segunda-feira, 14 de outubro de 2019

O professor e o dia a dia na sala de aula


Rodolfo Juarez
Assumi as primeiras salas de aula, como professor, em 1966 com 20 anos de idade, depois de ser habilitado em exame de suficiência para magistério do ensino médio, em Matemática, no 1.º ciclo, habilitado pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade Federal do Pará.
Ser professor, naquela época, na Escola Santa Bartolomea Capitânio, com as atividades de todo o corpo diretivo exercido por freiras, exigia muitos predicados que, aparentemente eu não os acumulava para apresentar. Então me vali das recomendações daqueles professores que tinham me habilitado e das promessa que pude fazer.
Ser professor naquela época exigia predicados que decidiam os rumos do profissional conforme a sua avaliação no desenvolvimento do seu trabalho. Sabendo disso me valendo dos conhecimentos que tinha e do treinamento dado pela equipe da UFPA, me esforcei para fazer o melhor. Precisa ter o apoio da direção da Escola, dos pais das alunas (a turma só de meninas) das próprias alunas.
Depois de um mês de trabalho e das primeiras reuniões na escola, vi que tinha acertado na decisão e que estava muito satisfeito com o resultado até aquele momento e com perspectiva de melhoria. Tinha autonomia para buscar o melhor resultado da aprendizagem das alunas, esse um dos principais indicadores da avaliação.
Passados 53 anos muita coisa mudou na relação entre professores, alunos, família e empregador. Infelizmente não melhorou e os resultados não aparecem e, quase na totalidade dos casos a cobrança é feita sobre a atuação do professor no contexto. As famílias chegam a imaginar que a educação dos próprios filhos-alunos é da escola ou, em última análise do professor.
Ser professor nos dias atuais virou uma profissão de amor e coragem, isso devido às inúmeras dificuldades que um docente passa ao longo de sua carreira profissional. Dentre as reclamações estão à superlotação nas salas, ausência dos pais nas escolas, falta de autonomia, violência, baixo salário entre outros.
A profissão de professor está com dificuldade para ser reconhecida não apenas por  não ter um salário digno, mas com ações que beneficiasse professor, aluno e a relação com as famílias e os contratantes.
A violência tem sido um dos principais motivos desistência da profissão. Já são inúmeros os casos de abdicação por medo, com agressões vindas dos alunos, tanto verbais como físicas, além das agressões consumadas pelas redes sociais que maltratam e entristecem os professores vocacionados.
O professor de hoje precisa ter em seu acervo de conhecimento uma quantidade enorme de informação, e ainda procurar transformar tudo isso em práticas diárias. Seu tempo é curto: ele precisa preparar aulas, provas, corrigir testes e exercícios, participar de reuniões, atender a pais e alunos, manter-se informado, fazer cursos de atualização. Isso tudo sem contar o tempo que passa dentro da sala de aula.
Quando trazemos as questões para o Estado do Amapá o cenário não muda, as dificuldades aumentam, os problemas se agigantam e as soluções ficam cada vez mais difíceis. O dia a dia da sala de aula está imprevisível e, de certa forma, perigoso.
Tempo ruim para comemorar o Dia do Professor.

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