quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Menino novo

Rodolfo Juarez
A incerteza que está juntada ao currículo de muitos deputados estaduais com mandato para exercer na Assembleia Legislativa do Estado do Amapá contrasta, com o que representa e o que teria que representar, cada membro daquele Poder, na estrutura gerencial dos interesses da população amapaense.
O episódio que culminou com a denúncia de um dos membros daquela Casa de Lei, pelos seus próprios pares, à Comissão de Ética da Assembleia Legislativa do Amapá, seria normal se não fosse consequência de arroubos defensivos de outros deputados, inclusive daqueles que têm a responsabilidade adicional por estar na Mesa Diretora da instituição.
O deputado chamado por um dos seus pares de “Menino Novo” foi surpreendido pela forma como reagiram os seus pares quando questionou a reforma do prédio que atinge montantes financeiros que dariam para construir um prédio novo. Segundo o deputado, queria apenas saber detalhes para, inclusive, poder se posicionar sobre a questão que deveria interessar a todos.
A reação, cheia de desconfiança, além de rebatizar o parlamentar estadual de “menino novo” ainda mostrou a truculência como são tratados aqueles que se dispõe a questionar decisões que não estão claras para ninguém, nem mesmo para os novos que chegam com poder de perguntar e a vontade de querer saber.
Afinal de contas, o que não pode ser explicado?
Por que a resposta veio impregnada de autoritarismo, de ameaças e de decisões que colocam o colega em xeque, encurralado, nas cordas deste ringue cheio de segredos e de palavras sem sentido que não podem ser explicadas para quem pergunta.
Os deputados perderam a capacidade de respeitar o povo que os escolheram para fazer o papel que o povo mandasse fazer. Mas que nada. Depois de eleito e tomar posse, entendem que o povo não existe, nem mesmo para cobrar comportamento ou mesmo para perguntar sobre a reforma do prédio da Assembleia.
Pode ser apenas uma questão de curiosidade.
Afinal, para que serve a placa colocada na frente do prédio?
Claro que é para informar. Então, o cidadão, contribuinte, que precisar de uma informação deve ter respeitado essa necessidade, ainda mais quando esse cidadão também é deputado estadual.
O “menino novo” pode sentir-se insatisfeito com a resposta, pode se sentir constrangido ou agredido com essa mesma resposta, e não pode ser intimidado por quem quer que seja, precisa ser respeitado se não como deputado, mas como cidadão que está interessado em saber o que estão fazendo com o seu dinheiro.
Aliás, essa questão de gastos pelos deputados estaduais tem sido, repetidas vezes, motivo para denúncias ao Judiciário pelo Ministério Público e, em vários casos a denúncia foi recebida, o regular processo desenvolvido e o deputado sentenciado.
O entrevero, que deve ter consequências, serviu para mostrar que o zelo pelo duodécimo financeiro repassado para a Assembleia Legislativa do Estado, não é prioridade da gestão, mesmo sabendo dos problemas que já causou a muitos deputados estaduais e a funcionários do Poder.
Se a decisão dos atuais deputados for manter a situação como está, ninguém sabe como o eleitor vai reagir no dia 7 de outubro, na hora de votar.
É bom se espertar agora, antes da eleição, senão vai ficar difícil de renovar o mandato dos atuais deputados estaduais.

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