DOMICÍLIO DE MENTIRA
Rodolfo Juarez
Os dirigentes dos partidos políticos e todos os demais
agentes políticos com domicílio estão em um intenso período de negociação e
conchavos, entre estes circulam alguns que buscam siglas para filiar-se com o
objetivo de disputar o pleito de 2014, alguns de fora do Estado que avaliam ser
mais fácil – ou barato -, buscar um mandato aqui no Amapá.
Repete-se, dessa forma, a imagem que algumas lideranças
locais e outros “estrangeiros políticos” têm dos eleitores amapaenses, que
estariam sempre dispostos a aceitar candidaturas alienígenas, sem discussão de
propósitos a não ser aqueles que atendam aos interesses imediatos e muitos
restritos.
Neste cenário cabem os chamados “partidos de aluguel” sempre
disponíveis para serem usados por pessoas endinheiradas e que estão sempre
dispostas a valer-se das benevolências das regras que permitem, por exemplo, a
definição de um domicílio eleitoral sem qualquer exigência a não ser um
endereço.
É claro que o eleitor é um importante agente do conjunto,
mas, nessa conjuntura acaba sendo visto com menor importância do que aquela que
realmente tem e para que isso aconteça são utilizados, principalmente pelos
candidatos alienígenas, artifícios diversos e não raro ilícitos.
Corrigir esse defeito, na esteira da atual legislação é
praticamente impossível, muito embora já se reconheça que são fortes as chances
de ser uma representação popular desperdiçada no caso de eleição de um
“estrangeiro”.
Até o dia 4 de outubro deste ano será assim. Os partidos
serão assediados, os “donos” deles chamados a conversar e o eleitor sondado a
participar de uma campanha que, de antemão se sabe ser turbinada por
demonstração de pouco ação democrática e muito desrespeito à legislação eleitoral.
Quanto mais tempo de televisão, maior a possibilidade de
ser assediado o dirigente partidário. E ele sabe disso. Até espera ser
procurado em um descaramento que não combina com os princípios fixados na
legislação eleitoral brasileira.
O eleitor, então, fica com a incumbência do filtro final.
Precisa saber o que está acontecendo e o que aconteceu há um ano, quando o
partido aceitou em suas fileiras filiações com objetivos individuais, definidos
pelas avaliações de grupos políticos - ou não -, que concluem como seria mais
fácil – ou barato -, alcançar uma vaga, nos parlamentos, representando o Amapá.
Essa falha no sistema eleitoral brasileiro, que o eleitor
quer mudar, foi um dos temas que ganhou relevância no final do semestre passado
quando os jovens foram às ruas de boa parte das cidades brasileiras e motivou a
proposta ao Congresso Nacional de voltar as suas atenções para a Reforma
Política.
O tema é atraente, mas contém detalhes que deixa com medo
os congressistas que acreditam que mexer na regra do jogo pode significar mexer
na possibilidade de renovar o mandato.
Enquanto isso os remendos são feitos na própria colcha de
retalhos que é multicolorida, mal costurada e curta para cobrir todos os pês e
as cabeças dos que têm a atribuição de modificar a regra atual.
A paciência dos eleitores está no limite e já não está
aceitando, sequer as justificativas que os parlamentares apresentam para não
votar e definir as novas regras para as eleições brasileiras, no conjunto de
normas que formam a Reforma Eleitoral.
Nenhum comentário:
Postar um comentário