quarta-feira, 10 de abril de 2024

O paciente renal crônico continua invisível no Estado do Amapá

Rodolfo Juarez

Ainda persiste, sem qualquer movimentação do sistema de saúde do Governo do Estado e do Município de Macapá, a invisibilidade dos pacientes renais crônicos que estão em hemodiálise e tendo como última alternativa o transplante de rim, o que não é realizado no sistema de saúde amapaense.

Amapá e Roraima foram os únicos estados brasileiros que não realizaram transplante de rim em 2023 e não têm perspectiva de a realizar em 2024, mesmo sendo o transplante que mais é realizado no Brasil.

No Estado do Amapá, por não ter estatística oficial para informar quantos pacientes renais crônicos morrem por ano em Macapá e Santana, onde estão as clínicas de hemodiálise e de hemodiafiltração, a sociedade amapaense e brasileira não conhece o tamanho do problema que os pacientes renais crônicos enfrentam.

Pelas anotações que são construídas pelos próprios pacientes, não há dúvida de que o número de óbito é um dos maiores, senão o maior, originado pela falência dos rins que tem causas diversas.

Nem mesmo as medidas preventivas são tomadas. Os pacientes renais crônicos, antes de chegar a ter necessidade de fazer hemodiálise para sobreviver, precisariam ter os alertas feitos a partir de exames simples para detectar o nível de creatina no sangue e passar por controles que evitariam a necessidade de fazer hemodiálise e, como consequência, a necessidade do transplante de rim.

Todos os pacientes renais crônicos que residem no Estado do Amapá precisam sair daqui para entrar na fila de transplante. E, para isso, o paciente passa por um verdadeiro calvário que começa com a busca de uma estado, que não o Amapá ou Roraima, para iniciar os exames que o encaminharão para a fila única de transplante.

Aqui, no Amapá, a grande dificuldade para os pacientes renais crônicos, em hemodiálise, é conseguir uma máquina de hemodiálise para atendê-los na categoria “em trânsito”.

A fila do transplante é única. A modalidade de transplante que mais insere pacientes na fila única é a de transplante de rim, isso significa dizer que o paciente residente no Estado do Amapá, além da espera na fila para o transplante, ainda tem a espera por uma máquina de hemodiálise para o paciente em trânsito.

Conseguir a consulta é o primeiro passo, entretanto, não significa que o paciente vai chegar ao local para fazer essa consulta pois, por repetidas vezes, o estado onde o paciente tem a consulta marcada, não disponibiliza a máquina temporariamente, equipamento do qual a vida do paciente renal crônico depende.

As autoridades do setor de saúde do estado precisam encontrar os meios necessários para disponibilizar aos pacientes renais crônicos condições para que o transplante seja feito aqui, no Estado.

Os pacientes estão morrendo, e são muitos! Só não se sabe quantos! O número parece que não interessa ser divulgado e, ao contrário, dá a impressão que é escondido à sete chaves ou diluído entre outras causas de morte.

Está se tornando impossível aceitar que o Estado do Amapá seja um dos dois estados que não faz transplante de rim e não tenha uma linha direta com quaisquer dos outros estados que fazem o procedimento.

A saúde é um direito definido na Constituição Federal e em leis diversas, inclusive estaduais, mas, para os pacientes renais crônicos que vivem no Amapá, só resta “se virar”, abandonando tudo aqui, ou ficar recebendo negativas sucessivas de outros centros, inclusive centros vizinhos de Macapá.

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