quarta-feira, 30 de maio de 2018

A questão é diminuir as diferenças entre localidades regionais.


Rodolfo Juarez
Não costumo interagir com os leitores dos artigos que escrevo e posto nas redes sociais que utilizo para divulgação.
Entendo as intervenções dos leitores como tese sobre o assunto discorrido e, como tal precisa ser respeitada, que esse procedimento ajuda na interpretação e valida as hipóteses levantadas.
Interpretar o cotidiano é uma das tarefas mais difíceis, pois, cada qual experimenta um estado de espírito e, por isso, já tem tendência a ver a questão proposta de outro ângulo, noutra forma. Entretanto é preciso partir de alguns parâmetros ou, então, observar o que foi narrado na primeira proposta para não sermos traídos pela indução a que todos nós somos submetidos quando a informação que temos decorre da massificação da informação, principalmente aquelas vindas pelos meios de comunicação.
A televisão é o veículo mais influente na comunicação de massa, tanto pela repetição da informação que dá ao telespectador, como por impor “sua verdade”, mesmo sem ter o cuidado de tratar a informação conforme a região ou a localidade.
Assim, o que pode ser ruim para o sul e sudeste, pode não ser ruim para o norte e o nordeste, ou o centro-oeste, muito embora a realidade em referência seja aquela da base onde está situada emissora ou onde reside ou para o analista, na maioria das vezes, personalidades amplamente conhecidas no quintal da emissora, mas desconhecida das regiões menos próximas.
O fato é que essas interpretações vão minando as informações criando hábitos interpretativos exógenos, e que pouco ou nada tem a ver com o outro local para onde está se desenvolvendo a tese do benefício ou do malefício.
Nós aqui do Norte, e especialmente, nós aqui do Amapá, somos vítimas de nós mesmos por enfrentar barreiras construídas ao longo dos anos, que nos dá o desafio de resolver os problemas daqui obedecendo a regras e hipóteses dos “especialistas” do sudeste e sul maravilhas.
Nunca vai dar certo. As hipóteses levantadas serão todas confirmadas como falsas depois de restabelecida a realidade. Agora isso só acontece quando há um debate capaz de retirar as barreiras construídas ao longo do tempo, pelos meios de comunicação que, por razões de localidade, interpretam e concluem sobre uma realidade estranha a que experimentamos por aqui.
No artigo anterior, publicado na segunda-feira, dia 28, tratei de uma realidade que é o Projeto de Lei Complementar n.º 137/15, que trata dos procedimentos para a criação, a incorporação, a fusão, e o desmembramento de Municípios. Sugeri três hipóteses de regiões que poderiam ser transformadas em municípios no Amapá, e nesse ponto se concentraram as análises dos nossos queridos leitores.
As análises foram amplas, completas e com muitas teses: umas a favor da criação, outras contra; algumas questionando e outras afirmando; algumas apresentando os resultados ruins outras os resultados onde as medidas deram certo.
Alguns posicionamentos me chamaram a atenção. Aqueles que foram sustentados por gente daqui como se estivesse no sul ou no sudeste, pois, assim, estaríamos dentro das barreiras criadas pelos meios de comunicação e os “especialistas” de outras plagas.
Falar em perda de receita me parece um descuido. Afinal, perderiam a receita aqueles que já as têm. E quem tem? Os estados do Sul e do Sudeste.
Falar em cabide de emprego é desconsiderar os problemas locais. Afinal, onde está o maior percentual de desempregados de todo o Brasil? Respondo: no Amapá, mais de 21% de sua força de trabalho economicamente ativa.
E o projeto não trata somente de criação de municípios, o projeto trata também de incorporação, fusão e desmembramento, portanto oferece as condições para arrependimento.
Insisto, devemos nos desvencilhar das barreiras e entender que estamos na parte pobre do Brasil e temos os mesmos direitos de todos os brasileiros de lutar para sermos todos iguais.

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