Rodolfo Juarez
Na terça-feira, dia 27/05, no decorrer
de uma audiência pública na Comissão de Infraestrutura do Senado, houve
registros de embates entre a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede-SP),
e parlamentares da região Norte, quando o assunto discutido estava centrado no
projeto de pavimentação da BR-319.
A BR-319, ou Rodovia Álvaro
Maia, é uma rodovia federal que liga Manaus, no Amazonas, a Porto Velho,
em Rondônia, com cerca de 885 km de extensão. É a única via terrestre que
interliga esses dois estados e é considerada crucial para o transporte de
pessoas, cargas, alimentos e medicamentos.
Atualmente, a BR-319 está em
estado de degradação e não é totalmente pavimentada, especialmente o trecho
central da rodovia. Interliga 22 municípios por entre a floresta
amazônica, na região entre os rios Madeira e Purus. A rodovia foi inaugurada em 1973, no contexto
de colonização da Amazônia e desativada por volta de 1988.
Em 2005, o governo federal anunciou a
recuperação da rodovia por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC),
mas alegações de inconsistências nos estudos e relatórios de impacto ambiental
acabaram por dificultar o processo de licenciamento ambiental.
A região de influência da BR-319
totaliza cerca de 553 mil km², com população estimada em um milhão e trezentos
mil habitantes, dos quais 70% vivem em áreas urbanas. Embora existam diversas
lacunas nas informações científicas, sabe-se que se trata de um território
altamente biodiverso, com altos índices de endemismo de espécies e marcante
presença de populações indígenas e ribeirinhas.
O que aconteceu na Comissão de
Infraestrutura do Senado lembra as lutas dos representantes do Estado do Amapá,
eleitos para o Senado e para a Câmara Federal, no que se refere à conclusão das
obras na BR-156, também uma rodovia federal brasileira e de integração
socioambiental.
A rodovia BR-156 atravessa o estado do
Amapá, ligando Macapá a Oiapoque e a Laranjal do Jari, com 823 km de extensão. Considerada
uma rodovia essencial para a integração e o desenvolvimento do Amapá, tem tido,
igualmente à BR-319, dificuldades para atender às exigências ambientais, mesmo
constando dos programas federais de indução ao desenvolvimento, como o PAC 1, o
PAC 2 e do Novo PAC.
Os parlamentares amapaenses estão,
nesse momento, em outro embate com as autoridades do Ministério do Meio
Ambiente e do Ibama, sob a orientação da ministra Marina Silva, com relação ao
fornecimento das licenças para que a estatal Petrobrás conclua os estudos que
visam a exploração de petróleo na costa do Amapá.
Marina Silva, atual ministra do Meio
Ambiente, atuou como professora na rede de
ensino secundário e engajou-se no movimento sindical. Foi companheira de luta
de Chico Mendes e com ele fundou a Central Única dos Trabalhadores do Acre (CUT-AC),
em 1985, da qual foi vice-coordenadora até 1986.
Marina Silva, ministra do Meio
Ambiente e Mudança do Clima do Governo Federal, a audiência na Comissão de
Infraestrutura do Senado, à qual ela havia sido chamada para falar da criação
de áreas de conservação na região Norte. O senador Plínio Valério (PSDB-AM), ao
cumprimentar Marina, afirmou que desejava "separar a mulher da
ministra", porque a mulher "merecia respeito" e a ministra, não.
A reação da ministra foi um imediato
pedido de desculpas por parte do senador amazonense, como não houve o pedido,
ela deixou a sessão, deixando também para depois, questões de interesse da
população e do desenvolvimento da região..
Dar as costas para os interesses das
pessoas e dos desenvolvimentos da região tem sido um comportamento repetido,
desta vez as alegações foram de ofensas e misoginia, questões pessoais e nada
de interesse social ou econômico.
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