quinta-feira, 29 de maio de 2025

Ministra de estado deixa, aborrecida, sessão em Comissão Permanente do Senado

Rodolfo Juarez

Na terça-feira, dia 27/05, no decorrer de uma audiência pública na Comissão de Infraestrutura do Senado, houve registros de embates entre a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede-SP), e parlamentares da região Norte, quando o assunto discutido estava centrado no projeto de pavimentação da BR-319.

A BR-319, ou Rodovia Álvaro Maia, é uma rodovia federal que liga Manaus, no Amazonas, a Porto Velho, em Rondônia, com cerca de 885 km de extensão. É a única via terrestre que interliga esses dois estados e é considerada crucial para o transporte de pessoas, cargas, alimentos e medicamentos. 

Atualmente, a BR-319 está em estado de degradação e não é totalmente pavimentada, especialmente o trecho central da rodovia. Interliga 22 municípios por entre a floresta amazônica, na região entre os rios Madeira e Purus. A rodovia foi inaugurada em 1973, no contexto de colonização da Amazônia e desativada por volta de 1988.

Em 2005, o governo federal anunciou a recuperação da rodovia por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas alegações de inconsistências nos estudos e relatórios de impacto ambiental acabaram por dificultar o processo de licenciamento ambiental.

A região de influência da BR-319 totaliza cerca de 553 mil km², com população estimada em um milhão e trezentos mil habitantes, dos quais 70% vivem em áreas urbanas. Embora existam diversas lacunas nas informações científicas, sabe-se que se trata de um território altamente biodiverso, com altos índices de endemismo de espécies e marcante presença de populações indígenas e ribeirinhas.

O que aconteceu na Comissão de Infraestrutura do Senado lembra as lutas dos representantes do Estado do Amapá, eleitos para o Senado e para a Câmara Federal, no que se refere à conclusão das obras na BR-156, também uma rodovia federal brasileira e de integração socioambiental.

A rodovia BR-156 atravessa o estado do Amapá, ligando Macapá a Oiapoque e a Laranjal do Jari, com 823 km de extensão. Considerada uma rodovia essencial para a integração e o desenvolvimento do Amapá, tem tido, igualmente à BR-319, dificuldades para atender às exigências ambientais, mesmo constando dos programas federais de indução ao desenvolvimento, como o PAC 1, o PAC 2 e do Novo PAC.

Os parlamentares amapaenses estão, nesse momento, em outro embate com as autoridades do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama, sob a orientação da ministra Marina Silva, com relação ao fornecimento das licenças para que a estatal Petrobrás conclua os estudos que visam a exploração de petróleo na costa do Amapá.

Marina Silva, atual ministra do Meio Ambiente, atuou como professora na rede de ensino secundário e engajou-se no movimento sindical. Foi companheira de luta de Chico Mendes e com ele fundou a Central Única dos Trabalhadores do Acre (CUT-AC), em 1985, da qual foi vice-coordenadora até 1986.

Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Governo Federal, a audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, à qual ela havia sido chamada para falar da criação de áreas de conservação na região Norte. O senador Plínio Valério (PSDB-AM), ao cumprimentar Marina, afirmou que desejava "separar a mulher da ministra", porque a mulher "merecia respeito" e a ministra, não.

A reação da ministra foi um imediato pedido de desculpas por parte do senador amazonense, como não houve o pedido, ela deixou a sessão, deixando também para depois, questões de interesse da população e do desenvolvimento da região..

Dar as costas para os interesses das pessoas e dos desenvolvimentos da região tem sido um comportamento repetido, desta vez as alegações foram de ofensas e misoginia, questões pessoais e nada de interesse social ou econômico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário