quarta-feira, 8 de abril de 2020

Um ano submetendo-se a hemodiálise


Rodolfo Juarez
Um ano depois de ter entrado para o grupo de pessoas acometidas da Doença Renal Crônica e que se submete à hemodiálise, pelo menos três vezes por semana, volto a comentar sobre o assunto.
É uma situação em que os pacientes têm novas regras no seu dia a dia e um compromisso de relevância social para minimizar as preocupações da família que precisa compreender o que está acontecendo e buscar equalizar a expectativa do paciente submetido à máquina de hemodiálise.
No Estado do Amapá apenas Santana e Macapá têm unidades de nefrologia: a de Macapá conta com 38 máquinas, em dois salões na Unidade de Nefrologia do Hcal, funcionando em quatro turnos, três durante o dia e um à noite, atendendo a oito grupos de pacientes em hemodiálise. O quarto turno foi criado devido à grande procura de pacientes encaminhados para fazer a hemodiálise.
A máquina de hemodiálise, como máquina precisa estar em funcionamento perfeito para ser usada pelos pacientes e, por isso, os responsáveis mantêm técnicos de prontidão para qualquer emergência, afinal essas máquinas funcionam ligadas ao corpo do paciente e movimentando todo o sangue dele, filtrando-o ao máximo que puder, procurando substituir os insubstituíveis rins.
No Estado do Amapá não são realizados transplantes de rim, uma das alternativas para o paciente renal crônico. Os pacientes daqui procuraram centros em outras cidades como: Fortaleza, Porto Alegre, Joinville, entre outros.
Acontece que o tratamento fora de domicílio obriga ao enfrentamento da burocracia local, a alegação da falta de recursos para os pagamentos decorrentes, e lentidão do processo que, muitas vezes abre a porta para a desistência ou para a morte do paciente.
Os médicos nefrologistas recebem o apoio de uma equipe muito boa de enfermeiros, auxiliares de enfermagem, técnicos em enfermagem que exercitam a dedicação como modo de tornar aquele momento menos difícil, mesmo sabendo que nem sempre o resultado é o esperado ou imaginado.
Uma mesma pessoa administra a unidade de nefrologia do Hcal, em Macapá, e a unidade de nefrologia do Hospital de Santana. Essa situação prejudica, sobremaneira, a gestão que, ausente em pelo menos um turno, se vê obrigada a agir sempre com atraso e chega a não perceber a aglomeração de acompanhantes e pacientes, próxima ao balcão de atendimento, ambiente apresentado como sala de espera.
O laboratório de análise de sangue dos pacientes em hemodiálise nem sempre está funcionando. Este ano de 2020, por exemplo, o laboratório não foi usado para um exame sequer. A alegação principal é a falta de pagamento dos prestadores do serviço. Mesmo sabendo que os resultados dos exames são fundamentais para a tomada de decisão dos médicos.
Durante uma sessão de hemodiálise de 3 horas, há 13 passagens completas do sangue do paciente pelos filtros da máquina e, nesse processo os nutrientes são retirados juntos com as impurezas. Um dos efeitos imediatos é o aparecimento ou agravamento da anemia em quem se submete ao processo, além do risco de ataques que enfraquecem os ossos.
A cada sessão o paciente é puncionado duas vezes para permitir a movimentação do seu sangue fora do organismo e pelo mecanismo da máquina. Um processo que exige a ligação, por dutos, do paciente à máquina, que não pode parar durante a sessão.
Há um ano eu estou dependendo da máquina, acompanhando o não funcionamento autônomo dos meus rins, assim como outros que no Amapá e pelos outros estados do Brasil se submetem a esta alternativa que não trata, mas mantém a vida.

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