quinta-feira, 30 de outubro de 2025

As tensões que o Brasil enfrenta contribuem para um clima de instabilidade

Rodolfo Juarez

Por operação policial poderíamos entender como um conjunto de atos coordenados, executados de forma planejada e em caráter sigiloso, desencadeados a partir de um levantamento prévio de informações, com um objetivo definido e específico, conexos a uma investigação em curso.

A discussão desta semana ficou por conta dos acontecimentos havidos no Rio de Janeiro quando em uma dessas operações policiais resultou com mais de 100 mortos e outros tantos feridos.

Uma pergunta se repetiu em muitos cantos e recantos do País questionando se o Brasil corre risco iminente de entrar em uma guerra civil.

Ainda dá para responder que Brasil não corre risco iminente de guerra civil, mas enfrenta desafios significativos como a polarização política e tensões sociais que podem ser confundidas com a possibilidade de um conflito armado generalizado. A análise de especialistas, considerando a realidade brasileira, aponta que uma guerra civil, com exércitos em combate, é bastante improvável.

São prevalentes os fatores que indicam um risco baixo para uma guerra civil, entre eles o controle das Forças Armadas, uma vez que o exército brasileiro mantém o monopólio da força no país, diferentemente de cenários onde grupos armados rebeldes possuem poder de combate significativo. Isso impede a formação de campos de batalha convencionais.

Outro fator é a estrutura institucional que, pesar dos desafios, as instituições democráticas brasileiras ainda funcionam. Embora a polarização política seja intensa, a violência não escalou para um nível que configure um conflito armado aberto, bem como não se registra evidências de que potências estrangeiras estejam dispostas a apoiar financeiramente ou com armamento um lado ou outro em um conflito interno no Brasil. 

Embora a guerra civil seja improvável, o Brasil enfrenta tensões que contribuem para um clima de instabilidade, como:

Polarização política: A divisão acentuada entre diferentes espectros políticos é um desafio persistente, com pesquisas indicando que a população mostra sinais de cansaço com o debate político raso.

Risco de autoritarismo: Análises mais antigas já alertavam para um possível declínio na qualidade das instituições democráticas, mas sem evoluir para um conflito armado.

Crise de credibilidade: Declarações falsas sobre a iminência de uma guerra circulam na internet, alimentando a desinformação. Em 2024, áudios de militares de alta patente discutindo a possibilidade de uma guerra civil para evitar a posse do presidente eleito em 2022 vieram a público, indicando uma crise institucional.

Tensão econômica: Fatores como desaceleração econômica, inflação e alta nos juros, somados às preocupações com as contas públicas, contribuem para um cenário de incerteza em 2025.

Tensão social e desigualdade: Apesar da queda recente no índice de desigualdade de renda em 2024, as disparidades sociais persistem, e os mais ricos ainda concentram grande parte da riqueza nacional. A ONU também alertou, em outubro de 2025, para a necessidade de o Brasil romper com o ciclo de extrema brutalidade em operações policiais.

 

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