quinta-feira, 24 de abril de 2025

Operação "Sem Desconto" e a fábula do escorpião

Rodolfo Juarez

Ao INSS, Instituto Nacional do Seguro Social, cabe controlar a arrecadação dos contribuintes e o pagamento dos diversos benefícios previdenciários, feitos aos segurados que contribuíram para a Previdência Social. 

Esses benefícios incluem aposentadorias, pensões, auxílios (como o auxílio-doença), benefícios acidentários, salário-maternidade e benefícios assistenciais. 

Mas, o Instituto Nacional do Seguro Social precisa de pessoas para processar  o recebimento das contribuições previdenciais, bem como analisar e proceder o pagamento de benefícios concedidos, verificado o direito do beneficiário.

A Previdência Social é um seguro público, considerado obrigatório para todos aqueles que exercem uma atividade remunerada. Ou seja, os trabalhadores são obrigados a pagarem uma contribuição mensal, em contrapartida, todos podem ter direito a diversos benefícios, inclusive a aposentadoria.

Portanto, os benefícios da Previdência Social são prestações financiadas pelas contribuições.

De forma resumida, a Previdência Social é um seguro no qual os trabalhadores são obrigados a pagar contribuições para ter direito a benefícios, como a aposentadoria.

Aquelas pessoas que o INSS precisa para processar o recebimento das contribuições previdenciárias, bem como, analisar e proceder o pagamento de benefícios, nem sempre agem com honestidade e, das mais variadas formas, permitem o solapamento do patrimônio constituído pelas contribuições de empregados e empregadores, através de variadas formas.

Desta feita, conforme proposto pela operação “Sem Desconto” a inventividade dos que deveriam administrar as contribuições financeiras feitas pelos patrões e empregados não foi excepcional, mas, suficientemente efetiva para que os solapadores enricassem tirando uma parte do que pertence ao patrimônio dos contribuintes.

Foi assim que, em pouco tempo, mas de forma continuada, fossem retirados do patrimônio do contribuinte uma fortuna equivalente a seis bilhões e trezentos milhões de reais.

A ação efetiva, tanto da Polícia Federal como da Controladoria Geral da União só veio depois que, em torno de um milhão e meio de reclamações, feitas pelos prejudicados, chegassem ao INSS e à Justiça Federal. 

Isso chama a atenção daqueles que trabalham com o ofídio e que devem saber que, ao menor descuido, podem ser picados. O gênero de ser, não muda sua natureza mesmo conforme quem acaricia a serpente.

Lembram-se da fábula do escorpião e o elefante? 

Ela só vem demonstrar que, o que é nato em algo ou alguém, no máximo pode ser dissimulado, nunca mudado. Infelizmente a operação policial “Sem Desconto” é a comprovação da fábula, senão vejamos:

Um dia, estava o escorpião à beira de um riacho, calado e acabrunhado. O elefante se aproximou, e, solidário, perguntou: “o que tens, escorpião, com essa carinha tão cabisbaixa?”

Expressando tristeza ainda maior, o escorpião disse: “queria atravessar esse riacho… Mas não sei nadar… ”. O Elefante, em gigante generosidade disse: “não seja por isso, suba às minhas costas, que eu te levo até lá. Mas prometa-me, que não vai me ferroar!”

“Prometo, prometo, claro que sim”, respondeu o escorpião feliz, subindo nas costas do elefante. Em quatro passadas já estavam do outro lado.

O elefante, então, baixou a tromba até o chão, para o escorpião descer.
Ao começar a descida, já na altura do meio dos olhos do elefante, ele mostrou a sua calda elegantemente, introduzindo seu ferrão venenoso na carne dura do elefante, e disse: “desculpe-me elefante, eu não queria te ferir, mas é da minha natureza… Entende?”

O elefante, em olhar triste, não teve tempo nem de responder.

Assim, se pode dizer que os afastados em decorrência da operação policial “Sem Desconto” não terão a mesma sorte, vão responder a um processo criminal e, dependendo do julgador, podem até ser inocentado e premiado com uma aposentadoria compulsória, sendo “obrigado” a receber na conta, os vencimentos aos quais deveriam renunciar, mas, jamais farão isso.

  

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