Rodolfo Juarez
O Círio de Nazaré
foi, mais uma vez, uma demonstração de fé e confiança na Virgem Imaculada.
Sob sol causticante
se contava o número de pessoas às centenas de milhares, seguindo o Andor
Sagrado, como um painel a demonstrar o tamanho da fé do povo macapaense e dos
romeiros que vieram das ilhas e dos municípios vizinhos.
Pessoas descalças
pisando em um asfalto com temperatura próxima dos 60 graus, em alguns momentos
maior que isso, receberam a solidariedade dos “molhadores de pés”, pessoas que
vão ao longo da procissão tentando o resfriamento do asfalto e dos pés que, às
vezes é infrutífero, mas, mesmo assim, as pessoas seguem sem lembrar que têm os
pés, entregando todo o seu corpo à Virgem e entendendo que a sua alma ficará
confortada.
Os promesseiros,
pagando algumas das mais estranhas promessas, seguem com miniatura de casa no
ombro, cartaz com palavras de agradecimento, entre outros, além símbolos de
conquistas pessoais que são vistos como objeto de pagamento de promessa.
O povo segue a
procissão com fé, com concentração, respeito e confiante de que, ao final
cumpriu o que prometera. Parece simples pagar o que prometeu, mesmo sendo
promessa, mas são tantas as promessas difíceis que precisam ser pagas!
O carro dos
milagres é um dos demonstrativos vivos da fé do povo em Nossa Senhora de Nazaré
e, no carro, estão vários símbolos representativos do que o promesseiro estava
pagando. Se vê no carro muletas, aranhas, 3d de pernas, braços, cabeças, botas
de gesso e uma quantidade de outros elementos representativos de graças obtidas
e a cura alcançada durante o ano anterior ou os anos anteriores.
Além disso tem a
corda. Essa corda é símbolo especial da procissão, com fabricação especial, com
plano especial e é disputada por centenas de “cordeiros”, em um esforço que
leva ao limite da resistência da pessoa e que, ao final, tem como lembrança,
uma fração daquela corda, através da qual participou da proteção do andor.
A missa realizada
antes da saída da procissão é solene e a chegada da procissão na Praça da
Matriz é apoteótica.
Os participantes da
procissão do Círio de Nazaré voltam para casa cansados, com quase insolação,
mas serenos e com a certeza de que fizeram o que prometeram e com o sentimento
do dever religioso atualizado, a promessa do dever cumprido lhe trazendo paz,
mais confiança no coração e sentido a fé aumentada.
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