quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Só restou a renúncia para o vice-governador


Rodolfo Juarez
Mais uma vez a escolha de um vice, em chapa majoritária, causa problemas. E desta vez os problemas começaram antes da convenção do partido, que definiria os seus coligados, aumentou no dia da confirmação da escolha e o caldo entornou, de vez, logo depois do pedido de registro da ata da convenção no Tribunal Regional Eleitoral.
Até o dia da convenção, apesar da profunda e justificada desconfiança do então vice-governador do Estado, Papaleo Paes, ainda havia um frágil fio de esperança habitando a mente do vice-governador, que não compreendia as voluntárias e inesperadas demonstrações de parceria e sinceridade que o governador do Estado fazia questão de reafirmar àquele que foi companheiro de chapa quando de um dos momentos mais difíceis da carreira política de Waldez Góes.
Pude ver de perto a maneira sofrida como foi desenvolvida a campanha, se apresentando como vítima de uma injustiça, que assim classificava e parecia vir do fundo do coração.
Papaleo diz que acreditou nas propostas e nas promessas. A proposta de Waldez era fazer um governo como o Amapá nunca tinha experimentado, nem mesmo durante os sete anos e três meses que tinha governado o Estado. Dizia que vinha com gana, com vontade de, nos quatro anos, provar que o que passou naqueles quase 20 dias de setembro em 2010, fora resultado de um tremendo erro de interpretação das circunstâncias.
Papaleo garante que durante os dois primeiros anos, ou melhor, durante o primeiro ano viveu a expectativa das medidas conversadas e que só não foram anunciadas publicamente pela complexidade de suas execuções. Já nas eleições municipais começaram os desacertos e a derrota do Governo nas urnas foi o começo de uma realidade que não imaginava.
A partir daí a principal palavra que ouvia do governador e de seus principais auxiliares era “crise”. A palavra “esperança” deixou de habitar o ambiente administrativo, muito embora tenha presenciado propostas mirabolantes, como o aumento, a despeito da crise alegada, do salário daqueles que fazem a cúpula do Governo do Estado.
Depois veio a decisão de fazer o pagamento dos funcionários de forma parcelada, mesmo sem ter havido queda nas transferências constitucionais ou mesmo na previsão anual de receita.
As dotações do orçamento estadual para o Poder Legislativo aumentavam a cada ano, desafiando a inteligência da população e, principalmente daqueles que procuravam os serviços públicos, fossem nos hospitais e no pronto socorro, fosse para o atendimento de doenças com alta complexidade. Aliás, esse item foi, aos poucos, perdendo a atenção do Palácio, como uma forma de desafio à profissão do vice-governador: médio cardiologista.
Os índices de rejeição do Governo aumentavam e sempre foram justificados por secretários, que o próprio vice-governador classificou como “menudos” devido serem novatos na gestão e a inexperiência que traziam quando assumia os cargos.
Agora, durante o processo de escolha do candidato a vice-governador na chapa que confirmou Waldez Góes como candidato à reeleição, a hostilidade foi grande, a falta de consideração foi maior, chegando ao ponto de ser informado, quando despachava como o titular, de que o candidato a vice seria de outro partido, mesmo sabendo que já tinha assumido a titularidade do Governo do Amapá e, com isso, tornando-se inelegível para qualquer outro cargo que não fosse o de vice-governador.
Papaleo Paes, durante a entrevista coletiva, dada ao lado da sala de despacho do governador, no Setentrião, não via outro caminho, não fosse a renuncia. E a fez!

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