Rodolfo Juarez
Às
vésperas de completar 28 anos do momento em que transferiu o seu domicílio
eleitoral do Maranhão para o Amapá, o senhor José Ribamar Ferreira de Araújo
Costa, que adotou o nome político de José Sarney, pede e obtém a transferência
do domicílio eleitoral e volta a ser eleitor do Estado do Maranhão.
Oportunismo,
interesse eleitoral ou simplesmente entrega dos pontos, depois de perceber que
o prestígio de quando aqui chegou foi diminuindo ao ponto de não lhe garantir
mais a escolha de um mandato e não ter mais a certeza de que não perderia a
eleição.
No período
em que manteve o seu domicílio eleitoral no Amapá foi, por três vezes
consecutivas, eleito senador pelo Estado do Amapá e, assim, durante 24 anos
José Sarney se tornou senador pelo Amapá e nessa condição foi, por três vezes,
presidente do Senado e do Congresso.
Quando
José Sarney chegou no Amapá, trazido pelo seu conterrâneo Jorge Nova da Costa,
que governou o Amapá por indicação de José Sarney e por ele nomeado, já vinha
com a certeza de que disputaria uma vaga para o Senado e que teria chances, considerando
os argumentos de Nova da Costa e a adesão de empresários influentes e políticos
nascentes.
Havia
três vagas para senador na eleição de 1990 e era a primeira vez que o eleitor
amapaense tinha a oportunidade de eleger senador, uma vez que, como Território
Federal, os eleitores daqui elegiam apenas deputados federais nas eleições
regionais.
Apesar
de ter sido o presidente da República que experimentara a maior inflação já
vista no Brasil, por aqui se apresentava e era apresentado como ex-presidente
da República e isso bastou para os aliados, os empresários e o eleitor que o
elegeu em primeiro lugar, dando-lhe o direito de começar com o mandato de oito
anos. Os outros dois eleitos foram senadores pro quatro anos.
Durante
24 anos consecutivos José Sarney se valeu de toda a sua habilidade política
para, manhosamente, comandar políticos influentes no Estado e manter, mesmo a
distância, domínio sobre as principais decisões de interesse do Amapá.
Fazia
questão de ter amigos só dele e, com uma variedade de ações os mantinha como
defensores, em troca transformava o mandato em pontes que nem sempre levavam os
seus usuários por planícies, alguns deles chegaram a cair em precipício e
outros ainda estão balançando.
José
Sarney é um dos remanescentes da política do coronelismo e também um dos
exemplos da política familiar, fazendo do serviço público trampolim para seus
voos nunca no escuro.
Apesar
dos 24 anos de mandato de senador que o eleitor amapaense lhe deu, volta para
onde de lá não saiu, deixando no Amapá muito pouco para a população, que não
vai sentir falta, não vai lamentar a sua ida e, muito menos, vai pedir para
voltar. Uma boa parte vai dizer que “já vai tarde” e a maioria dirá que “nem
deveria ter vindo”.
Não vai
ter despedida no aeroporto, a não ser daqueles que não compreenderam o outro
lado dessa aventura que durou quase 28 anos e que só trouxe resultados para o
próprio José Sarney e para alguns poucos que ele conseguiu convencer que estava
disposto a “ajudar”.
É
importante destacar que o mesmo eleitor que pedia autógrafo em 1990 durante a
primeira campanha, foi o mesmo que o quis vê-lo pelas costas desde 2014 quando
lhe aplicou derrota exemplar.
O que
vai fazer no Maranhão? Certamente continuar o seu projeto familiar, pretendendo
eleger sua filha governador, seu filho senador e seu neto deputado estadual.
Ainda
lembram do repulsa que causou quando José Sarney insinuou que o seu filho seria
candidato a senador pelo Amapá?
Mesmo
assim quase “cola”.
Assim,
o eleitor amapaense já vê fora da cena um “cacique”, mas ainda faltam alguns
“viúvos” e algumas “viúvas”.
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