Rodolfo Juarez
No
artigo do ultimo dia 16, “a população quer participar das decisões”, analisei a
questão do lockdown do ponto de vista das autoridades que não olham para a
população. Hoje vou cuidar de analisar o mesmo lockdown do ponto de vista dos
empreendedores, formalizados ou não.
Pois
bem, foram tímidas as reações das unidades sindicais do comércio e da
federação, as que têm legitimidade para representar as empresas constituídas
dentro das regras que o governo federal, formalizada através de entrega aos
empreendedores de um número de CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, com
objetivo de regularizar a existência de uma empresa perante a União e, que por
isso deve conter informações como nome fantasia ou título, endereço e a data de
abertura.
Como
também foram tímidas as manifestações das lideranças, mesmo de detentora de
CGC, que não são filiadas a quaisquer dos sindicatos do comércio e, portanto,
sem forças para exigir, em um momento difícil, para cuidar dos interesses
específicos dessas empresas e da manutenção dos empregos que gera.
Ainda
se colocam neste cenário do comércio amapaense, grande parte dos
empreendedores, pessoas que não tiveram mais tempo para procurar emprego e
estão na contagem como pessoas desalentadas e que, muitas delas comerciam nesta
praça.
Até
agora ainda não entendi a classificação de desalentados para as pessoas que
desistiram de procurar emprego, pois, na realidade, a maioria dessas pessoas
teve muita coragem para buscar outros meios para sobreviver e, empreender foi a
decisão tomada. Passaram a ter o seu próprio negócio, seja como um aviado por
uma empresa legalizada, seja aquele que compra da empresa organizada para
revender e obter o lucro que lhe serve como prolabore.
Isso
não quer dizer que dará sempre certo esse “bico”, mas é uma busca que liberta
essa pessoa da procura do que não tem – o emprego.
Foi
neste ambiente que o governador e o prefeito fizeram publicar os decretos que
limita a negociação de compra e venta, considerando que sem venda não há compra
no processo que satisfaz as necessidades da população.
Os
comerciantes organizados que pode ter o poder de representação pelas entidades
sindicais (sindicatos e federações) e como já foi dito, tiveram uma tímida manifestação,
provavelmente submetidas ao crivo das autoridades que publicam os documentos
que aumentam a repressão e não dividem a responsabilidade com a parte da
população que precisa compreender qual a intenção dos gestores do estado e dos
municípios e que, nesse momento, consideram que são os seus traidores.
A
infeliz manifestação,feita esta semana, por parte de um dos auxiliares diretos
do governo do estado acirrou o ânimo entre os empresários, não aqueles que
entregaram a sua vós para os dirigentes sindicais, mas principalmente para
aqueles que não contam com representação sindical.
A
pressa, provavelmente, os tenha levado a se valer de uma carta aberta genérica,
que contém frases de efeito, mas não condiz com a realidade dos empreendedores
locais.
Um documento
com foco no protesto, mas também na busca de solução, propósito de colaboração
e disposição de participação nas limitações impostas aos empreendedores seria
mais eficaz e poderia oferecer dados para que o comerciante não ficasse
irritado com as medidas dos governos estaduais e municipais, que deixam a
população apreensiva com os problemas que lhes seriam jogados no peito.
O
momento é de cautela por causa da pandemia, mas poderia ser coerência para os
gestores, estes não podem comparar as suas condições de sobrevivência com os
outros da população, principalmente os mais pobres. Aqueles têm a certeza nos
seus salários, estes não têm certeza de nada.
O que
consta nos decretos, extensos e repetitivos, com leitura que irrita até a
assinatura, não pode ser compreendido pela população que não gosta do
autoritarismo. Tornaram-se ditadores.
Os
populares sempre dizem: “estamos fazendo o que é possível”, como manter o
distanciamento, buscar o isolamento, só não podemos ficar em casa, precisamos
dar o “de comer” para a família e isso custa dinheiro. Exatamente o que nos
falta!
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