Rodolfo Juarez
Mais
uma vez a escolha de um vice, em chapa majoritária, causa problemas. E desta
vez os problemas começaram antes da convenção do partido, que definiria os seus
coligados, aumentou no dia da confirmação da escolha e o caldo entornou, de
vez, logo depois do pedido de registro da ata da convenção no Tribunal Regional
Eleitoral.
Até o
dia da convenção, apesar da profunda e justificada desconfiança do então
vice-governador do Estado, Papaleo Paes, ainda havia um frágil fio de esperança
habitando a mente do vice-governador, que não compreendia as voluntárias e
inesperadas demonstrações de parceria e sinceridade que o governador do Estado
fazia questão de reafirmar àquele que foi companheiro de chapa quando de um dos
momentos mais difíceis da carreira política de Waldez Góes.
Pude
ver de perto a maneira sofrida como foi desenvolvida a campanha, se
apresentando como vítima de uma injustiça, que assim classificava e parecia vir
do fundo do coração.
Papaleo
diz que acreditou nas propostas e nas promessas. A proposta de Waldez era fazer
um governo como o Amapá nunca tinha experimentado, nem mesmo durante os sete
anos e três meses que tinha governado o Estado. Dizia que vinha com gana, com
vontade de, nos quatro anos, provar que o que passou naqueles quase 20 dias de
setembro em 2010, fora resultado de um tremendo erro de interpretação das
circunstâncias.
Papaleo
garante que durante os dois primeiros anos, ou melhor, durante o primeiro ano
viveu a expectativa das medidas conversadas e que só não foram anunciadas
publicamente pela complexidade de suas execuções. Já nas eleições municipais
começaram os desacertos e a derrota do Governo nas urnas foi o começo de uma
realidade que não imaginava.
A
partir daí a principal palavra que ouvia do governador e de seus principais
auxiliares era “crise”. A palavra “esperança” deixou de habitar o ambiente
administrativo, muito embora tenha presenciado propostas mirabolantes, como o
aumento, a despeito da crise alegada, do salário daqueles que fazem a cúpula do
Governo do Estado.
Depois
veio a decisão de fazer o pagamento dos funcionários de forma parcelada, mesmo
sem ter havido queda nas transferências constitucionais ou mesmo na previsão
anual de receita.
As
dotações do orçamento estadual para o Poder Legislativo aumentavam a cada ano,
desafiando a inteligência da população e, principalmente daqueles que procuravam
os serviços públicos, fossem nos hospitais e no pronto socorro, fosse para o
atendimento de doenças com alta complexidade. Aliás, esse item foi, aos poucos,
perdendo a atenção do Palácio, como uma forma de desafio à profissão do
vice-governador: médio cardiologista.
Os
índices de rejeição do Governo aumentavam e sempre foram justificados por secretários,
que o próprio vice-governador classificou como “menudos” devido serem novatos
na gestão e a inexperiência que traziam quando assumia os cargos.
Agora,
durante o processo de escolha do candidato a vice-governador na chapa que
confirmou Waldez Góes como candidato à reeleição, a hostilidade foi grande, a
falta de consideração foi maior, chegando ao ponto de ser informado, quando
despachava como o titular, de que o candidato a vice seria de outro partido,
mesmo sabendo que já tinha assumido a titularidade do Governo do Amapá e, com
isso, tornando-se inelegível para qualquer outro cargo que não fosse o de
vice-governador.
Papaleo
Paes, durante a entrevista coletiva, dada ao lado da sala de despacho do
governador, no Setentrião, não via outro caminho, não fosse a renuncia. E a
fez!
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