Rodolfo Juarez
Bom dia
Macapá. Hoje você parece mais faceira do que noutros dias!
Pode
ser que os meus sentimentos estejam mais aflorados, ou simplesmente o vento, a
chuva, as nuvens, a terra e as pessoas daqui entenderam que hoje a protagonista
é você.
Já está
longe, no calendário e na lembrança, o dia 4 de fevereiro de 1758 quando você
recebeu, em um batismo especial, o nome de Macapá, consumado com a água mais
benta de todas – a do rio Amazonas.
Afinal
já se passaram 262 anos que você recebeu aquela certidão de batismo. Tenho
certeza que, naquele dia, imaginavas tempos futuros tranquilos para todos os
habitantes, bons para exercitar um modo de vida com qualidade, mesmo com a
transformação do ambiente que imaginavas ser para melhor.
Não tenho dúvidas que você, desde o começo,
quer ser a mais bela cidade deste lado do grande rio e, quem sabe, rivalizar
com todas as cidades que estão do outro lado. Nesse ponto desculpar é o verbo.
Muitos
dos teus filhos fizeram estripulias antes de se tornares capital do Amapá e
mesmo, quando capital, alguns não honraram o que teria sido dito no dia do
batismo e o que foi escrito na certidão de nascimento.
Lembra
aquela confusão criada em 1943 quando o presidente da República do Brasil
escolheu para capital do Território do Amapá a cidade de Amapá?
Pois é,
deu trabalho para convencer os que governavam o Brasil de que você era a noiva
mais bela e preparada para aquele casamento. Quando você mostrou sua beleza,
seu ambiente, sua posição geográfica, Janary Nunes, primeiro governador do
Território do Amapá, convenceu o Presidente Vargas, graças às informações e
evidências apresentadas pelo prefeito de então, Elieser Levy.
Durante
a República Nova, que durou de 1946 a 1964, você foi administrada por 14
diferentes prefeitos, todos biônicos, e durante o governo militar, de 1964 a
1985, foram outros 16 prefeitos biônicos, até que, a partir de 1.º de janeiro
de 1986, começou a série de prefeitos escolhidos pelo seu povo. Raimundo Azevedo
Costa foi o primeiro, em 1986, depois João Alberto Rodrigues Capiberibe,
Papaléo Paes, Annibal Barcellos, João Henrique Pimentel (por dois mandatos),
Roberto Góes e, o atual, Clécio Luis (dois mandatos) que governa até o dia 31
de dezembro de 2020.
Hoje
com 262 anos e mais de 500 mil habitantes, sei que você não está satisfeita com
o atendimento que é dado a seu povo, que enfrenta problemas com a mobilidade
urbana, com orçamento público, com o serviço de saúde e educação, emprego,
porto fluvial para embarque e desembarque de passageiro e carga, serviço de distribuição
de água e de energia, sistema de drenagem de águas pluviais, sistema de coleta
de esgoto, coleta e destino final do lixo, manutenção do asfalto nas vias,
transporte coletivo, entre outros.
Nem
mesmo as respostas populares que tem dado para os seus dirigentes têm sido
suficientes para compreenderem que a recompensa esperada, por você e seu povo,
é o exercício laboral pleno, com lisura, honestidade e lealdade com a história
e as tradições.
Sei que
já sabes que o tempo dos espertos e oportunistas já passou, muito embora eles
continuem na espreita para dar mais um bote, atacar mais uma vez, e deixar que
os problemas aumentem e você perca os títulos que seu povo lhe deu com tanto
carinho.
Mas
continue tendo esperança, quem sabe se você não está entrando para uma década
diferente, onde o trabalho é o primeiro objetivo de todos e os resultados sejam
para trazer-lhe a alegria que merece.
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