segunda-feira, 4 de junho de 2018

Plano de Poder: o modelo que não deu certo no Amapá


Rodolfo Juarez
Desde 5 de outubro de 1988, quando foi promulgada a atual Constituição Federal, e desde 1.º de janeiro de1991 quando tomou posse o primeiro governador eleito nas primeiras eleições diretas regionais havidas no Amapá, elegendo o primeiro governador do Estado e seu vice, três senadores, oito deputados federais e 24 deputados estaduais, que o povo amapaense tem tentado escolher o que lhe parece melhor para gerir o Governo e para representá-lo no Senado, na Câmara e na Assembleia Legislativa.
O retrospecto não é favorável.
Os governadores mandados pelo presidente da República para cá nem sempre correspondiam às expectativas da população que sempre procurava a melhor forma de se adaptar ao modo de administrar trazido pelo governador escolhido pelo presidente, sem indicar os pontos que a sociedade local gostaria que servisse de referência.
Em vários períodos fomos envolvido pela “ordem do governador” o que criou um modo de vida, principalmente para aqueles que mais se aproximaram dos administradores e daquelas administrações faziam parte, e delas recebiam as benesses e as mordomias, além, logicamente, dos melhores salários.
Quando da primeira eleição, que foi definida a elite de então, a partir do resultado da eleição, mesmo sem direito à reeleição, o então governador apressou-se em otimizar o seu tempo.
Percebeu que 4 anos era muito pouco e, então o plano deixou de ser um plano de governo para ser um plano de poder, isto é, terminado o mandato era importante que a influência continuasse.
A possibilidade encontrada foi em eleger pessoas de confiança para que o plano fosse implantado. O resultado foram os primeiros filhos e pessoas de confiança eleitas para fazer valer o plano de poder.
Logo em seguida, durante o mandato do segundo governador eleito pela população começou a luta pela reeleição, com o mandatário podendo concorrer sem deixar o cargo, em clara afronta ao equilíbrio dos concorrentes. Mas foi assim... O interesse passou a ser da maioria e a legislação adaptada para que todos os contratempos fossem tirados do caminho.
Mas oito anos foi pouco. O governador “não podia ficar sem mandato” e, então, se tornou quase que uma obrigação concorrer ao outro cargo, preferencialmente de senador da república, sem perder o foco do plano de poder, deixando em seu lugar um parente, preferencialmente.
Só os políticos não estavam dando conta de construir esse executar o plano de poder. Era preciso contar com empresários pelo meio. Houve, a partir daí, os primeiros conluios e vieram os primeiros resultados com empresários assumindo mandatos eletivos e “estruturando” o tal plano de poder.
No momento em que dividiu com terceiros a estrutura política apoiada nos partidos políticos, as presidências dos partidos, principalmente os maiores, passaram a ser uma necessidade para os políticos rejeitados pelo eleitor. Apareceram nessas novas cenas os “donos” de partidos, às vezes não só de um, mas também outro, e outro e outro.
Campanhas cada vez mais caras! E alguns dos participantes do poder, principalmente empresários, começaram a buscar, pela corrupção, ganhos, políticos e financeiros, tendo por base o dinheiro do contribuinte.
As obras foram as primeiras a serem visadas.
O resultado é o que se vê nos atrasos ou na demora em ser concluída.
Com a operação Lava-Jato outros mecanismos foram descobertos e os órgãos de controle começaram a se estruturar para “dar o bote” acabar com a bandalheira. Estão conseguindo, com dificuldade, mas estão conseguindo.
Mas têm que ser desativados todos os planos de poder, para que os partidos voltem a ser importantes ao debate, a política volte a ter a sua nobreza, e o povo nela voltar a confiar.

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