
Coletivamente
– e o futebol é coletivo -, não se viu qualquer evolução. Parecia que os
jogadores estavam jogando cada qual no seu próprio time. Foram raras as jogadas
em que se pode observar parte do que se tem notícia que cada um deles joga.
Um
goleiro inseguro que exige cuidados especiais dos defensores em cada bola que
vai na direção do gol e que deu mostras de que não está pronto para enfrentar
todas as reviravoltas que tem um jogo. Falta-lhe confiança, inclusive, presença
no comando da zaga na grande área.
Uma
zaga que precisa de mais coordenação no momento que justifica a presença de 3
ou 4 jogadores na defesa. A falta de um dos considerados titulares bastou para
que os demais deixassem um sentimento de desconfiança no torcedor.
No meio
de campo, normalmente onde estão as garantias da seleção, muito mexido e
modificado, tanto no estilo de jogo como no posicionamento dos atletas,
prejudicou demais a evolução do sistema de jogo como um todo.
As
modificações foram importantes para esse setor que pareceu o mais fraco do time
durante o jogo, um espaço onde não aconteceu nada de extraordinário e que, na
primeira parte do primeiro tempo levou desvantagem no confronto com os
adversários que estavam, simplesmente, “batendo uma bola de final de semana”.
Com as
alterações havidas no segundo tempo e já contando com o cansaço dos gordos
adversários, a bola correu mais, o tempo de permanência da bola, com os
jogadores brasileiros melhorou e se pode observar alguma criatividade.
O
ataque, não fosse as facilidades oferecidas pelos zagueiros adversários e a
habilidade individual de alguns dos jogadores brasileiro, não teria funcionado.
O
placar de 4 x 0 – veja bem -, 4 x 0 serve para a propaganda dos jornalistas das
emissoras que detêm a autorização para transmitir os jogos.
Esse é
outro ponto que deve estar pronto para ser derrubado, não só por causa dos
males da exclusividade, mas porque essa exclusividade está alienando muitas
pessoas a teses indefensáveis e aonde precisa ser chamada a atenção dos que
dirigem a seleção brasileira e o futebol brasileiro.
Mas
esse foi o primeiro jogo treino. Ainda tem outro no final de semana e os
brasileiros estão atentos, muito diferente daqueles brasileiros que foram
manipulados principalmente nas copas de 94 e 2002.
O
torcedor de agora quer mais informação, quer outras coisas, muito mais do que
ficar alegre no memento da vitória.
A
enganação havida com relação ao “legado da copa” precisa ter os seus efeitos
analisados pelos gestores públicos, pois, o brasileiro não está disposto a
jogar os seus problemas para debaixo do pano, para expô-los apenas a partir do
dia 13 de julho quando a copa acabar.