Porto de
Macapá – Companhia Docas de Santana – histórico I
Rodolfo Juarez
Com a
promulgação da Constituição Federal de 1988, no dia 5 de outubro, e a
transformação do Território Federal do Amapá em Estado do Amapá, ficou
conhecido o prazo do qual dispunha o governo da transição, que tinha como
governador Gilton Garcia, para institucionalizar o nova Unidade da Federação
(UF).
Da
institucionalização constavam as eleições para governador e vice, eleição de 3
senadores, de 8 deputados federais e 24 deputados estaduais, isso na esfera
eleitoral. Além disso, instalação do Tribunal de Justiça, com desembargadores,
juízes e auxiliares da justiça; Ministério Público com seus procuradores,
promotores e auxiliares.
Com a parte
de custeio instalada, como projetada a parte de receita uma vez que o orçamento
anual precisava ser equilibrado e o Amapá vinha sendo sustentado por receitas
vindas diretamente do Governo Federal desde 1943, na condição de território
federal?
A Associação
Comercial e Industrial do Amapá – ACIA, naquele tempo único fórum de discussão
do lado empresarial da economia, começou a idealizar modelos que pudessem
sustentar as necessidades do novo Estado.
Os estudos,
resultantes de constantes discussões na Associação Comercial, apontaram que,
naquele momento, dois projetos, dentre outros, poderiam contribuir com o
necessário desenvolvimento econômico do Estado do Amapá: a criação de uma área
de livre comércio no Estado e a estadualização do Porto Alfandegado de Macapá
que, há época, era administrado por uma autarquia federal, a Companhia Docas do
Pará – CDP.
Sarney,
ex-presidente da República, havia sido eleito em 1990, com o maior número de
votos e com a mensagem de que a eleição dele seria o boa para contribuir com a
estruturação equilibrada do Estado do Amapá, discutindo no Congresso as
questões amapaenses. Assim, ele passou a ser o principal alvo do empresariado
daqui.
Em 1992, por
ação do senador Sarney, foi criada a Área de Livre
Comércio de Macapá e Santana (ALCMS) através do Decreto nº 517, de 8 de maio de
1992, que regulamentou o art. 11 da Lei nº 8.387, de 30 de dezembro de
1991, na parte que trata da Área de Livre Comércio de Macapá e Santana-ALCMS.
Assim, a ALCMS se transformou em um dos
principais direcionadores da economia do Amapá, responsável por mais de 60 mil
empregos na região, e teve como objetivo inicial e justificador, a promoção do comércio internacional, atrair investimentos
estrangeiros, além de estimular a inovação e o crescimento econômico do estado.
Já com relação do Porto de Macapá, que fica em
Santana e a 18 km da capital, continuava sendo administrado pela Companhia
Docas do Pará, mesmo sendo o único porto alfandegado em território amapaense e
os containers, com mercadorias importadas, principalmente do área livre
comércio do Panamá, chegassem com destino à ALCM. Os tributos e as
contabilidades continuavam sendo pagos e feitas em Belém, sede da CDP.
Em 1993, na segunda metade do governo eleito do
governador Barcellos, se iniciou uma negociação para a estadualização do Porto
de Macapá, em Santana, pertencente à União Federal. Terminado o governo
Barcellos e a confusão que resultou, no Governo Federal, devido à renúncia do
presidente Collor e a investida no cargo presidente, do vice-presidente Itamar
Franco.
Em 1994, há época não havia a possibilidade de
reeleição para o mesmo cargo, e Barcellos tinha que deixar o cargo no dia 31 de
dezembro.
Antes, em outubro, foi eleito o sucessor de Annibal
Barcellos, João Capiberibe, adversário ideológico e político. Essa preferência
afetou, diretamente, todas as negociações que haviam sido iniciadas com relação
a estadualização do porto alfandegado de Macapá, o Porto de Santana.
Nas eleições de 2000, para um mandato de 4 anos, o
eleito prefeito de Santana foi Rosemiro Rocha, afinado com Barcellos, e que
durante a campanha se comprometera, caso o governador Capiberibe, não mostrasse
interesse pelo Porto de Macapá.
Capiberibe continuou com mesmo propósito com
relação do porto até o final do seu mandato em março de 2001. Substituído, pela
vice Dalva Figueiredo, que retomou a discussão. Mas não deu tempo, o mandato da
governadora terminou em 2002, mas transferiu os apoios com relação ao porto
para o prefeito de Santana que se interessou pela municipalização do porto e
entregou essa atribuição a mim.
Com apoio do meu irmão, então deputado federal e
que me abria portas no Ministério dos Transportes, em 14 de dezembro de 2002,
foi assinado o Convênio de Delegação 09/2002, entre a União, com interveniência
do Ministério dos Transportes, e o Município de Santana, com a interveniência
da Companhia Docas de Santana – CDSA para que a CDSA administre e explore o
Porto de Macapá.
Apenas, em 27 de fevereiro de 2003 foi firmado o
Termo de Contrato de Concessão Real de Uso n.º 01/2003, entregando, mediante
inventário, por cessão a título gratuito, móveis, imóveis, equipamentos e áreas
pertencentes à CDP, localizado no Porto de Macapá, Estado do Amapá.
Na Cláusula quinta do Contrato de Cessão Real de
Uso está estabelecido o prazo de 25 anos de vigência para o contrato,
prorrogáveis por mais 25.
Em 27 de fevereiro, deste ano, o Contrato de Cessão Real de Uso completa 22 anos e a CDSA e a Prefeitura de Santana, terão de tomar a decisão: se querem ou não a prorrogação do prazo do contrato de cessão real de uso por mais 25 anos e se a União concorda.
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