Rodolfo Juarez
As
administrações públicas e privadas dos diversos sistemas de saúde e nas
diversas gestões, dividem, desde a triagem, os atendimentos médicos em baixa,
média e alta complexidade, correspondendo aos diferentes níveis de organização
e intensidade dos serviços de saúde a serem prestados em cada caso.
Essa
classificação é utilizada na estruturar da rede de atendimento, garantindo que
os pacientes recebam os cuidados adequados ao seu problema, desde a atenção
primária (baixa complexidade) em postos de saúde, passando por serviços
especializados (média complexidade) em ambulatórios e hospitais, até os
procedimentos mais avançados e de alta tecnologia (alta complexidade) em centros
de referência. Essa divisão, segundo os administradores do setor, permite
otimizar recursos, direcionar os pacientes para o local mais adequado ao seu
caso, e assegurar um atendimento integral e contínuo.
A baixa
complexidade ou atenção primária é o primeiro
ponto de contato do paciente com o sistema de saúde, focada na prevenção e
promoção da saúde. Engloba
serviços como consultas básicas, exames de rotina e orientações de saúde em
Unidades Básicas de Saúde (UBS). Geralmente, os procedimentos são mais
simples e não exigem equipamentos de alta tecnologia.
A médica complexidade ou atenção secundária envolve atendimento
especializado com profissionais como cardiologistas e ortopedistas, abrange o diagnóstico, tratamento e procedimentos
como pequenas cirurgias e exames mais elaborados em ambulatórios e hospitais,
bem como a demanda por profissionais especializados e o uso de alguns recursos tecnológicos.
A alta complexidade ou atenção terciária refere-se a
procedimentos que exigem alta tecnologia, custo maiores e equipes
especializadas, muitas vezes de diferentes especialidades, incluindo cirurgias
cardíacas, tratamentos oncológicos, transplantes e internação em UTI, por
exemplo. Esses serviços são realizados em hospitais especializados, com o
paciente necessitando de acompanhamento após a intervenção.
Essa classificação é importante porque permite a criação de uma rede de
saúde hierarquizada, com fluxos de referência e contrarreferência, para que o
paciente seja direcionado ao nível de atenção adequado à sua condição, além de
ajudar no gerenciamento que precisa ser de forma eficiente, direcionando os
serviços e equipamentos mais sofisticados para onde são realmente necessários.
Além disso, o atendimento integral garante que todos os níveis de
cuidado estejam integrados, do contato inicial com a atenção primária aos
tratamentos mais avançados da alta complexidade de tal forma que assegure que
os pacientes tenham acesso a cuidados qualificados e eficientes, promovendo o
direito à saúde para toda a população.
Programas como o “Zera Fila” não pode ser um programa de governo. O
“Zera Fila”, do Governo do Amapá, foi anunciado com o objetivo reduzir a longa espera por cirurgias eletivas, especialmente
as que estavam represadas há anos.
Ora, só o fato de ser
anunciado como um programa para acelerar o agendamento e a realização de
cirurgias já contraria a necessidade e a urgência dos pacientes que estão
sofrendo e, na espera do que passou a ser chamado de “mutirão”.
A alta complexidade, onde
está a maioria dos pacientes em espera pelo “Zera Fila”, é tão urgente como os
demais níveis, entretanto, os pacientes que estão prometidos pelo “Zera Fila”
ainda enfrentam um problema adicional – remarcação de procedimentos e a
insegurança no cumprimento dos prazos anunciados.