Rodolfo Juarez
Ainda persiste, sem
qualquer movimentação do sistema de saúde do Governo do Estado e do Município
de Macapá, a invisibilidade dos pacientes renais crônicos que estão em
hemodiálise e tendo como última alternativa o transplante de rim, o que não é
realizado no sistema de saúde amapaense.
Amapá e Roraima
foram os únicos estados brasileiros que não realizaram transplante de rim em
2023 e não têm perspectiva de a realizar em 2024, mesmo sendo o transplante que
mais é realizado no Brasil.
No Estado do Amapá,
por não ter estatística oficial para informar quantos pacientes renais crônicos
morrem por ano em Macapá e Santana, onde estão as clínicas de hemodiálise e de
hemodiafiltração, a sociedade amapaense e brasileira não conhece o tamanho do
problema que os pacientes renais crônicos enfrentam.
Pelas anotações que
são construídas pelos próprios pacientes, não há dúvida de que o número de
óbito é um dos maiores, senão o maior, originado pela falência dos rins que tem
causas diversas.
Nem mesmo as
medidas preventivas são tomadas. Os pacientes renais crônicos, antes de chegar
a ter necessidade de fazer hemodiálise para sobreviver, precisariam ter os
alertas feitos a partir de exames simples para detectar o nível de creatina no
sangue e passar por controles que evitariam a necessidade de fazer hemodiálise
e, como consequência, a necessidade do transplante de rim.
Todos os pacientes
renais crônicos que residem no Estado do Amapá precisam sair daqui para entrar
na fila de transplante. E, para isso, o paciente passa por um verdadeiro
calvário que começa com a busca de uma estado, que não o Amapá ou Roraima, para
iniciar os exames que o encaminharão para a fila única de transplante.
Aqui, no Amapá, a
grande dificuldade para os pacientes renais crônicos, em hemodiálise, é
conseguir uma máquina de hemodiálise para atendê-los na categoria “em
trânsito”.
A fila do
transplante é única. A modalidade de transplante que mais insere pacientes na
fila única é a de transplante de rim, isso significa dizer que o paciente
residente no Estado do Amapá, além da espera na fila para o transplante, ainda
tem a espera por uma máquina de hemodiálise para o paciente em trânsito.
Conseguir a
consulta é o primeiro passo, entretanto, não significa que o paciente vai
chegar ao local para fazer essa consulta pois, por repetidas vezes, o estado
onde o paciente tem a consulta marcada, não disponibiliza a máquina
temporariamente, equipamento do qual a vida do paciente renal crônico depende.
As autoridades do
setor de saúde do estado precisam encontrar os meios necessários para
disponibilizar aos pacientes renais crônicos condições para que o transplante
seja feito aqui, no Estado.
Os pacientes estão
morrendo, e são muitos! Só não se sabe quantos! O número parece que não
interessa ser divulgado e, ao contrário, dá a impressão que é escondido à sete
chaves ou diluído entre outras causas de morte.
Está se tornando
impossível aceitar que o Estado do Amapá seja um dos dois estados que não faz
transplante de rim e não tenha uma linha direta com quaisquer dos outros
estados que fazem o procedimento.
A saúde é um
direito definido na Constituição Federal e em leis diversas, inclusive
estaduais, mas, para os pacientes renais crônicos que vivem no Amapá, só resta
“se virar”, abandonando tudo aqui, ou ficar recebendo negativas sucessivas de
outros centros, inclusive centros vizinhos de Macapá.
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