Rodolfo Juarez
Confesso que, até agora, ainda não entendi muito bem o
pretendiam os ministros e apoiadores do presidente Lula quando tomaram a
decisão de ir, no dia da eleição dos presidentes do Senado e da Câmara, com um
boné fraseado.
A idéia do boné e da frase teria sido dividida entre dois
ministros: o responsável pela Comunicação Social do governo, Sidônio Palmeira,
e do ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais. À imprensa o
ministro Padilha teria dito: “a ideia foi minha, mas eu pedi a frase para o
Sidônio”, explicou Alexandre Padilha. “Eu fico agoniado em ver gente batendo
continência para outro país e outras bandeiras”.
Além de Padilha, desfilaram com boné os ministros Camilo
Santana, da Educação, e Carlos Fávaro, da Agricultura. O líder do governo no
Congresso, o senador amapaense, Randolfe Rodrigues, também foi visto com o
chapéu. À imprensa, o ministro também explicou que pagou o boné com os próprios
recursos, tendo produzido dez exemplares nesta primeira tiragem.
Até o começo desta década o contraponto dos adversários políticos teria que vir de
outro marqueteiro que, em regra, precisaria de tempo para “bolar” uma resposta
e definir o meio que seria adotado para alcançar os objetivos de contrapor.
Hoje, a reação a qualquer ação, com a disponibilidade da
internet, é imediata, produzida por múltiplas mãos e utilizando de meios e
maneiras que se baseiam na velocidade, intensidade e variedade de modos de
responder.
Foi o que aconteceu.
Imediatamente após a mostra dos bonés nas cabeças de
personalidades do governo, a oposição se manifestou, com alguns mudando apenas
a frase do boné, enquanto outros, analisando o contexto, impuseram aos
“criadores da idéia” o que não imaginaram no momento da criação.
Aliás episódios como o do boné tem a ver com o do chapéu
do presidente que se manifestou quando perguntado sobre acessório da seguinte
maneira: “eu pus um chapéu para vocês não verem o curativo. Teoricamente, sou
bonito, mas, na prática, minha cabeça está me deixando um pouco feito”, brincou
o presidente.
O chapéu do presidente que rendeu muitos memes
é o Panamá, que apesar do nome, tem origem no Equador e nunca foi
produzido no Panamá. Os seguidores presidente foram questionados por ele mesmo
sobre o chapéu. Peles
redes sociais os seguidores e não seguidores se manifestaram das diversas
maneiras, alguns apoiando, outros nem tanto.
O fato é que o escritor colombiano Gabriel García
Márquez, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1982, utilizava o chapéu
como marca registrada em eventos públicos. Márquez, um dos principais expoentes
da literatura latino-americana, incorporava o acessório como um símbolo de sua
identidade cultural e regional.
O chapéu também deixou sua marca no Caribe,
especialmente com Nicolás Maduro, presidente da Venezuela. Em aparições
públicas, ele utiliza o acessório para reforçar o estilo caribenho e sua
identificação com a cultura popular da região.
O chapéu Panamá transcendeu fronteiras e tornou-se
um ícone mundial, adotado por líderes políticos, intelectuais e figuras
influentes ao longo dos séculos. Começando pelo então presidente dos EUA,
Theodore Roosevelt que, em 1906 popularizou o chapéu durante sua visita ao
Canal do Panamá.
Na política britânica, o ex-primeiro-ministro
Winston Churchill usava o chapéu Panamá em eventos informais e viagens a climas
tropicais durante as décadas de 1940 e 1950. Na Europa do
século XIX, o imperador francês Napoleão III popularizou o chapéu ao recebê-lo
durante a Exposição Universal de Paris, em 1855. O acessório rapidamente
conquistou a alta sociedade europeia, tornando-se um item indispensável de
elegância e sofisticação na aristocracia.
No Oriente Médio, o atual rei de Marrocos, Mohammed
VI, é frequentemente fotografado com o chapéu Panamá em visitas oficiais e
eventos em climas tropicais, consolidando sua imagem de líder moderno e global.
Edward VIII, rei do Reino Unido na década de 1930,
aderiu ao estilo. Membros da família real britânica de hoje, como o
rei Charles e o príncipe Harry, continuam a usar o chapéu em eventos ao ar
livre e viagens tropicais, mantendo sua relevância como um item de estilo
atemporal.
O chapéu também fazia parte do cotidiano do
famoso gangster Al Capone que era frequentemente fotografado com um chapéu
Panamá, combinando o acessório com seus ternos elegantes. O chapéu tornou-se
parte do imaginário popular sobre a máfia dos EUA.
Por aqui, eu não sei como os seguidores, os correligionários e os adversários do senador Randolfe Rodrigues vão lidar com o “efeito boné” durante a campanha eleitoral que se aproxima e chega em outubro de 2026.
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