Rodolfo Juarez
E começou a
governança do governador Clécio Luis.
E começou bem,
cumprindo uma de suas mais enfatizadas promessas de campanha: estar no começo
do mandato nos pontos mais nervosos do sistema público de saúde geridos pelo
Governo do Estado.
O governador Clécio
já conhecia o problema, levantado os dados considerados principais e tomado as
primeiras providências para que o problema não se arrastasse pelo começo de
2023, ou seja, pelo início do seu mandato.
Durante o exercício
da gestão, diretamente dos ambientes-problemas, ou seja, o hospital das
clínicas e o hospital de emergência, agora tendo a responsabilidade de orientar
as providências em andamento e outras ainda não iniciadas, internalizou,
segundo o que se pôde observar, que o problema é grave e grande, precisa ser
enfrentado com persistência, sabendo-se que a solução não está ali, na unidade
de saúde, mas noutras salas e ambientes.
Identificar as
causas que levaram àquela situação e, ao mesmo tempo, ter que atuar no sentido
de resgatar a confiança dos pacientes, acompanhantes, médicos paramédicos, além
de modificar, completamente, o ambiente onde os pacientes buscam atendimento e
os atendentes buscam disponibilidade de medicamentos e correlatos, é uma tarefa
que precisa de um tempo que não tem, de uma solução que não está à vista e de
muito apoio do sistema instalado por aqui e nos centros de decisão fora daqui.
A Secretaria de
Estado da Saúde, cabeça do sistema de saúde do Estado, conta com 8.715
funcionários, uma folha de pagamento R$ 71,8 milhões mensais e uma média
salarial de R$ 8.241,37 por funcionário e, uma avaliação muito baixa da
população e, ainda, insatisfação de paramédicos, principalmente enfermeiros,
auxiliares e técnicos de enfermagem, que reclamam dos salários e a não
implantação do piso nacional, aprovado ano passado.
Os órgãos satélites
da Secretaria de Estado da Saúde, o Instituto de Hematologia e Hemoterapia do
Amapá (Hemoap) e a Superintendência da Vigilância em Saúde (SVS), o primeiro
com pouco mais de 100 funcionários e o segundo com menos de 100, não têm
condições de cumprir eficientemente, cada um, o seu importante papel, o que
acaba sufocando, ainda mais, o sistema como um todo.
O Plano de Governo
depositado no TSE por ocasião do pedido de registro da candidatura do agora
governador Clécio Luis, registra como objetivo estratégico “promover a saúde
pública e o bem-estar da população, por meio de políticas integradas e
universais, com a adoção de inovação, modernização, democratização de acesso
aos serviços e valorização dos profissionais da saúde”.
Se vê, assim, que a
tarefa não será fácil e nem será melhorada por ações esporádicas, precisa ser
começado, imediatamente, um programa para os quatro anos de mandato, dentro de
um plano que possibilite a continuidade durante outros mandatos.
O sistema de saúde
do Estado do Amapá foi muito mexido. Os projetos elaborados para atender o
sistema foram feitos sem considerar as questões sociais, econômicas e de
desenvolvimento profissional.
Há um
desequilíbrio, inclusive, entre as soluções adotadas, até agora, para os
problemas que se agravam.
São obras começadas
e não acabadas, são equipamentos instalados e não funcionando, serviços
terceirizados interrompidos e uma sucessão de questões que vão precisar ser
resolvidas com muito cuidado.
A pretendida
entrega da gestão da saúde para uma fundação não parece oportuna por estar em
baixa o sistema e isso implica em uma contratação que pode ser fora da
realidade e, assim, ao invés de resolver os problemas, criar-se-á um problema
gigantesco com solução também gigantesca.
Esta hora é de
dificuldades para o sistema de saúde do Estado, então é hora de enfrentá-la com
os pés no chão, mão na consciência e certeza nas decisões.
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