Rodolfo Juarez
O resultado morte é
sempre um evento traumático para a família, em primeiro lugar, e para a opinião
pública que ainda não conseguiu lidar com isso, mesmo sabendo que é uma
ocorrência inevitável.
Vivemos,
recentemente, uma prova disto.
A morte de um
jornalista e de um indigenista na Amazônia, acabou chamando a atenção do mundo,
devido à repercussão que ganhou e às hipóteses que forma levantadas, algumas
especulativas ou espetaculosas, e a maioria querendo encontrar, na política, um
“bode expiatório”.
Por aqui mesmo ou
se quiser, por gente daqui, em Brasília, houve representante amapaense se
colocando como oportunista e querendo colocar chifre na cabeça de porto, quando
se expressou demostrando indignação, muito mais pelo adversário do que pelo que
havia acontecido no vale do rio Javari, no extremo oeste do Amazonas.
Ele nem se lembrou
dos meninos de Calçoene, que com 13 e 14 anos se embrenharam na floresta
daquele município para nunca mais serem vistos. Esse fato ocorreu em 8 de abril
do ano passado em uma área de mata na zona rural do município.
As buscas foram
suspensas pelas autoridades por falta de indícios da localização dos jovens.
O esforço dos
agentes do governo não logrou êxito. O comandante do Corpo de Bombeiro Militar,
da Polícia Militar, Comando de Operações Especiais e Grupo Tático Aéreo, além
da Polícia Civil compuseram as equipes que atuaram na área à procura dos
garotos.
Quando anunciaram a
suspensão das buscas, no dia 26 de abril, não houve esforço do senador Randolfe
para que as buscas fossem continuadas.
A grande imprensa,
aquela que sabe tudo desde que não seja responsabilizada por nada, não falou
nada dos meninos.
E qual a diferença
desses meninos para o jornalista inglês e o indigenista brasileiro?
Os meninos faziam
parte do grupo que a grande imprensa considera irrelevante para o noticiário e
principalmente para os seus horários de ponta. Dizem que “não dá ibope” e ainda
mais, não prende o telespectador nessa disputa desenfreada que representa o
sucesso ou insucesso de um diretor de jornalismo ou de uma equipe de
reportagem.
Sabe-se que chegar
em Calçoene é muito mais fácil do que chegar no vale Javari, mesmo assim não
houve o necessário interesses para que as outras forças participassem das
buscas como participaram para aferir o que tinha acontecido com o jornalista e
o indigenista.
Você já percebeu:
um assunto sem relevância nacional é como o caso dos garotos!
Querem saber se é,
pergunte para os pais dos meninos. Eles querem saber o que foi feito dos seus
filhos.
Podem ter tido o
mesmo fim do inglês e do brasileiro, mas podem, perfeitamente, terem ficado
esperando por um socorro que não foi.
Um dia alguém vai responder o que as famílias dos dois garotos querem saber, especialmente quando esses familiares comparam a atenção dada ao ocorrido com os dois de lá, em comparação com o ocorrido com os dois daqui.
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