Rodolfo Juarez
Assumi
as primeiras salas de aula, como professor, em 1966 com 20 anos de idade,
depois de ser habilitado em exame de suficiência para magistério do ensino
médio, em Matemática, no 1.º ciclo, habilitado pela Faculdade de Filosofia
Ciências e Letras da Universidade Federal do Pará.
Ser
professor, naquela época, na Escola Santa Bartolomea Capitânio, com as
atividades de todo o corpo diretivo exercido por freiras, exigia muitos predicados
que, aparentemente eu não os acumulava para apresentar. Então me vali das
recomendações daqueles professores que tinham me habilitado e das promessa que
pude fazer.
Ser
professor naquela época exigia predicados que decidiam os rumos do profissional
conforme a sua avaliação no desenvolvimento do seu trabalho. Sabendo disso me
valendo dos conhecimentos que tinha e do treinamento dado pela equipe da UFPA,
me esforcei para fazer o melhor. Precisa ter o apoio da direção da Escola, dos
pais das alunas (a turma só de meninas) das próprias alunas.
Depois
de um mês de trabalho e das primeiras reuniões na escola, vi que tinha acertado
na decisão e que estava muito satisfeito com o resultado até aquele momento e
com perspectiva de melhoria. Tinha autonomia para buscar o melhor resultado da
aprendizagem das alunas, esse um dos principais indicadores da avaliação.
Passados
53 anos muita coisa mudou na relação entre professores, alunos, família e
empregador. Infelizmente não melhorou e os resultados não aparecem e, quase na
totalidade dos casos a cobrança é feita sobre a atuação do professor no
contexto. As famílias chegam a imaginar que a educação dos próprios
filhos-alunos é da escola ou, em última análise do professor.
Ser
professor nos dias atuais virou uma profissão de amor e coragem, isso devido às
inúmeras dificuldades que um docente passa ao longo de sua carreira
profissional. Dentre as reclamações estão à superlotação nas salas, ausência
dos pais nas escolas, falta de autonomia, violência, baixo salário entre outros.
A
profissão de professor está com dificuldade para ser reconhecida não apenas
por não ter um salário digno, mas com
ações que beneficiasse professor, aluno e a relação com as famílias e os
contratantes.
A
violência tem sido um dos principais motivos desistência da profissão. Já são
inúmeros os casos de abdicação por medo, com agressões vindas dos alunos, tanto
verbais como físicas, além das agressões consumadas pelas redes sociais que
maltratam e entristecem os professores vocacionados.
O professor de hoje precisa ter em seu acervo de
conhecimento uma quantidade enorme de informação, e ainda procurar transformar
tudo isso em práticas diárias. Seu tempo é curto: ele precisa preparar aulas,
provas, corrigir testes e exercícios, participar de reuniões, atender a pais e
alunos, manter-se informado, fazer cursos de atualização. Isso tudo sem contar
o tempo que passa dentro da sala de aula.
Quando trazemos as questões para o Estado do Amapá o
cenário não muda, as dificuldades aumentam, os problemas se agigantam e as
soluções ficam cada vez mais difíceis. O dia a dia da sala de aula está
imprevisível e, de certa forma, perigoso.
Tempo ruim para comemorar o Dia do Professor.
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