Rodolfo Juarez
No
começo deste mês de fevereiro o engenheiro civil, presidente do Conselho
Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) e professor universitário, Joel
Kruger, afirmou que “a engenharia brasileira, reconhecida mundialmente pela sua
qualidade eficiência, vem sendo atingida por episódios que mostram que é
necessário repensar urgentemente o modelo vigente”.
Essa
afirmação foi feita em comentário ao rompimento da barragem da mineradora Vale,
em Brumadinho (MG) que, a cada instante causa comoção e milhares de famílias
ligadas direta ou indiretamente ao trágico acontecimento, com centenas de
mortes e a certeza de mais um desastre ambiental de grandes proporções.
Antes,
o rompimento de outra barragem, também em Minas Gerais, já havia deixado
famílias de luto com 19 mortos e uma destruição ambiental que avançou para
outros estados e modificou completamente a vida de milhares de pessoas, a
grande maioria prejudicada pelo ambiente que restou.
No
Amapá houve queda de vigas de ponte matando trabalhadores e mutilando pessoas,
além da queda do Porto da Icomi onde seis trabalhadores perderam a vida e, até
agora, quatro anos depois, nenhuma conclusão se chegou sobre o acontecimento.
Além disso, o setor público vem esquecendo de se ocupar da manutenção das obras
realizadas há mais de 30 anos, sem fazer as inspeções tecnicamente necessárias
e que desafiam, todos os dias, os usuários contribuintes que não fazem ideia do
risco a que estão submetidos.
Essas
situações retratam o momento de desmanche que atravessa a engenharia
brasileira, fruto do descaso de sucessivos governos que insiste em trata-la
como serviço comum, como se fosse possível realizar obras dessa natureza
observando apenas o menor preço.
Ao
contrário do comum os serviços de engenharia exigem conhecimento especializado,
justamente “por serem caracterizados pelas realizações de interesse social e
humano” conforme expresso na Lei 5.194/66.
Desde
os anos de 1980 que a engenharia brasileira vem se transformando em suco.
Maltratada, desvalorizada e abandonada. Formados em excelentes escolas muitos
profissionais migram para outros mercados, como o financeiro, onde os ganhos
pecuniários são muito maiores aos pagos nas carreiras de engenharia, seja na
iniciativa privada ou no serviço público.
O
desmantelamento dos quadros de engenharia de serviços público é outra
preocupação, pois, instituições de muita importância para a sociedade como
Embrapa, Dent, Ibama, Seinf, Setrap, entre tantas, sofrem com a falta de quadro
técnico. Funcionários se aposentam e não são repostos. O resultado é a
dificuldade de fiscalizar com eficiência e rapidez.
Para
reverter esse quadro é preciso que a engenharia volte a ser pensada sobre os
quatro pilares fundamentais: planejamento, projeto, execução e manutenção. Não
existe engenharia sem essas fases, que são diretamente interligadas.
Não se
faz engenharia sem planejamento prévio, sem os diversos projetos - do básico ao
executivo -, sem uma execução minuciosa e, certamente, sem a devida manutenção
preventiva.
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