Rodolfo Juarez
Na
semana passada comentamos aqui que a engenharia brasileira havia virado suco e
que a importância dessa ciência havia sido desprezada ou desconsiderada pelas
autoridades encarregadas de cuidar das ciências no Brasil.
Aliás,
se pode dizer que cuidar da ciência ou dos aspectos científicos de qualquer uma
das especialidades se tornou o objeto principal da ignorância daqueles a quem a
sociedade atribuiu a responsabilidade para distribuir a receita que resulta do
esforço da população através do pagamento de tributos.
Os
últimos fatos que comoveram a nação brasileira, todos eles, estão relacionados
diretamente com a engenharia: rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho,
as mortes por deslizamento nas áreas urbanas, especialmente no Rio de Janeiro,
e a morte dos 10 jovens, aspirantes a atleta, também no Rio de Janeiro. Esses
de comoção nacional.
Mas
pelo Brasil se estende uma imensa rede de “desastres” que poderiam ser evitados
se houvesse aplicação da técnica de engenharia na solução dos problemas. O
próprio Estado do Amapá foi e está sendo palco de prejuízos sociais e
econômicos devido à falta de zelo ou ao desprepara das autoridades, cite-se,
como exemplo, a queda do porto da Icomi, em Santana, a queda da viga da ponte,
no Rio Vila Nova, mas também as mortes (e não são poucas) decorrentes da falta
de técnica ou acompanhamento para lidar com rede energizada de energia. Quantos
sucumbiram em decorrência desses fatos?
As pessoas
estão procurando explicações para cada um desses acontecimentos e estão
chegando à conclusão que, em regra, em todos eles está faltando a utilização de
técnica adequada e que existe no Brasil e que poderia ser aplicada, mas não é.
Simplesmente desconsiderada pela falta de costume ou exigência.
Tem-se
a impressão que o descuido abriu um imenso espaço entre os profissionais
formados antes de 1980, esta considerada a década perdida para a técnica
brasileira e que deixou como herança o desinteresse pela ciência e o pouco caso
pelos resultados, com os profissionais de antes não tendo para quem transmitir
o conhecimento.
Os
resultados, principalmente aqueles que precisariam de explicações técnicas,
passaram a ser tratados como obra do acaso, com a forte introdução de dois
títulos: “força maior” e/ou “caso fortuito”.
O
império do “caso fortuito” e da “força maior” se estabilizou e passou a ser
justificativa para o pouco caso e o desconhecimento técnico.
As
providências tomadas foram para facilitar a titulação de novos engenheiros, bem
como na facilitação da formação técnico/tecnológica ou na adaptação de outros
profissionais para receber o título de engenheiro, como é o caso atual do
engenheiro de segurança, que mesmo sem ser engenheiro, pode receber o título.
Foi
assim que a engenharia virou suco, sem possibilidade de ser decomposto e os
resultados estão por ai, através dos acontecimentos, como os de Mariana,
Brumadinho, Rio de Janeiro, Macapá, Mazagão e tantos outros locais.
A
banalização da engenharia desmoralizou os engenheiros, arriou os salários dos
profissionais e levou ao desinteresses profissional, que ainda se sustenta na
história e até mesmo os agentes dos Conselhos Regionais ou Nacional não se
percebem disso e não sabem mais o que fazer.
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