Rodolfo Juarez
Desde 5
de outubro de 1988, quando foi promulgada a atual Constituição Federal, e desde
1.º de janeiro de1991 quando tomou posse o primeiro governador eleito nas
primeiras eleições diretas regionais havidas no Amapá, elegendo o primeiro
governador do Estado e seu vice, três senadores, oito deputados federais e 24
deputados estaduais, que o povo amapaense tem tentado escolher o que lhe parece
melhor para gerir o Governo e para representá-lo no Senado, na Câmara e na
Assembleia Legislativa.
O
retrospecto não é favorável.
Os
governadores mandados pelo presidente da República para cá nem sempre
correspondiam às expectativas da população que sempre procurava a melhor forma
de se adaptar ao modo de administrar trazido pelo governador escolhido pelo
presidente, sem indicar os pontos que a sociedade local gostaria que servisse
de referência.
Em
vários períodos fomos envolvido pela “ordem do governador” o que criou um modo
de vida, principalmente para aqueles que mais se aproximaram dos
administradores e daquelas administrações faziam parte, e delas recebiam as
benesses e as mordomias, além, logicamente, dos melhores salários.
Quando
da primeira eleição, que foi definida a elite de então, a partir do resultado
da eleição, mesmo sem direito à reeleição, o então governador apressou-se em
otimizar o seu tempo.
Percebeu
que 4 anos era muito pouco e, então o plano deixou de ser um plano de governo
para ser um plano de poder, isto é, terminado o mandato era importante que a
influência continuasse.
A
possibilidade encontrada foi em eleger pessoas de confiança para que o plano
fosse implantado. O resultado foram os primeiros filhos e pessoas de confiança
eleitas para fazer valer o plano de poder.
Logo em
seguida, durante o mandato do segundo governador eleito pela população começou
a luta pela reeleição, com o mandatário podendo concorrer sem deixar o cargo,
em clara afronta ao equilíbrio dos concorrentes. Mas foi assim... O interesse
passou a ser da maioria e a legislação adaptada para que todos os contratempos
fossem tirados do caminho.
Mas
oito anos foi pouco. O governador “não podia ficar sem mandato” e, então, se
tornou quase que uma obrigação concorrer ao outro cargo, preferencialmente de
senador da república, sem perder o foco do plano de poder, deixando em seu
lugar um parente, preferencialmente.
Só os
políticos não estavam dando conta de construir esse executar o plano de poder.
Era preciso contar com empresários pelo meio. Houve, a partir daí, os primeiros
conluios e vieram os primeiros resultados com empresários assumindo mandatos
eletivos e “estruturando” o tal plano de poder.
No
momento em que dividiu com terceiros a estrutura política apoiada nos partidos
políticos, as presidências dos partidos, principalmente os maiores, passaram a
ser uma necessidade para os políticos rejeitados pelo eleitor. Apareceram
nessas novas cenas os “donos” de partidos, às vezes não só de um, mas também
outro, e outro e outro.
Campanhas
cada vez mais caras! E alguns dos participantes do poder, principalmente
empresários, começaram a buscar, pela corrupção, ganhos, políticos e
financeiros, tendo por base o dinheiro do contribuinte.
As
obras foram as primeiras a serem visadas.
O
resultado é o que se vê nos atrasos ou na demora em ser concluída.
Com a
operação Lava-Jato outros mecanismos foram descobertos e os órgãos de controle
começaram a se estruturar para “dar o bote” acabar com a bandalheira. Estão
conseguindo, com dificuldade, mas estão conseguindo.
Mas têm
que ser desativados todos os planos de poder, para que os partidos voltem a ser
importantes ao debate, a política volte a ter a sua nobreza, e o povo nela
voltar a confiar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário