Rodolfo Juarez
Depois
da empolgação trazida pelos carnavais da segunda metade da década de 1990 e de
grande parte da década de 2000, a década de 2010 está conseguindo consumir
todas as conquistas acumuladas desde os primórdios dos desfiles das escolas de
samba na Praça Barão, depois na Avenida FAB e no Sambódromo.
No
carnaval dos três últimos anos não só o Sambódromo ficou em silencio e sem o
desfile das escolas de samba.
Também
as comissões de frente, mestres-salas e porta-bandeiras deixaram de evoluir, os
carros alegóricos não saíram dos barracões, a rainha de bateria não se
apresentou e as próprias baterias calaram e não permitiram que os enredos
fossem desenvolvidos e os interpretes pudessem cantar a todo fôlego.
Os
brincantes não desfilaram e os torcedores não torceram. As equipes de apoio não
apoiaram e os ambulantes não venderam. A imprensa não registrou, os
espectadores ficaram em casa, mas todos se perguntando: para onde vai o
carnaval amapaense?
O
carnaval do Amapá que chegou a ser classificado como o mais importante da
Amazônia, e um dos mais qualificados do Brasil encolheu, murchou e só não
desapareceu completamente porque o calendário não permite e por ter, os
foliões, ido atrás de alternativas e inventado o carnaval de Santana e mantido
o carnaval de blocos, embora sem maiores pretensões a não ser brincar o
carnaval.
Não faz
tempo que a pista da Avenida Ivaldo Veras era disputada por muitos e, pelo
menos 40 mil pessoas participavam, diretamente, do carnaval amapaense e
movimentavam valores que eram significantes para os grandes, médios e pequenos
empresários e para aqueles que exerciam a atividade comercial apenas no período
do carnaval – os ambulantes. Além desses as costureiras e costureiros, os
interpretes, os coreógrafos e tantos outros profissionais participavam do
projeto carnaval, impulsionando a economia, a cultura e dando oportunidade para
os lazeres particulares.
Nos
últimos três anos a criatividade dos carnavalescos do Estado do Amapá foi
congelada por um grupo que está tendo dificuldades para justificar a
interrupção, a falta de compreensão da realidade e, principalmente, deixando de
reconhecer a capacidade criativa daqueles que poderiam estar comandando o
carnaval no Amapá e se deixaram dominar por aqueles que nunca vão interpretar o
carnaval como uma festa do povo e sim como uma janela para mostrar seu egoísmo
e seus sonhos.
Mas a
situação tem muito a ver com a interpretação da realidade de parte daqueles que
assumiram a responsabilidade pela gestão dos interesses da população. Não é
possível que não haja a percepção da importância do evento que no resto do
Brasil só cresce e o setor público não tenha interesse em colocar-se parte do
ambiente favorável para proporcionar oportunidade de festa para um povo que
está desaprendendo a comemorar suas próprias conquistas.
Colocar
a desculpa na crise é desconhecer a capacidade de superação de uma população
que precisa apenas de oportunidades. Não dá para aceitar a punição da população
só porque ela reclama dos serviços de saúde pública, de educação pública e da
segurança pública.
Confundir
essas coisas é encomendar a tristeza para os mais carentes, aqueles que não têm
voz, mas que tem a maior dependência das decisões dos governantes.
O carnaval
amapaense pode ficar reduzido à Banda, aos poucos blocos e às muitas
reclamações daqueles que querem apenas um motivo para ver que podem ser iguais
aos outros e que crises se vence com alegria, competência e compromisso, não
com abandono, descaso ou desculpa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário