quinta-feira, 29 de abril de 2021

Vacinado e com suspeita.

Rodolfo Juarez

Desde o dia 19 de março deste ano que comecei a me relacionar pessoalmente com as coisas do novo coronavírus e da covid-19. Naquele dia, como pertencente ao grupo prioritário formado por aqueles que têm 74 anos de idade, tomei a primeira dose da vacina Coronavac.

Reações mínimas (leve febre e pouco tempo de dor de cabeça) em decorrência da aplicação e entusiasmo máximo pela satisfação de ter tomado a primeira dose imunizante.

Voltei, 22 dias depois, para tomar a segunda dose, isto no dia 10 de abril deste ano. Completada a imunização na forma prevista pelos cientistas, pelos médicos e os paramédicos, imaginei que, finalmente, estava pronto para continuar a vida sem a ameaça que vinha me cercando desde o começo do ano passado.

Qual nada!

No dia 16 de abril, sexta-feira, dia de hemodiálise na Uninefro, em Macapá, fui o centro de uma ocorrência inusitada. Desde a primeira hora da sessão de diálise (faço diálise 3 vezes por semana: segunda, quarta e sexta-feira, das 13h às 17h) tive apurada pressão alta (19 x 7) com tendência de subida. Ás 16 horas marcou 22 x 8. Recorrido ao médico de plantão naquela hora, o nefrologista JEF, achou por bem enfrentar a pressão alta com medicamentos.

O médico selecionou dois medicamentos e mandou ministrar: Captopril de 50mg e Atenolol de 50mg simultaneamente. São duas doses consideradas muito altas. Uns 100 mg de água foi o suficiente para ingerir os dois medicamentos de uma só vez.

A reação foi imediata. A pressão caiu a 13 x 6 em 5 minutos, mas deixou, na parte frontal do meu tórax uma dor intensa que se concentrava nos músculos que cobrem o estômago. A dor veio acompanhada de falta de ar, provocando sintomas parecidos àqueles da covid-19 naquela região do corpo.

A primeira providência foi a realização imediata de uma tomografia computadorizada do tórax.

Com a tomografia veio a confirmação de que eu tenho um pulmão comprometido em 20% dos campos pulmonares, derrame pleural bilateral com espessura líquida posterior à direita de 3.0 cm e à esquerda de 2,4 cm, aorta ectasiada e ateromatosa, um padrão radiológico compatível com CO-RADS 5 – achados típicos de covid-19.

O circuito para testagem confirmatória é longo, não tem em um só lugar e a peregrinação é incerta por causa da falta de elementos analíticos para quem já tomou a segunda dose da vacina imunizante para o coronavírus.

O grave é que o tempo que passa entre a descoberta e o atendimento é suficiente para uma pessoa piorar, ser entubado em uma unidade de saúde e, morrer...

Exames específicos e que não podem esperar são feitos em clínicas particulares (o sistema local de saúde não dispõe dos kits de teste, a não ser aquele que menos dá garantia).

Recorrido ao sistema particular para realizar os exames, especialmente aquele das narinas, me foi exigido um prazo de 10 dias para ter-se o resultado se “sim” ou se “não”.

Vacinado (duas doses da Coronavac), com 74 anos, um pulmão com 20% comprometido, 97% de saturação, estou tomando Amoxacilina + Clavulanato 875/125; Acetilcisteína 600mg (20 saches); e Colchicina 0,5 mg.

Tomara que dê certo!

 

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