sexta-feira, 5 de julho de 2013

Tempo de desconfiar

Rodolfo Juarez
Está o alto comando do país tendo muito trabalho para resolver uma questão criada por ele mesmo.
Se a presidente da República não tivesse discursado para os governadores e prefeitos dos estados e dos municípios onde estão as capitais dos estados, certamente já teria encontrado uma forma de retirar de pauta o plebiscito proposto para influir na reforma política que, não mais que de repente, ganhou importância devido às manifestações que continuam nas ruas das capitais e de outras cidades brasileiras.
Ora, a reforma política, além de necessária é tida como uma reforma importante, não só para os que fazem da política o seu instrumento de poder, mas também para que o país se alinhe às questões que estão preocupando a sociedade, não pelo conteúdo da reforma – que é importante -, mas porque se transformou em um desafio aos legisladores que, de certa forma, temem que as mudanças acabem prejudicando exatamente os parlamentares desgastados e com poucas chances de sobreviver em outro cenário legal que não o atual.
Já faz algum tempo que a população combate a forma de escolha dos legisladores através de um modo proporcional que, muito bem estudado pelos partidos políticos, protagoniza aberrações como o que resultou do que ficou conhecido como “efeito tiririca” capaz de trazer para a Câmara dos Deputados candidatos que tiveram inexpressiva votação e que foram “carregados” pela votação do candidato Tiririca.
A reforma política tem como tema a correção das situações aberrantes que hoje são comuns e como objetivo responder à população que não concorda e considera complexo demais o processo atual que define, pela proporcionalidade, os leitos para os cargos de vereador, deputado estadual e deputado federal.
Ora, se o eleitor tem dificuldades para a escolha, é obvio que resultado das eleições têm grandes chances de não corresponder à expectativa dos votantes. É por isso que a reforma é considerada uma oportunidade, também, para a correção.
Outro ponto que está prejudicando a confiança do eleitor no processo são as frequentes decisões da Justiça Eleitoral contrária a “voz das urnas”, quando os mais votados não tomam posse ou se tomam ficam na expectativa do resultado de uma votação de um pleno do Tribunal Estadual ou de um Tribunal Superior.
É por isso que a população acredita que a reforma política é importante.
Mas agora o eleitor está desconfiado quando alguns dirigentes partidários começaram a observar que a reforma pode ser manipulada para que o partido que esteja no Governo seja favorecido para ali permanecer, considerando os pontos que podem ser as novidades aprovadas, integrando as regras e servindo para o abatimento do desgaste daqueles que estarão disputando os cargos eletivos em outubro de 2014.
É grande interesse do Governo sobre o assunto tanto que, além de propor, foi capaz de levar, em pleno domingo, os ministros de Estado para uma reunião demorada com a presidente, onde a pauta prioritária detalha os 5 pontos do pacto propostos pela presidente Dilma em rede nacional de rádio e televisão.
A oposição, dizendo-se atenta a todos os movimentos da situação, garante que a consulta popular, em qualquer tempo é oportuna, mas é preciso que se leve em consideração a oportunidade e, nesse caso o interesse nacional.

Os oposicionistas estão entendo que, apesar de ser oportuna a pressão pela reforma política no Brasil, mas a oportunidade da reforma corre risco de ser favorável ao particular e não ao coletivo o que contrariaria os interesses nacionais que não podem ser relevados e substituídos por interesses partidários, principalmente quando os partidos e os políticos não estão nas ruas com os jovens e, ao contrário, estão procurando abrigo e que esse abrigo não pode ser, por exemplo, uma reforma, principalmente a política. 

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