Rodolfo
Juarez
A
burocracia e a falta de cuidado com o conhecimento da realidade estão levando
os técnicos que atuam na área pública a cometer seguidos erros de
interpretação, imaginando que a população ainda está no tempo em que só tinha a
informação oficial.
Já faz
algum tempo que as redes sociais trouxeram a oportunidade para que a população
tomasse conhecimento da realidade dos governos, dos estados e das cidades no
mesmo momento em que elas são reveladas.
Não há
mais a espera pelo pronunciamento oficial. Aquelas informações passadas por
longos discursos ou por leitura de relatórios que se transformavam em palavra
final da autoridade, quando a população ficava sem tempo para reagir.
Quem
não lembra as manifestações, hoje fora de moda, dos presidentes quando, em rede
nacional, apareciam na televisão para anunciar ou o sequestro de dinheiro da
poupança, ou a experiência de um novo plano econômico?
Agora
não dá tempo!
Não
hora em que está acontecendo alguém já coloca em uma rede social a informação
que é multiplica para milhões de aparelhos, entre eles os celulares, que dão
visibilidade a tudo.
Isso é
bom ou é ruim?
Claro
que é bom.
Ficou
muito mais difícil a população ser enganada. Ela sabe de quase tudo em tempo
real e avalia a situação, atribuindo responsabilidade para o governante de
momento ou àqueles agentes públicos que foram ou são responsáveis pelo
ocorrido.
Mesmo
assim, alguns burocratas, acostumados ou seguindo os costumes já há muito
vencidos, se lançam em discussões onde os assuntos são listados como se a
realidade fosse outra.
O
recente encontro dos secretários de meio ambiente das capitais, em um fórum
para discutir as questões ambientais na Amazônia, como o objetivo de atender um
protocolo da Organização das Nações Unidas, manteve o patamar anterior,
resumindo em uma “carta” as conclusões a que chegaram os secretários.
Não que
essas autoridades não tenham que discutir os problemas ambientais da Amazônia,
tem sim. O que é estranho é a exigência técnica que sempre é repassado para uma
consultoria, quase sempre alienígena às questões locais, e que acabam definindo
o eixo da discussão e, até, redigindo a carta.
A
“Carta de Macapá” contém os mesmos vícios de todas as cartas escritas no século
passado, muito embora se possa reconhecer o esforço de alguns que trouxeram
elementos locais para serem considerados, mas que foram misturados às questões
nacionais e que pouco interpreta a realidade atual.
Concluir
uma carta com indicações de que precisa encontrar formas de financiamento da
União, atualmente é um descuido sem tamanho e uma declaração explicita de que
está fora da realidade.
As
questões técnicas vêm sendo tratadas como se só tivesse um caminho aquele que
serve à dependência da política.
Esse
caminho está completamente congestionado e com o local visado completamente
desaparelhados e sem condição de atender as questões locais, uma vez que o
último modelo de desenvolvimento atende um programa que não contempla micro
regiões.
As
questões ambientais precisam ser tratadas de forma localizada, com os
municípios tendo uma estrutura com objetivos perfeitamente definidos e a exigir
o plano para o país e não regras gerais que não podem ser aplicadas nos locais
mais remotos.
O
momento precisa de decisões técnicas para ser impulsionadas pela política e não
decisões políticas para serem efetivadas pelas competências técnicas.
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