Rodolfo Juarez
A primeira
quinta-feira de maio deste ano foi um daqueles típicos dias do inverno
Amazônico. Um dia que a natureza agradece e propicia à fauna e à flora a
oportunidade de crescer e descansar.
Quem não gosta
destes dias são as administrações das sedes municipais. Boa parte dos
mandatários e auxiliares amanheceram nas ruas procurando mostrar para a
população que estão preocupados e interessados em resolver o problema e que,
por isso, têm a sua rotina e descanso afetados.
Se trata de um
verdadeiro equilíbrio forçado, seja até pelo desconhecimento do tamanho da
responsabilidade que assumiu, seja para mostrar que “na saúde ou na doença, nas
dificuldades e nas benesses” lá estão todos dispostos a medir os prejuízos,
pelo lado dos moradores e ou fazer novas promessas, pelo lado dos gestores.
O espetáculo da
natureza, previsível e informado, continua!
O rio sobe com
incrível mansidão e desce do como subiu, lento, calmo e permitindo que as
pequenas embarcações o risquem, levantando pequenas ondas que ainda tornam o conjunto
mais bonito de se ver.
Aqui em Macapá, o
privilégio do sítio urbano ocupar o lado esquerdo do maior rio do mundo, torna
o ambiente ainda melhor para se observar, sentir e deduzir que ninguém é capaz
de vencer a exuberância da floresta, a diversidade da flora e a densidade
diversificada da fauna.
Do outro lado da
cidade, a Lagoa dos Índios mostra a sua beleza, que esconde a maioria dos dias
do ano, como recurso de defesa da impiedosa agressão daqueles que sabem do que
precisa a lagoa, mas, assim mesmo, ignoram ou fingem não saber disso.
Um dia como o da
primeira quinta-feira de maio quando, como em um toque de mágica, homens e
mulheres ficaram mais calmos e as ruas molhadas entregam os recados de perigo
para os que não gostam - ou não sabem -, dirigir com os limpadores de
para-brisa em movimento.
Seria muito bom se
esse cenário de calmaria fosse fortalecido pelas condições da população que,
nesse momento, percebe o quanto está sendo penalizada por aqueles que são
escolhidos, para administrar os interesses dessa mesma população e, dentre
esses interesses estão a necessidade de contar com um sistema de drenagem que
retire as águas da chuva e não a retenha, primeiro nas ruas impedindo o ir e
vir, depois dentro das cansas, trazendo prejuízos para aqueles que já não podem
perder nada.
Quando pouco caso dos
dirigentes pelos dirigidos!
Uma pena que a
população apercebe isso exatamente no dia reservado pela própria natureza para
mostrar o belo e possibilita a cada um ver a sincronia das forças da natureza,
com ventos fracos, chuvas intensas, flora molhada e fauna mostrando como,
nesses dias, consegue viver na mais bela harmonia.
Aqui, dentro da
cidade e entre os homens, tudo diferente: cobranças exasperadas pelos populares
alegando serem pagadores de tributos, e respostas cínicas daqueles que têm por
compromisso e decisão voluntária, a incumbência de mostrar melhorias a cada dia
e objetividade a cada trabalho.
Um dia, quem sabe,
os eleitores acertam, escolhem um prefeito que pode iniciar o processo de
retirada da capital do Amapá do rabo da fila das cidades que se encontrar com o
maior débito urbano para com sua população.
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