segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

A polarização esquerda-direita.


No mundo da política a polarização pode referir-se à divergência de atitudes políticas entre extremos ideológicos.
Quase todas as discussões da polarização em ciências políticas são tratadas no contexto dos partidos políticos em sistemas democráticos de governo. Nos debates entre esses extremos a moderação ganha espaço e poder de influência, equilibrando e, em alguns casos, decidindo disputas eleitorais ou questões sociais ou legais que precisam de regras claras para contribuir com a satisfação da população.
Levando em consideração o espectro político esquerda-direita pode-se dizer que se trata de um conceito geral de enquadramento de ideologias e partidos. Esquerda e direita são muitas vezes apresentadas como opostos, embora um indivíduo ou grupo possa, eventualmente, assumir uma posição mais à esquerda em uma determinada matéria e uma postura mais à direita ou até de extrema-direita em outra.
Na França onde os termos se originaram, a esquerda tem sido chamada de “o partido do movimento” e a direita de “o partido da ordem”. A classificação pouco tem tido a ver com a prática política dos franceses.
Há um consenso geral de que a esquerda inclui progressistas, sociais-liberais, ambientalistas, social democratas, democrático-socialistas, libertários socialistas, secularistas, socialistas, comunistas e anarquistas. Por outro lado a direita inclui neoliberais, econômico-libertários, conservadores, reacionários, neoconservadores, anarcocapitalistas, monarquistas, teocratas e nacionalistas.
Segundo estudiosos do assunto, são quatro as dimensões que mais assertivamente definem os elementos da divisão ideológica entre esquerda e direita: política, econômica, religiosa e de temporalidade.
Existem, entretanto, críticas consideráveis e consistentes sobre a “simples redução” a um eixo esquerda-direita. Cientistas políticos têm sugerido que a classificação de “esquerda” e “direita” perdeu o seu significado no mundo moderno. Embora esses termos continuem a ser utilizados eles defendem um espectro mais complexo que tenta combinar as dimensões políticas, econômicas e sociais.
Os termos “direita” ou “esquerda” são cada vez menos relevantes na arena pública e mesmo no seio da população, onde os reflexos ideológicos são certamente menos acentuados do que antes, e as diferentes visões do mundo e da sociedade já não podem expressar claramente no contexto habitual da polarização esquerda-direita.
É exagerado ver o aspecto político como uma linha (eixo), com os chamados “revolucionários” à esquerda, os conservadores à direita, e os liberais no meio, como se cada grupo estivesse posicionado no canto de um triângulo.
O Brasil conta, no momento, com 33 partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral e é comum observar alianças entre partidos, principalmente nos estados e nos municípios, contrariando as anunciadas ideologias claramente opostas, mas que chegam a se entender ao ponto de firmarem coligação. Esse comportamento é menos comum quando tratado nacionalmente.
Imaginemos dividir os partidos no Brasil em quatro grupos: de esquerda-conservadora, de esquerda progressista, de direita conservadora e de direita progressista. Em qual deles se coloca cada um dos 33 partidos registrados do TSE.
Claro que precisa haver critério para inserir o partido políticos em um desses grupos. A votação nas matérias mais polêmicas seria um indicador importante, mas não o único.
E quais seriam essas matérias?
Poderiam ser, por exemplo: a) a mudanças nas regras na expansão do pré-sal; b) a reforma trabalhista; c) a redução da maioridade penal; d) reforma da previdência; e) pacote anticrime; f) reforma na legislação tributária; g) taxação das grandes fortunas; h) privatização; h) outras de igual relevância e a escolha do leitor.
Avaliando esses comportamentos se acharia, mais facilmente, em quais dos grupos melhor se enquadra o partido.

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