Rodolfo Juarez
Nem
mesmo a efervescência da campanha eleitoral para escolha dos prefeitos em todo
o território nacional diminui a atenção e o interesse da população brasileira
pela que aconteceu, no começo da semana, no Senado da República.
Foi uma
das raras oportunidades em que o quorum do Senado esteve completo. Os 81
senadores disputavam o melhor ângulo das câmeras de televisão do Brasil e do
resto do mundo e a oportunidade de desfilar a sua sabedoria pessoal, mesmo que
para alguns os limites não fossem tão largos, ou pelo menos, como esperado que
fossem.
O
placar de 61 x 20 foi o epílogo de uma narrativa com final conhecido desde o
prefácio. Foi a demonstração do vigor de uma tese que mostrava, de forma clara
e indisfarçada, que tinha supremacia sobre a outra que lhe negava. A tese do
impeachment mostrou-se robusta e consolidada desde quando foi concebida.
A
antítese dos 20 senadores que ao final confrontaram e legitimar o outro lado do
processo, apesar de difusa e confusa, não atraiu mais seguidores do que o do
início, ao contrário, viu-se definhada por abandonos inesperados, apesar de
outras bandeiras terem sido hasteadas nos mastros ao anti-impeachment.
Nem
mesmo o aceno com novas eleições, realização de consulta popular pelo
plebiscito, e outras invenções fora de época, que sempre atraem os políticos,
desta vez não funcionou.
No seleto colégio do Senado da República, em
reunião mais que especial presidida pelo ministro presidente do Supremo
Tribunal Federal, as representações equânimes dos 26 Estado e do Distrito
Federal, estavam todas ali, completas, para falar e ouvir, muito embora
demonstrasse que estavam muito mais dispostos a falar do que ouvir,
contrariando a lei natural que deixou o ser humano com uma boca e dois ouvidos.
Dos
estados brasileiros a Bahia foi a única unidade em que o “fica Dilma” teve
unanimidades entre os senadores. Os três senadores votaram pelo “fica”.
Paraná,
Pernambuco, Piauí e Amapá foram os quatro estados em que o “fica Dilma” teve
maioria: 2 (dois) dos 3 (três) senadores de cada um desses estados queriam que
a presidente afastada voltasse ao cargo.
Os
outros nove votos vieram de um dos três senadores pelos estados do Acre,
Amazonas, Ceará, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul,
Roraima e Tocantins.
O
Amapá, como cada uma das outras unidades da Federação, tem 3 senadores, sendo
um do DEM (Davi Alcolumbre), um do PSB (João Capiberibe) e um da Rede
Sustentabilidade (Randolfe Rodrigues).
Dois
dos senadores amapaenses, João Capiberibe (PSB) e Randolfe Rodrigues (Rede)
votaram pela permanência da presidente Dilma Rousseff. Uma preferência
individual e que não pode ser dita como do eleitor, do contribuinte ou do povo
do Amapá. Não houve por parte de nenhum dos senadores amapaense qualquer
consulta pública ou política, que pudesse sustentar o posicionamento, daí
concluir-se que a decisão da escolha foi “uma preferência individual”.
O PSB,
nessa legislatura, conta com 7 (sete) senadores no Senado, dos quais 5 (cinco)
votaram pelo “fora Dilma” e apenas 2 (dois) pelo “fica Dilma”. Dos dois, um é o
representante do Amapá, João Capiberibe.
A Rede,
conta nessa legislatura, com 1 (um) senador e este, um senador pelo Amapá,
Randolfe Rodrigues, votou pelo “fica Dilma”.
Essas
posições, certamente, estão sendo analisadas, pelo eleitor, para que tome
decisão no sentido de direcionar o seu voto a um candidato a prefeito e um
candidato a vereador, nas eleições do dia 2 de outubro.
É
possível que, na análise individual, o eleitor esteja se perguntando:
Será
que o subconsciente político do senador João Capiberibe ainda está pensando que
o PSB continua aliado do PT no Amapá (PT partido da presidente Dilma Rousseff)?
Será
que o senador Randolfe Rodrigues, que hoje é do partido Rede Sustentabilidade e
que veio recentemente do PSOL, ainda imagina que continua no PT?
E
ainda: a posição dos dois senadores vai atrair ou afastar eleitores dos
candidatos que eles apoiam para prefeito e vereador nessa atual campanha?
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