Rodolfo Juarez
Aos
poucos as eleições municipais do dia 15 de novembro começam a tomar corpo e a
ocupar espaços na imprensa que vinha dando cobertura para a covid-19 e suas
consequências. Os eleitores estão, até o momento, avaliando que 2020 não parece
ano de eleição “com mais notícias da pandemia, de assassinatos, feminicídios e
apreensões de drogas do que de eleições”.
Depois
da promulgação da Emenda Constitucional 107, que adiou o primeiro turno das
eleições municipais para o dia 15 de novembro, retardando em 42 dias o pleito,
houve assim uma espécie de freio nas discussões que já ganhavam corpo um pouco
antes da modificação da data.
Desta
vez o eleitor, os partidos políticos e os políticos, que não congressistas,
esperaram pela ação do Congresso Nacional em dar um jeito no problema que todos
reconheciam urgente, mas poucos partiam para resolver a questão.
A
legislação, com sua inflexibilidade, não permitia alternativa. Com ou sem
pandemia a eleição estava marcada. Chegaram até cogitar unificar os pleitos no
Brasil com a prorrogação dos mandatos dos atuais prefeitos por dois anos. A
situação legal, entretanto, tornava-se ainda mais intransponível.
Resolvida
a questão com o adiamento do pleito, mais induvidosa tornou-se a eleição para
escolha de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, agora com data marcada e sem
mais a possibilidade de prorrogação de mandatos.
Passados
os primeiros dias, uma espécie de férias das questões políticas, agora os
agentes do processo estão voltando entusiasmados, aliás, como deve se o
processo eleitoral brasileiro que teve tempo reduzido para a campanha, mas
ganhou tempo na pré-campanha.
A
minirreforma eleitoral acabou com a coligação para as eleições proporcionais.
Esse novo modelo vem complicando a cabeça dos profissionais da política, uma
vez que os arranjos da campanha, tanto para vereador como para prefeito e
vice-prefeito, ganham contornos que vão precisar ser explorados de forma
diferente daquela conhecida e experimentada, que trouxe resultados inesperados
quando na disputa estava o paparicado “puxador de votos”.
Há
pré-candidato, veterano nas disputas, que ainda não achou a estratégia que
usará na pré-campanha, que vai até a convenção, e na campanha que vai até a
véspera da eleição do dia 15 de novembro.
O drama
vem quando o pré-candidato começa a fazer as contas. Percebe que as parcelas
são pequenas para alcançar a soma dos votos que entende precisar para compensar
o trabalho e o dinheiro que terá que realizar e gastar, para manter a esperança
em garantir a vaga que vai disputar.
Há
poucos dias tive oportunidade de acompanhar uma avaliação feita pelo
pré-candidato da Rede Sustentabilidade, Rubem Bemerguy, quando chegou a
aconselhar que o prefeito Clécio Luis deixasse o partido pelo qual se elegeu
prefeito em 2016, para evitar desgastes.
Claro
que nesse momento o pré-candidato não estava pensando nos eventuais prejuízos
políticos que via nas atitudes administrativas que o prefeito tomava, mas na
possibilidade futura do prestígio administrativo, ser transformado em
reconhecimento político que poderá somar noutra conta e não na conta da Rede
Sustentabilidade.
Isso é ruim para o pré-candidato? É. Os dois, o pré-candidato e o prefeito, são do mesmo partido, mas, pelo menos no momento, estão caminhando caminhos diferentes e, se continuar assim, não soma e, pior, divide e em parcelas desiguais.
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