terça-feira, 1 de setembro de 2015

Erro de Estratégia

Rodolfo Juarez
A burocracia e a falta de cuidado com o conhecimento da realidade estão levando os técnicos que atuam na área pública a cometer seguidos erros de interpretação, imaginando que a população ainda está no tempo em que só tinha a informação oficial.
Já faz algum tempo que as redes sociais trouxeram a oportunidade para que a população tomasse conhecimento da realidade dos governos, dos estados e das cidades no mesmo momento em que elas são reveladas.
Não há mais a espera pelo pronunciamento oficial. Aquelas informações passadas por longos discursos ou por leitura de relatórios que se transformavam em palavra final da autoridade, quando a população ficava sem tempo para reagir.
Quem não lembra as manifestações, hoje fora de moda, dos presidentes quando, em rede nacional, apareciam na televisão para anunciar ou o sequestro de dinheiro da poupança, ou a experiência de um novo plano econômico?
Agora não dá tempo!
Não hora em que está acontecendo alguém já coloca em uma rede social a informação que é multiplica para milhões de aparelhos, entre eles os celulares, que dão visibilidade a tudo.
Isso é bom ou é ruim?
Claro que é bom.
Ficou muito mais difícil a população ser enganada. Ela sabe de quase tudo em tempo real e avalia a situação, atribuindo responsabilidade para o governante de momento ou àqueles agentes públicos que foram ou são responsáveis pelo ocorrido.
Mesmo assim, alguns burocratas, acostumados ou seguindo os costumes já há muito vencidos, se lançam em discussões onde os assuntos são listados como se a realidade fosse outra.
O recente encontro dos secretários de meio ambiente das capitais, em um fórum para discutir as questões ambientais na Amazônia, como o objetivo de atender um protocolo da Organização das Nações Unidas, manteve o patamar anterior, resumindo em uma “carta” as conclusões a que chegaram os secretários.
Não que essas autoridades não tenham que discutir os problemas ambientais da Amazônia, tem sim. O que é estranho é a exigência técnica que sempre é repassado para uma consultoria, quase sempre alienígena às questões locais, e que acabam definindo o eixo da discussão e, até, redigindo a carta.
A “Carta de Macapá” contém os mesmos vícios de todas as cartas escritas no século passado, muito embora se possa reconhecer o esforço de alguns que trouxeram elementos locais para serem considerados, mas que foram misturados às questões nacionais e que pouco interpreta a realidade atual.
Concluir uma carta com indicações de que precisa encontrar formas de financiamento da União, atualmente é um descuido sem tamanho e uma declaração explicita de que está fora da realidade.
As questões técnicas vêm sendo tratadas como se só tivesse um caminho aquele que serve à dependência da política.
Esse caminho está completamente congestionado e com o local visado completamente desaparelhados e sem condição de atender as questões locais, uma vez que o último modelo de desenvolvimento atende um programa que não contempla micro regiões.
As questões ambientais precisam ser tratadas de forma localizada, com os municípios tendo uma estrutura com objetivos perfeitamente definidos e a exigir o plano para o país e não regras gerais que não podem ser aplicadas nos locais mais remotos.

O momento precisa de decisões técnicas para ser impulsionadas pela política e não decisões políticas para serem efetivadas pelas competências técnicas. 

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