quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Residencia oficial

Rodolfo Juarez
A deputada estadual Marília Góes não titubeou quando respondeu à pergunta que fiz sobre a Residência do Governador, em Macapá, durante uma entrevista que dava a um programa de rádio no domingo pela manhã. Disse a deputada: “meus filhos, meu marido e eu vamos continuar morando na nossa casa, não vamos para a residência oficial.”
A residência oficial do governador, em Macapá, já cumpriu a sua finalidade e pode, perfeitamente, mudar de conceito para atender, por ser um prédio público, outras necessidades da população.
Quando os governadores do Amapá, no tempo de Território Federal, vinham para cá nomeados pelo presidente da República e por aqui nunca tinham vindo, se justificava a disponibilidade de uma residência onde pudesse o governador se instalar. Agora não, depois que o Amapá foi transformado em Estado, isso em 1988 e instalado como Estado, isso em 1991, todos os que se candidatam ao cargo de governador do Estado, obrigatoriamente, tiveram que comprovar domicílio eleitoral no Amapá, ou mais propriamente, residência no Estado, não sendo mais um “sem teto” por aqui.
É claro que a Residência Oficial é um chama para o gestor devido a vários fatores, mas, principalmente, aqueles ligados ao glamour do cargo que ainda oferece carro de graça e segurança pessoal especial, além de uma farta dispensa, onde se gasta com o que quer e quando quer.
Deixar isso de lado é obedecer à força da atualidade. Prestar a atenção no que está verdadeiramente mudando e entender que o salário do governador ou o subsídio é entendido como suficiente para manter-se e ainda fazer uma poupança gorda.
Governar um Estado como o Amapá, antes de ser um desafio é um privilégio para qualquer um. A coragem de assumir a responsabilidade pela gerência dos interesses de uma população de mais de 700 mil pessoas precisa ser grande e entendida por todos para que não meta os pés pelas mãos.
Ser governador é uma honra que precisa ser entendida, principalmente pelo próprio governador, para que a população assim também entenda para que possa dar ao governador e sua equipe, todo o apoio que precisam para bem administrar os interesses que são de todos e não de uma parcela da população, de um partido político, de um grupo de amigos, ou de uma família.
Abrir mão de morar na Residência Oficial é a demonstração de que está disposto a, realmente, separar a relação individual da relação com a coisa pública, essa de interesse de todos e que não mais justifica favorecimentos de alguns mesmo entre esses alguns esteja o mandatário máximo indicado pelo povo.
Tomara que a demonstração de cisão entre o público e o privado não fique apenas no caso da residência oficial e se estenda a todos os demais órgãos do Estado, acabando com a inexplicável necessidade de, por exemplo, qualquer auxilio moradia.

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