Rodolfo
Juarez
Os
governos federal, estadual e municipal, já há algum tempo, vem divulgando que a
mobilidade urbana é uma necessidade atual para atender às exigências que os
grupos sociais fazem todos os dias.
As
necessidades são indiscutíveis, basta considerar a ordem constitucional que
começa mandando que entendam que todos são iguais perante a lei. Ora essa
igualdade não pode ficar apenas na letra constitucional e na imaginação de
algumas pessoas que lutam para que se transformem em realidade.
Precisa
fazer parte do cotidiano de cada um. Mesmo assim se observa que os prédios
públicos estão, na sua imensa maioria, precisando de adaptação para permitir
que as pessoas com limitações tenham acesso.
Aqui em
Macapá um dos exemplos é o Palácio do Setentrião, sede do Governo do Estado
que, depois de muitas adaptações e reformas ainda não percebeu que o acesso das
pessoas com limitações é quase impossível, nunca deixando de ser constrangedor
e limitador de seu direito de ir até ao Gabinete, por exemplo. Só tem acesso
até à portaria, depois de vencer muitos obstáculos físicos e de pessoas.
Mesmo
assim se continua tendo como palavra chave, para algumas justificativas de
serviços, a mobilidade.
Até
mesmo para justificar a criação da secretaria de desenvolvimento das cidades
esta palavrona esteve presente nas justificativas. O reparo, entretanto,
precisa ser feito na cabeça dos dirigentes ocasionais que continuam fazendo
apenas discurso e pouco ligando para essa questão de atendimento geral,
aparentemente elementar, mas que tem se constituído em um problema de
interpretação para os gestores.
Alguns
imaginam que fazer uma rampa na entrada é suficiente. Outros pensam que atender
com dó, desde quando o necessitado aparece, é a sua função e que isso bastaria
para responder a todas as perguntas que do cidadão com limitações.
Agora,
outra vez, com o discurso da mobilidade, está o Governo fazendo os seus
representantes saírem dos gabinetes e se apresentarem para mostrar projetos
eletrônicos que servem para convencer, mas que não se implantam por si só.
É
preciso entender que mobilidade urbana é complexa, que não se efetiva apenas
com a vontade e com as promessas. A mobilidade precisa de dinheiro para dar
condições elementares para a população e, principalmente, não gastar dinheiro
agora em serviços que, logo em seguida, terá que ser desfeito ou destruído
devido à falta de uma logística de compatibilidade que precisa fazer para de
qualquer plano.
O
primeiro passo é entender que o que precisa ser feito não será feito em um,
dois, quadro ou dez anos. Precisará de muito mais tempo e, concomitantemente,
deve contar com a volta da confiança, elemento subjetivo que não está fazendo
parte, no momento, do entendimento da população.
Tudo
pode ser uma mais uma proposta inviável!
E não
adianta reclamar, a população tem razões de sobra para duvidar. E se explica:
nem nos tempos de excesso de arrecadação, com recursos disponíveis para fazer,
o governo se atrapalhou e não fez.
As
razões foram variadas, mas não fez!
Agora,
em tempo de crise, sem qualquer novidade, sem qualquer inovação na gestão,
afirmar que vai investir um bilhão de reais, tendo a principal fatia destinada
para a mobilidade, parece ser mais um dos sonhos irreais.
Recuperar
a confiança, conquistar a população, organizar o discurso, mudar o
comportamento são procedimentos indispensáveis para que os projetos de agora
tenham sucesso. Mas começando sem considerar a origem dos recursos é, a
primeira vista, um novo erro que pode sair caro para a população e ser
irremediável para os gestores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário